Ao contrário do que a grande maioria das pessoas conhece, o Brasil tem uma grande e ótima produção de Histórias em Quadrinhos. Muitos pensam que essa arte é restrita à Turma da Mônica, mas a verdade é que milhares de roteiristas, desenhistas, ilustradores, cartunistas e editores compõe esse cenário.
É bem verdade que, comercialmente, esse é um mercado cruel, onde a criação de Maurício de Souza foi um dos raros exemplos de sobrevivência. De outro lado muitos artistas conseguem boas oportunidades nas editoras americanas e se consagram por lá. No meio disso tudo existe um universo enorme de quadrinhistas que publicam seus materiais de forma independente. Esse cenário oscila bastante, ora revelando ótimos talentos, ora sofrendo com crises econômicas.
E foi para dar visibilidade a todo esse rol de artistas, famosos ou anônimos, que foi criado o Dia do Quadrinho Nacional.
A iniciativa partiu da Associação dos Quadrinhistas e Caricaturistas de São Paulo, fundada em 1984 por Worney Almeida de Souza (WAZ). Em suas pesquisas ele descobriu na Biblioteca Nacional (Rio de Janeiro/RJ) uma raridade que colocava o Brasil como pioneiro na publicação dessa linguagem. Trata-se do Cabrião, um jornal de São Paulo que, em 1867 publicava desenhos e charges de Ângelo Agostini. Nascido em 1843 na cidade italiana de Vercelli , Piemonte, Agostini foi cartunista, caricaturista, ilustrador e crítico. Ele passou sua infância e adolescência em Paris e chegou em 1859 na cidade de São Paulo.
A data de 30 de Janeiro de 1867 foi quando se publicou o que se considera o primeiro quadrinho brasileiro: As aventuras de Nhô-Quim ou Impressões de uma Viagem à Corte. Editado em páginas duplas, a história era publicada semanalmente e sempre mostrando Nhô-Quim viajando de Minas Gerais para a corte do Rio de Janeiro. Com essa descoberta, a AQC-SP levou toda a documentação das pesquisas aos órgãos responsáveis para conseguir que esse dia, 30 de janeiro, entrasse no calendário oficial do Brasil como o Dia do Quadrinho Nacional. Isso aconteceu em 1985.
Além do estabelecimento dessa importante data, a AQC-SP foi ainda mais longe, criando uma premiação direcionada aos artistas independentes e profissionais de quadrinhos brasileiros. Trata-se do Prêmio Ângelo Agostini, que conta com nove categorias: Melhor Desenhista; Melhor Roteirista; Melhor Cartunista; Melhor Lançamento; Melhor Lançamento Independente; Melhor Fanzine; e também o Troféu Jayme Cortez – que destaca grande contribuição ao quadrinho nacional, podendo ser artistas, entidades, eventos, manifestações ou organizações. Para finalizar, a categoria Mestres do Quadrinho Nacional – que homenageia artistas que tenham se dedicado aos quadrinhos há pelo menos 25 anos.
Em 2017 o evento de premiação foi realizado no sábado passado (28/01) no memorial da América Latina e contou ainda com palestras, venda de HQs independentes e uma homenagem a Rodolfo Zalla.
A lista de vencedores desde 1985 é longa, por isso não vou postar aqui, mas pode ser conferida aqui na wikipedia.
O Dia do Quadrinho Nacional é uma linda e justa homenagem aos artistas que se dedicam à arte sequencial, tão marginalizada em nosso país. Por isso deixo aqui meus parabéns, não só aos vencedores dessa edição do Prêmio, mas a todos que se dedicam a essa arte e também à AQC-SP que se mantém firme nestes 33 anos de premiação!!
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