Quando alguém pensa em fazer um filme como “A Guerra do Amanhã”, provavelmente não se preocupa com um roteiro que faça algum sentido logicamente ou, no caso da ficção cientifica, cientificamente. Claro que não se espera algo pautado na ciência pura quando o texto é sobre uma invasão alienígena misturada com viagem no tempo, mas ela, que foi muito bem-feita em “No Limite do Amanhã”, deixa até o mais sério dos físicos empolgado, já que é muito divertida. Afinal, convenhamos que todos que entendem ou gostam do assunto, e que sabem que, no mundo real, a seta do tempo só aponta para a frente, gostam de sonhar com uma máquina avançada que desfaça os átomos dos corpos do presente e refaça-os no passado, ou que crie um buraco de minhoca no espaço-tempo.
Em “A Guerra do Amanhã” há essa utópica máquina, e é ela que proporciona a viagem de humanos do futuro para recrutar humanos do passado a fim de combater uma raça alienígena que está dizimando nossa espécie em 2049. Um desses recrutas é o cientista/veterano do Iraque Dan Forester (Chris Pratt), que deixa sua filha e esposa para ir à guerra contra um inimigo mortal e desconhecido. Ao chegar no campo de batalha, Forester começa a seguir as ordens da coronel Muri (Yvonne Strahovski), que também é cientista, e está desenvolvendo uma toxina para destruir os invasores. A dinâmica entre os dois personagens, apoiada principalmente na boa atuação de Strahovski, gera os melhores momentos do longa escrito por Zach Dean. O restante é apenas uma amalgama de “Alien” com o citado “No Limite do Amanhã” e outros filmes sobre invasões alienígenas.
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É inevitável usar referências quando se quer contar qualquer tipo de história, só que elas sozinhas não bastam para construir um grande filme. Pode-se dizer que o roteiro de Dean fica no meio termo, já que consegue proporcionar bons momentos em uma trama que mexe com o tempo – há até algumas surpresas que o espectador menos atento ou que não está habituado com o gênero pode ter. No entanto, a tentativa de desenvolver algo esperto e surpreendente não é bem-sucedida porque escorrega nos próprios elementos usados pelo roteiro, como, por exemplo, a inserção de alguns personagens “especialistas” em alguns assuntos que são apresentados no início do filme e que voltam lá no final para salvar o dia. De novo, para o espectador menos habituado, eles passam despercebidos, mas para o cinéfilo experiente, eles saltam aos olhos. Esse é um problema que desfaz o impacto de uma conclusão que poderia ser interessante. Ou seja, quando um desses “especialistas” aparece, logo se tem a certeza de que a sua especialidade será usada para derrotar os inimigos. Basta então pensar por alguns segundos para desvendar todo o desenrolar da trama logo no início dela. Frustrante!
Outra falha do texto é que ele não explica o motivo de usar a viagem no tempo para buscar recrutas para lutar no futuro ao invés de ir ao passado para tentar fazer com que a invasão nem chegue a acontecer. Afinal, por mais que se derrote os alienígenas no futuro, isso não impedirá que eles surjam. Durante o filme, alguns personagens dizem que a origem das criaturas é desconhecida, mas se eles possuem uma tecnologia de viagem no tempo, também poderiam ter uma de rastreamento das naves durante a invasão.
Todos esses pontos negativos tiram de “A Guerra do Amanhã” a possibilidade de se tornar uma franquia de sucesso, entretanto, ainda é possível se divertir com suas sequências de ação bem orquestradas e cheias de efeitos visuais de ponta, e até mesmo se emocionar com a parte mais humana da história. Aquela que fala da importância da família e do valor da vida. Sim, em meio às explosões, mortes e tiroteios, esses elementos estão presentes, e são eles que salvam o filme dirigido por Chris McKay do desastre completo.
Filme já disponível na Amazon Prime Video.
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