Zach Clark é diretor do filme “Irmãs”, que estreia em breve no circuito nacional. O filme foi exibido nos Maryland Film Festival, BAMcinemaFest, Edinburgh International Film Festival, Fantasia International Film Festival e selecionado para o SXSW de 2016.
A trilha sonora da produção é uma imersão heavy metal, que inclui a icônica canção gótica “Romeo’s Distress“, de Christian Death, as originais “I Love You More” e “Caroline“, de Ray Sisk e também “Have You Seen Me?“, da clássica banda Gwar.
Confira abaixo a entrevista com o diretor, roteirista e produtor do filme. Como surgiu a ideia para “Irmã”?
Eu tinha, já faz algum tempo, ideais para alguns dos personagens e um arco geral da história, mas não estava realmente encontrando um modo para fazê-los trabalhar juntos. Nossa produtora, Melodie Sisk, me levou para Asheville, Carolina do Norte, para ver a casa de seus pais, e algumas casas e escritórios de seus amigos, e isso se tornou o cenário para a história – tudo começou a se alinhar depois disso.
Qual foi sua concepção original do tom? Como você decidiu o equilíbrio alcançado entre o triste e o engraçado?
Isto está vagamente falando do tom sobre tudo que eu fiz, e provavelmente é o mais perto que eu tenho de um ponto de vista coerente sobre a vida – que só porque as coisas são tristes, não significa que elas também não são engraçadas, e vice-versa. Eu acho que isso é uma coisa positiva. Se nós podemos ver humor em uma situação triste em um filme, então talvez podemos ver isso um pouco mais em nossas próprias vidas, também, e que nos ajudará a superar esses momentos difíceis. Em IRMÃ, os personagens são mais engraçados que em meus filmes anteriores, e acho que grande parte disso vem da família, e dos sentimentos compartilhados do humor que podem existir entre irmãos ou pais e filhos.
Você pode falar sobre a inspiração para as conotações políticas do filme? Por que você decidiu que fosse pouco antes da eleição de 2008?
Muitos filmes lidam com as expectativas que os filhos têm de seus pais e vice-versa, e o que acontece quando estas expectativas não são alcançadas e você tem que conhecer a sua família como seres humanos de verdade, e não como sua Mãe, Pai, Irmã e Irmão. Eu acho que podemos colocar um conjunto semelhante de expectativas sobre candidatos políticos, e eu certamente fiz isso em 2008 com Barack Obama. Existia tanta expectativa e esperança e positividade indo nessa eleição, e então, naturalmente, nem todas as promessas de campanha foram realizadas, e tivemos que reajustar as nossas expectativas, e ver Obama como um ser humano e não um salvador político. A definição do período coloca essas coisas no pano de fundo, e esperamos que estes temas possam se infiltrar um pouco sem ter que dizer tudo tão visível.
O que inspirou a decisão de fazer Colleen uma ex-gótica?
Durante muito tempo, voltando antes de qualquer coisa realmente tomar forma, eu queria fazer um filme no qual o personagem principal fosse gótico. Então, neste caso, eu acho que a decisão foi mais fazer dela uma freira. Minha mãe é uma Padre Episcopal (Episcopal Priest), e eu costumava escutar Nine Inch Nails e Marilyn Manson em eventos de grupos jovens, de modo que essas duas coisas não são realmente tão separadas para mim. Assim, grande parte da cultura gótica é construída sobre uma inversão ou fetichização da iconografia cristã, que a transição entre os dois é realmente muito natural. Tem um plano no filme onde Colleen vira para cima uma cruz pendurada de cabeça para baixo na parede de seu quarto, e isso é a expressão dessa transição no filme.
Como você decidiu sobre a música no filme? Você era um fã de heavy metal?
Duas músicas foram escritas dentro no roteiro, “Have You Seen Me?”, do GWAR, e “Romeo’s Distress”, do Christian Death. Eu levei meu irmão para ver seu primeiro show do GWAR no aniversário dele quando ele era um adolescente, e depois isso se tornou por muitos anos uma tradição anual, e desde que eu estava na faculdade na época, uma ligação especial para nós. “Have You Seen Me?” (e seu incrível clipe) foi minha primeira introdução ao GWAR, então a escolha dessa música especificamente é muito, muito pessoal para mim. Não existe realmente uma música gótica mais icônica do que “Romeo’s Distress”, do Christian Death, e eu queria incluí-la para ancorar o filme na história gótica, e porque é uma música realmente incrível. Me deparei com The Subtonix em um álbum enquanto estávamos levantando fundos, e soube imediatamente que teria que usá-la no filme, e então descobri que o vocalista Jessie Evans tinha outra banda pré-2008 chamada The Vanishing, que também era fenomenal e da qual as músicas “White Walls” e “Terror, I’ve Been Dying to Meet You” estão no filme. Enquanto vasculhava a internet atrás de algo, me deparei com a Dark Entries records, que reeditaram muitas músicas da Dark Wave europeia dos anos 80. A música que toca na festa de Halloween, “Happy Funeral”, do Kitchen and the Plastic Spoons, e a música nos créditos finais, “Moans”, do Parade Ground, foram reeditadas pela Dark Entries. Além das músicas góticas/metal, o pai da Melodie, Ray Sisk, é um cantor/compositor country talentoso e contribuiu com duas músicas originais, incluindo uma escrita especificamente para o filme. Toca na cena da banheira com os pais e depois na festa de aniversário.
De que maneira – se existir alguma – Colleen é inspirada em você? Existem elementos específicos neste filme vindos de sua experiência pessoal?
Eu sempre digo que meus filmes são profundamente autobiográficos, exceto que eu realmente não fiz nada do que qualquer um dos personagens faz. Eu tenho uma irmã chamada Colleen, um irmão chamado Jacob, uma mãe chamada Joani, um pai chamado Bill. O sobrenome da família é Lunsford, que é o sobrenome da mãe e do padrasto da Melodie. Mas nenhum personagem é baseado em seu homônimo. Existem momentos, histórias, e situações no filme que para todos os efeitos e intenções são “verdadeiros”, mas eles foram colocados dentro de um liquidificador para criar algo novo.
Como você idealizou o personagem – e a aparência – de Jacob?
Anos atrás eu vi uma exposição de fotos que eram sobre um soldado ferido cujo rosto tinha sido reconstruído, e isso me marcou. Existe uma série de filmes sobre veteranos feridos, mas eles estão geralmente em uma cadeira de rodas, ou tem uma cicatriz realmente desagradável, mas geralmente são autorizados a permanecer tradicionalmente atraentes para os padrões cinematográficos. Isso sempre pareceu um pouco falso para mim, então eu realmente queria me comprometer para que a aparência disso fosse o seu rosto todo, o que para mim também realmente motivava sua isolação do mundo e até de sua família. O maquiador de efeitos especiais, Brian Spears, fez o desenho protético, e se basearam inteiramente fora da coisa real. De maneira nenhuma IRMÃ é um filme de terror, mas lidando com a cultura gótica/metal, eu queria envolver o cinema de terror, e a maquiagem de efeitos especiais é parte disso, junto com o cenário de Halloween, o teremim na trilha sonora, e mais.
Você pode falar sobre o processo para a escolha de Addison, Ally e Keith? Você os conhecia antes, e caso sim, o que neles fez você pensar nos mesmos para os papéis?
Eu conheço Keith faz poucos anos e sempre gostei de seu trabalho como ator, especialmente no filme STINKING HEAVEN, de Nathan Silver. Eu o tinha em mente enquanto escrevia o filme e ele está ótimo no filme. Não conhecia Addison e nem Ally antes do envolvimento delas com o filme.O elenco conhecia um ao outro antes da filmagem? Existiu algum ensaio?
A maioria do elenco conheceu um ao outro durante o processo de filmagem. Eu acho que Keith e Kristin Slaysman tomaram uma cerveja antes da filmagem, mas quase todo mundo se conheceu depois da filmagem começar. Não aconteceram muitos ensaios que eu me lembre, apenas quando existia algum movimento de câmera que queríamos tentar antes.
Como/Por que você acha que o filme se passar em Asheville foi importante para a história/filme?
A escolha de Asheville realmente fez o filme ter vida para mim. Você realmente não pode ter melhor valor de produção que as montanhas de Asheville no outono. Melodie e eu fomos juntos para a faculdade na Carolina do Norte, onde nos conhecemos, então o estado tem um monte de significado e história para nós dois. É também este pequeno bolso de liberalismo em um estado tradicionalmente conservador, que jogou ideias políticas subjacentes no filme.
Você pode falar sobre como imaginou a estética do filme, e como é a colaboração entre você e o diretor de fotografia Daryl Pittman?
Daryl fez a fotografia de todos os meus filmes e também foi produtor de VACATION!, WHITE REINDERR e IRMÃ. Filmamos com a câmera RED Dragon em cinemascope e realmente queríamos abraçar a sensação de calor das cores do outono para a aparência da Carolina do Norte, contra uma aparência mais fria, mais fluorescente nas cenas em Nova York. Eu geralmente venho com uma ideia bem clara sobre o tipo de aparência que quero, mas a iluminação e o enquadramento são todos do Daryl, e nós trabalhamos juntos tantas vezes que existe uma verdadeira taquigrafia entre nós. Sempre tentamos ir um pouco mais longe e ter mais ambição do que os filmes anteriores, e desta vez realmente fomos para uma bela mistura igual de câmera na mão e no tripé. Nós ainda estávamos trabalhando com uma equipe bem pequena e Daryl construiu alguns acessórios de iluminação próprios e pré-equipou alguns quartos na locação principal para ajudar a manter as coisas eficientes, incluindo a construção de uma caixa de luz gigante que pairava sobre toda a sala de estar.
Se quiser conhecer a trilha sonora do filme, acesse a playlist no Spotify.
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