A Netflix costuma surpreender vez ou outra com produções que fogem a regra comum e trazem algo novo, “Special” é uma delas. A série de episódios curtos e de rápida absorção, centrada na vida de um homem, gay e portador de paralisia cerebral, discute de forma leve e pontual os temas abordados.
“Special” segue a vida de Ryan (Ryan O’Connell) e sua busca pela independência e alto conhecimento. Ryan é um jovem gay que sempre viveu sobre os cuidados da sua mãe super protetora, que abdicou de viver a própria vida para cuidar do filho. Após conseguir um emprego e ganhar a amizade de Kim (Punam Patel), Ryan, se vê decidido a sair do seu ninho e viver novas experiências, amorosas, sexuais e sobretudo individuais.
Apesar de pequenos, os episódios de “Special” conseguem desenvolver muito bem seus personagens e a história. Com protagonistas cativantes a série ganha forma através de diálogos descomplicados e diretos, e pode ser facilmente assistida por inteiro em um único dia.
Ryan O’Connell, que além de criador, também protagoniza a série, consegue dar vida a um protagonista sensível e cativante, que logo de cara conquista o expectador. O modo com que a ingenuidade e o crescimento do personagem é trabalhado, ajuda a quebrar os tabus de forma mais leve. Enquanto Kim, amiga de Ryan, surge ao mesmo tempo com seu lado cômico, também como um motivador para que o mesmo comece sua jornada rumo a independência real. Enquanto isso, Karen (Jessica Hecht), a mãe de Ryan, aparece com sua trama de ninho vazio e novas descobertas amorosas, para uma mulher que há muito tempo não se dedicava a outra vida além da do próprio filho, criando uma trama paralela mas que implica na principal.
A história ganha muito com a química entre os personagens, aspecto diretamente relacionado as interpretações que aqui soam extremamente naturais, garantindo uma identificação do expectador com os mesmos.
O tema gay é abordado com um olhar mais centrado no público que conhece o gênero, contudo pode ser acompanhado por qualquer público, mas talvez não gere a mesma identificação. Apesar de quebrar padrões em relação ao patrogonista, e até em determinado momento a série brincar em um dialogo com isso, quando Ryan é perguntado “de qual planeta gay ele é”. A série mantém um estética bem padrão e pouco desconstruída sobre os gays, o que poderia ser um pouco melhorado. Contudo, isso não desmerece a construção do protagonista nas suas descobertas sexuais.
Já a questão da paralisia cerebral, essa é vista sob o olhar de medo do próprio protagonista que espera ser melhor aceito pelo grupo se esconder essa condição. E a série aos poucos vai desconstruindo isso, ao mesmo tempo que trabalha e expõe algumas limitações.
A primeira temporada de “Special” não finaliza o arco criado, deixando para a próxima a continuação da história. A cena final é dura e foge do clima leve criado durante a série. No geral, a série cumpre seu papel de entreter, ao mesmo tempo que discute assuntos atuais.
Imagens e Vídeo: Divulgação/Netflix
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