Nos olhares perdidos e vazios daqueles que, por algum motivo, se arrastam pelas ruas de ombros caídos.
No sorriso secreto da menina que no seu caminho recebe uma mensagem do namorado e caminha meio desatenta ao mundo, focada no telefone.
Nos olhares brilhantes daqueles que tiveram algum motivo maior para acordar sorrindo ou que vislumbram esperança no futuro próximo.
No humor salgado daqueles senhores jogando cartas. Anos de experiências trocadas ali, naquela mesa de pedra da praça.
Nos passos apressados daqueles jovens que querem chegar com rapidez em algum lugar, mas não sabem bem aonde.
No descaso e na indiferença com os marginalizados que muitas vezes não são dignos nem de um olhar, quem dirá de um auxílio.
Nos cachorros passeando sempre naquele ar animado, mesmo que já também estejam arrastando as patas.
Nas babás conversando, empurrando carrinhos de crianças adormecidos, com futuro também ainda adormecido.
Nos sons. Das pessoas conversando, do trânsito, dos anúncios. Os pássaros ao fundo. Bem ao fundo. Lá no fundo.
Eu ando pelo mundo pensando em como sou pequena. Tantas pessoas nesse bairro. Só um dentre tantos na cidade. Só uma dentre tantas no Estado. Só um dentre tantos no país. Só um dentre tantos do mundo. Só um dentre tantos do Universo… Só um. Só uma.
Ando pelo mundo me questionando se alguém anda pelo mundo prestando atenção em mim.
Por Clara Savelli
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