“Vermelho Monet” Encanta com uma Fusão de Artes e emoções
As artes plásticas, bem como outras formas de arte, sempre serviram de inspiração para diferentes cineastas que buscam contar suas histórias de forma profunda e/ou mirabolantes a partir de referências famosas, e outras até mesmo desconhecidas. O mais recente caso dentro do cinema brasileiro é o filme “Vermelho Monet”, do diretor Halder Gomes, recentemente exibido na segunda edição do Festival de Cinema de Vassouras, onde saiu vencedor de quatro prêmios.
Em “Vermelho Monet” acompanhamos a história de Johannes, um excelente pintor que viu seu talento ser consumido ano a ano pelos interesses obscuros do mercado das artes. No intuito de se reinventar ele decide se mudar para Lisboa em busca de redescobrir sua verdadeira essência criativa e cuidar de sua esposa Adele, uma talentosa pintora que viu sua carreira ser interrompida pelos males causados pelo Alzheimer.
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Com diferentes aspectos que o assemelha a grandes produções, “Vermelho Monet” utiliza a Europa como cenário para sua “tela” na qual a pintura revela as belezas de Lisboa, Paris e Londres. A elegante produção, liderada por Patrícia Baía, Mayra Lucas, Paulo Serpa e outros nomes, é falada em Português do Brasil, Portugal e Angola e ainda arrisca com consciência algumas cenas em inglês, francês e até holandês.
O roteiro, escrito por Helder Gomes, é um dos pontos fortes de “Vermelho Monet”. Com uma narrativa envolvente e bem construída, o filme mergulha na vida do protagonista Johannes e seus demônios. Demônios esses que são representados por seus conflitos pessoais, a visão deteriorada e as dificuldades com a doença de sua esposa, pelos conflitos criativos e a eterna busca pela musa inspiradora, e muitas outras vezes pelo embate com sua marchand – uma figura que insiste mantê-lo em um caminho lúgubre e sufocante. A trama é repleta de camadas e profundidade emocional e se torna ainda mais interessante ao abordar de forma sutil o Alzheimer e o efeito que ele causa na vida das pessoas que estão ao redor. Através de diálogos inteligentes e boas reviravoltas, Gomes nos mantém intrigados e envolvidos durante todo o filme.
Helder Gomes também assina a direção e cria de forma inteligente uma conexão entre o cinema e as artes plásticas, duas de suas grandes paixões, levando-nos a vivenciar durante um pouco mais de duas horas uma intrigante pintura em movimento dentro de sua tela.
A fotografia de Carina Sanginitto é cuidadosamente enquadrada e iluminada e abusa de uma paleta de cores vibrantes para nos proporcionar uma composição visual impecável, principalmente nas cenas desenroladas dentro da casa de Johannes e Adele, em especial o significativo e impactante desfecho final.
Maria Fernanda Cândido e Chico Diaz entregam performances excepcionais e digna de prêmios, trazendo profundidade e autenticidade aos personagens e transmitindo de forma genuína cada uma emoções ali representadas. É indiscutível a troca e a química existente entre os dois, gerando a cada olhar, gesto ou palavra uma intensidade emocional única. Vale também mencionar o desempenho de Samantha Heck Müller em seu primeiro trabalho nas telonas. Mesmo em meio a duas grandes estrelas, e suas tocantes performances, ela dá o seu melhor em cenas tão intensas quanto sensíveis.
O ótimo trabalho de Design de Produção de Juliana Ribeiro e o figurino de Mia Lourenço merecem destaque. Cada cenário é meticulosamente construído, transportando o público para a atmosfera da história. Com ambientes cuidadosamente pensados, somos presenteados com um visual deslumbrante que ajuda a complementar a narrativa.
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A bem executada montagem de “Vermelho Monet” é fluida e atraente, e os cortes precisos criam um ritmo perfeito para o desenrolar da história. A trilha sonora é cativante e ajuda a elevar a experiência cinematográfica.
Assim como um pintor habilidoso utiliza pinceladas meticulosas para criar uma composição única, Helder Gomes tece uma trama cativante que envolve o público em um turbilhão de emoções. Da mesma forma que Monet explorava as cores e texturas em suas pinturas, o filme nos leva a uma jornada visualmente deslumbrante e sensorialmente rica.
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