Filme da Apple+, “Echo Valley traz estrelas e é interessante, mas confuso em sua proposta de apresentar temas como perdão, culpa e consequências
Quando um filme traz uma estrela consagrada como Julianne Moore e uma atriz tão promissora como a jovem Sydney Sweeney, desperta interesse em assistir, ainda mais quando é lançado com o selo do streaming Apple+, casa das séries mais intrigantes e festejadas dos últimos anos como “Ruptura”, “Ted Lasso”, “The Morning Show”, “Silo” e filmes como o último do grande diretor Martin Scorcese, “Assassino da Lua das Flores”.
Porém, filmes como esse de orçamento médio que eram comuns de estrear nos cinemas estão cada vez mais relegados diretamente às plataformas de streaming, mesmo que tenham uma atriz do calibre de Julianne Moore e a novata, mas hypada, Sydney Sweeney.
LEIA MAIS
Solanas Explicado às Crianças | Ancestralidade e Defesa do Meio Ambiente em Comunidade de Pescadores
Extermínio: A Evolução | A Infecção Masculina
Partindo de um princípio até prosaico em que a estrela de Hollywood mais experiente interpreta a mãe da estrela novinha, o filme se desenvolve à partir do conflito entre o luto de quem perdeu uma esposa, junto a problemas financeiros e ainda a preocupação com uma filha dependente química tão instável e imprevisível.
É aí que brilha o talento de Julianne Moore, que interpreta Kate transitando entre dúvida, resignação, fragilidade e resolução, passando pelos estágios do luto e ainda tendo que fazer ou tratar quase tudo sozinha, tendo uma pequena rede de apoio na figura de Les, personagem de outra grande atriz, Fionna Shaw.
O ponto de partida é um pedido de socorro da filha Claire, personagem de Sweeney, que numa noite chuvosa e sinistra (olha aí o clichê), revela que participou involuntariamente de um crime e, desesperada, pede ajuda da sua abnegada mãe, que larga tudo para encobrir o ocorrido, não medindo as consequências, baseado no amor que tem pela filha (e muita falta de noção), o último ponto de família que resta em sua vida.

Num registro tanto dissimulado quanto frágil e às vezes odioso, a jovem atriz em muitos momentos sem maquiagem convence em mostrar que realmente está perdida e sem perspectiva na vida, sendo a âncora que arrasta todos ao seu redor para perdição, especialmente quando Jackie, o “chefe” de Claire e seu namorado, irrompe na vida da pacata Kate exigindo mundos e fundos, pois alega saber de tudo que a fazendeira fez para proteger a filha.
Ameaçador, sonso, violento e seboso como nunca vimos, Domhnall Gleeson (“Questão de Tempo”, a nova trilogia de Starwars) faz um ótimo trabalho de composição, a qual não estávamos acostumados a ver, e muito eficiente na proposta do filme de criar todo o antagonismo.
Porém mesmo com os interpretes, o registro bucólico e misterioso de uma fazenda — no caso a Echo Valley do título — envolta em névoas e solidão, há situações confusas que não se desenvolvem de uma forma concisa, pois, por exemplo, embora Kate, a mãezona acolhedora, fazer o que faz para proteger a filha e depois ser vítima das maiores artimanhas e traições, se reinventar e partir para resolução, é tirada da cartola uma força até então insuspeita e que não vemos chegar, causa-se estranheza e ultrapassa um pouco além do razoável a suspensão de descrença, pois uma pessoa que performa tudo o que está no filme não seria tão facilmente enganada… Ou seria?
É quando se pensa no registro dos jogos e dramas psicológicos, nas reviravoltas e com escolhas narrativas incongruentes, escrito pelo Brad Ingelsby, criador da excelente série “Mare of Easttown”, parece ter se empolgado em passar por tantos gêneros e só no final se decidir por um, baseado em surpresas que até divertem, mas não fecham com a proposta do filme como um todo e que começa como um drama de mãe e filha.
COMPRE AQUI
Apple iPhone 13 (512 GB)
AirPods 4 com Cancelamento Ativo de Ruído
Echo Valley e pode até divertir quem procura uma proposta em que não se tenha tanta expectativa e só quer se deixar levar por uma narrativa que começa sim de forma interessante e com interpretações acima da média geral, mas que o tom se dispersa na medida em que a trama se desenrola sem fluidez.
Imagem Destacada: Divulgação/Apple TV+

Quer estar por dentro do que acontece no mundo do entretenimento? Então, faça parte do nosso CANAL OFICIAL DO WHATSAPP e receba novidades todos os dias.
Sem comentários! Seja o primeiro.