Maria Clara Parente é daquelas profissionais que o potencial vai se desdobrando conforme a demanda do mundo. Além de atriz, é roteirista e diretora do projeto WebColaborativa, que tem como premissas a tolerância, generosidade e criatividade. A Web série foi convidada a participar da edição desse ano do Melbourne Web Fest, que acontece na Austrália.
Começou no teatro aos 7 anos, já fez curso de canto, hoje é quase formada em jornalismo, tem mais de 10 peças no currículo, 3 curtas (“Minha mente mente”, “Do Pó ao Aço” e “Falsas Memórias”) e o primeiro longa que protagoniza, “Antes Que Ela Vá”, dirigido por Matheus Benites, será lançado ainda esse ano.
Maria faz aulas de teatro desde 2001. Fez cursos livres na CAL (Casa das Artes de Laranjeiras), Catsapá, Tablado e Casa de Cultura Laura Alvim.
A moça é fundadora e atriz da “5ª Companhia de Teatro”, que acabou de sair de uma temporada de sucesso com a peça “Procura-se” na Sede das Cias e entrará em cartaz novamente ainda esse ano.
Por essas e outras razões, o Exposé dessa semana é com ela. Confira abaixo nossa entrevista completa.
Letycia Miranda – O que mais te dá satisfação na carreira de atriz?
Maria Clara Parente – Em primeiro lugar, não é fácil escolher ser atriz. Se você não tem urgência de fazer isso, se não é como um respirar para você, é melhor escolher outra profissão porque provavelmente você vai receber muitos nãos. E isso pode ser desanimador se você não construir seus próprios projetos. Mas emprestar a pele para contar histórias é muito fascinante. É como ser um autor que escreve com o próprio corpo, o que exige uma disponibilidade imensa, mas o trabalho final sempre é recompensador. Sempre acho incrível descobrir as enormes possibilidades que os bons textos oferecem. Você pode interpretar as personagens de Shakespeare de várias maneiras diferentes e cada uma terá seu brilho.
L.M – Existe algum trabalho em andamento? Se sim, o que pode nos adiantar sobre?
M.C.P – Estou gravando novos episódios da websérie e me preparando para a segunda temporada da peça da companhia de teatro que faço parte, “Procura-se”.
L.M – Atores que servem como inspiração?
M.C.P – Anna Karina, Liv Ullman, Isabella Adjani e Catherine Deneuve são musas das musas! Também adoro Emma Watson, não só pelo trabalho como atriz, mas também por seus posicionamentos políticos. E Al Pacino, sempre!
L.M – O projeto WebColaborativa tem como um dos pilares a aposta no lado bom das pessoas, como é sustentar esse pilar tendo em vista o panorama atual da nossa sociedade?
M.C.P – O sistema individualista e capitalista que dominou o último século aponta vários sinais claros de falência. Não é por acaso que cada vez mais empresas tradicionais são substituídas por coworkings criativos, hotéis por airbnb ou compras em lojas por aplicativo de trocas. Tempos de crises são favoráveis para empreendedores dispostos a investir em uma ideia com base no coletivo. Cada vez mais as pessoas estão percebendo que o consumo desenfreado é insustentável, tanto financeiramente como por questões ambientais. Quem busca economia circular geralmente valoriza a confiança, porque é uma moeda de troca. Em um dos episódios da web série, por exemplo, da troca de casa para viagens, você só pode ir para casa do outro se ele está hospedado na sua, então a tendência é que os dois queiram cuidar dos espaços. Nesse mundo, o ter perde sentido e dá lugar às experiências e não a acumulação de bens.
Esse papo de economia colaborativa pode parecer utópico e bom demais pra funcionar, mas está cada vez mais presente do mundo.
L.M – Como foi receber o convite para a Melbourne Web Fest?
M.C.P – Foi uma surpresa maravilhosa ser a única web série brasileira convidada para esse festival!
L.M – No filme “Antes Que Ela Vá”, como foi retornar ao tempo e interpretar uma experiência tão marcante como a do primeiro amor?
M.C.P – Foi incrível! O Matheus, diretor do filme, escreveu um roteiro, que apesar de focar nesse casal específico e observar um dia da vida deles “por um buraco da fechadura”, o filme é universal ao partilhar essas angústias, incompatibilidades, ciúmes excessivos e desencontros, que acontecem não só no primeiro amor, mas também em qualquer época, mesmo que sem a intensidade da juventude.
L.M – Você se identifica com algum aspecto da personagem?
M.C.P – A personagem é uma menina de 19 anos que quer ser escritora e que vai morar na França para seguir seu sonho. Sinto que sou parecida com ela quando quero alcançar um objetivo.
L.M – Qual cena você encontrou mais dificuldade em gravar?
M.C.P – O maior desafio foi a cena em que o casal briga depois de algumas revelações. Em um dos takes nós quebramos o vidro de um quadro do cenário de tão forte que batemos uma porta. Acabou sendo, também, uma das cenas que mais gostei de fazer.
Para conhecer mais os trabalhos e projetos da atriz, você pode acessar o site da WebColaborativa, bem como acompanhar o página no facebook da Quinta Companhia de Teatro.
Por Letycia Miranda
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