Faz alguns anos que Cuba esta lançada a sua própria sorte. Resultado de uma revolução e um sistema econômico que não deram certo, as cidades cubanas, e até mesmo sua capital, estão presas em um ciclo perdido da história. Viva nos mostra, um pouco, do resultado de tudo isso.
Jesus é um jovem cubano que não tem ninguém por si. Está tão na miséria quanto qualquer outro vizinho, colega ou conhecido que passe por sua vida. É responsável por cuidar de perucas em um clube de drag queens e, por uma porta que se abre, acaba tendo seu espaço entre elas.
Em sua segunda apresentação o pai desaparecido de Jesus, Angel, está na plateia e termina por agredi-lo. É assim que começa, ou recomeça, o relacionamento que aos poucos ambos vão construindo.
A história é sobre pessoas que vivem a margem da sociedade. Em Cuba, pelo que se vê, muita gente vive assim. Os cidadãos de lá fazem o que podem, o que for preciso, e vivem com todas as consequências das escolhas que fizeram pelo país. É complicado você datar o filme porque Cuba ainda não passou pela renovação industrial que nós passamos, então lá tudo ainda é antigo.
O roteiro é dramático e triste. Jesus é um jovem sem grandes ambições, poucos sonhos, que vive em uma sociedade que não há chances para todos. Angel é um homem velho, com preconceitos, um passado um pouco sombrio, duro, mas com seus próprios sofrimentos. Ambos tem uma questão com o tempo, ou a falta dele.
Héctor Medina está perfeito no papel de Jesus. Sensível, crível, forte, iluminado. O personagem traz diversas nuances e, ainda assim, não se perde. Jorge Perugorría também faz um trabalho excelente. Seu personagem é um tipo machão, durão, que nunca gostou de depender de ninguém, mas agora precisa do filho, e Jorge trabalha exatamente todas as particularidades que o personagem exige. Juntos eles fazem uma dobradinha plausível e perfeita em cena.
A fotografia tem um filtro mais escuro, com imagens abertas, que mostra Havana como ela é. Não há momentos sensacionalistas ou melancólicos, não é para sentirmos pena do país através do filme. As imagens ainda mostram que, apesar de tudo, Cuba continua um país muito bonito. As músicas, que recheiam vários momentos do filme, são impressionantes e acrescentam a cada cena, fazendo uma bela composição.
A direção de Paddy Breathnach é delicada e um pouco previsível. Seus personagens passam por mudanças um pouco bruscas, mas seus dramas os tornam explicáveis. Apesar do efeito meio clichê, o filme pode realmente funcionar de um modo geral.
Viva estreia dia 01 de dezembro.
https://www.youtube.com/watch?v=eeEv6mCzbdI
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