Há 15 anos, ter uma televisão a cabo era para quem tinha uma boa situação financeira. Elas eram caras e, claramente, para um público estereotipado e não atingia a classe média brasileira, que nem fazia tanta questão de ter acesso a esse tipo de produto. Agora, com um acesso mais fácil, pessoas de qualquer lugar possuem mesmo que seja o pacote mais barato dos planos de Tv a cabo.
E isso tirou do eixo muito do que se sabia sobre fazer TV. Se antes a novela das “9” era indispensável para vida do publico, hoje facilmente há uma troca pelo filme que passa na HBO, pela série que passa na Sony ou pelos jornais da Globo News. A verdade é que o mundo se tornou maior e mais acessível agora do que era há 10 anos.
É interessante observar que não houve uma mudança com programas de auditório. O formato que consagrou Chacrinha há mais de 50 anos continua sendo insistentemente usado por Faustão, Gugu, Celso Portiolli, Marcos Mion, Rodrigo Faro, Luciano Huck e tantos outros. Além do já conhecido programa com um apresentador que o leva nas costas, ainda muitos usam e abusam de assuntos sociais como reconstruir casas, ajudar pessoas com prêmios em dinheiro ou ajudar pessoas a voltar para suas casas.
Os jornais, que antigamente costumavam ser engessados, e distante de grande parte da população que vê TV, hoje usa uma linguagem ainda formal, mais próxima do público em geral. Outra coisa é que os jornais também passaram a mostrar mais notícias de outros estados e cidades fora do eixo Rio-SP.
As emissoras estão ficando mais abrangentes para não perderem tanto ibope, seja para canais pagos ou para concorrentes abertos. A Globo investiu em um humor rápido, que ganhou força na antiga MTV; a “Record” está apostando em novelas bíblicas e algumas têm dado tão certo que até filme viraram. A Record, apesar de fazer novela para um público-alvo, conseguiu um caminho seguro e que rende ibope.
A “Band” aposta em novelas turcas, que tem um “Q” de livros de banca, com mocinhos fortes e mocinhas virginais. As histórias dão certo, também para um tipo específico de público, e já fazem alguns anos que a Band vem tendo algum retorno no ibope e, portanto, arriscando com elas. Outra aposta da emissora são os reality shows culinários. Eles já fizeram o “Masterchef Brasil” umas três ou quatro vezes, a versão infantil e a profissional também.
O “SBT” também achou seu próprio nicho: as novelas infantis. Várias novelas que foram sucesso nos anos 90 e começo dos anos 2000 foram repaginadas e refeitas pela emissora paulista com um bom resultado. Silvio Santos mostrou ser uma força da natureza, mesmo com a idade avançada. Todas as decisões passam por ele, não importando se falam sobre a contratação de um ator, a grade do dia a dia ou o programa de fim da noite do SBT no domingo. As pegadinhas que faz para promover filmes de terror ganham tanta projeção que já foram divulgados até pela imprensa estrangeira.
A “Globo”, por outro lado, ainda pena para entrar nos eixos. Seus programas estão em constante mudanças para que possam se adaptar. Não que a liderança corra risco, mas ela é a emissora que mais perde audiência entre os canais abertos e vê suas novelas, principalmente sua novela estrelar, a das 21 horas, andar muitas vezes aos trancos e barrancos.
A verdade é que a TV tem que se reinventar, sem perder o que atraiu seu antigo público. Nem arriscado demais, nem de menos. Nem conservador demais, nem de menos. E esse meio termo está fazendo muitos executivos lá dentro suar e muita gente trocar seus gostos por outros tipos de diversão.
Saiba um pouco mais do meu relato e lembranças em relação a bons momentos da televisão. Acesse os textos “A geração 90” e “2000 – O Bug do Milênio”.
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