Netflix segue aumentando sua gama de produções originais. Muito mais que isso, é conhecida pela sua excelente qualidade, com excessão, claro, dos filmes Sandlerianos. Tallulah recentemente manteve esse bom nível. Porém, Xoxo está mais para as bobeiras do Sandler que para a excelência de outras produções.
Xoxo segue a história de seis pessoas que tem como objetivo chegar ao grande festival de música. Quando essas histórias colidem em uma grande rave frenética e alucinante, a vida de cada um nunca mais será a mesma. Várias histórias contadas de diferentes pontos colidindo num clímax não é novidade no cinema, mas quando bem executada pode gerar boas obras, como Babel de Iñárritu. Infelizmente o que acontece aqui é um apanhado de acontecimentos clichês que se juntam em um grande clímax bobo e sem graça.
Temos a história de Ethan, um jovem rapaz que quer se tornar DJ profissional. Tariq é o empresário de Ethan e sonha em colocá-lo no topo, porém, seu pai não gosta nada da ideia e quer que ele siga como gerente do restaurante da família. Krystal está indo ao encontro de Jordan, seu grande amor virtual, achando ser sua alga gêmea. Neil era um entusiasta de música eletrônica, mas não gosta dessa nova geração. O casal Shannie e Ray estão passando por uma crise, pois ela está se mudando para NY.
Todas essas histórias assim que iniciadas são um prato cheio para as pessoas fazerem suas apostas certeiras. Tariq e seu pai obviamente terão uma conversa de pai para filho no qual irá sair a frase “Eu não farei isso para o resto da vida”, sim tem. Será que a Krystal que quer um amor ao invés de apenas sexo terá uma conversa com sua amiga para frisar isso dizendo que não quer nada superficial? Tem também. Shannie e Ray terão que ficar sozinhos para perceber que precisam conversar, com um dos dois dizendo que o outro está se escondendo da conversa? Óbvio que sim. Tudo isso embrulhado em um pacote neon e edição frenética.
A direção de Christopher Louie tenta inventar algumas bobagens que não dão certo. Diferente do recente Águas Rasas, aqui as mensagens do celular são também integradas a tela, porém, em formas de balõezinhos sem a menor criatividade, apenas conseguindo poluir o enquadramento. Também temos uma tentativa falha de dividir a tela com riscos em neon para tentar ser “cool” mas apenas conseguindo irritar os olhos dos espectadores. Uma ou outra boa sacada vem da edição, passando muito bem a sensação do uso de alucinógenos com cortes muitas vezes pausados e em outras rápidos e secos.
As atuações não comprometem, mas também não agregam. Graham Phillips compões seu personagem Ethan como um rapaz confuso e deslocado em meio a multidão da rave, o que não faz muito sentido já que quer ser DJ. Brett DelBuono é uma grata surpresa, se no começo da jornada seu personagem Tariq já se mostra desinteressante em seu drama com o pai; com o passar dos minutos – e algumas drogas – suas caretas acabam se tornando engraçadas. Sarah Hyland consegue ser a melhor coisa do filme, entregando uma beleza jovial e ingênua para sua personagem Krystal.
Para completar, no terceiro ato temos a deprimente apresentação de um vilão maquiavélico. Sério mesmo que o DJ mais famoso é aquele que briga com seus funcionários, rouba músicas de jovens talentos e está na profissão apenas por dinheiro… Sério isso? Não tinha algo mais clichê?
Por fim, Xoxo é uma colcha de retalhos de diferentes clichês. Indo do menino sonhador, do vilão que só quer dinheiro e berra com todo mundo, até mesmo a um casal que foge de uma conversa. Ao menos a trilha sonora vai agradar quem curte música eletrônica.
Por Will Bongiolo
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