O Curioso caso do Green Day
Na última quarta (01/11), a banda Green Day se apresentou na Jeunesse Arena, no Rio de Janeiro. A noite marcou a primeira apresentação da turnê “Revolution Radio” no Brasil. Além disso, essa foi a terceira vez que a banda de punk rock passou pelo Brasil, depois de um hiato de 7 anos sem vir para as terras tupiniquins. Como já era de se esperar tivemos um show energético, político, cheio de ironias, mas de extrema simpatia e vibração. A casa não teve sua lotação esgotada, mas isso facilitou para o público que pode “explodir”, no melhor sentido da expressão, e curtir a apresentação. Em 1998, eles vieram com a turnê do disco “Nimrod” e, em 2010, com “21st Century Breakdown”. Dessa vez, a turnê recebeu o título do mais recente álbum, lançado no ano passado.
Nesse processo, presenciamos o curioso caso do Green Day, que ironicamente usamos aqui como subtítulo. A primeira questão se deve ao fato de seu vocalista estar com 45 anos e ter a mesma energia, assim como os demais integrantes, Mike Dirnt (45) e Tré Cool (44). Mas nessa ocasião também presenciamos a dualidade de idades que dividia o público entre jovens e adultos depois dos 35/40. Isso sem contar um grande número de pais que fizeram questão de levar os filhos pré-adolescentes para curtir o show da banda com eles.
O show de abertura foi da banda The Interrupters, que entreteve a platéia enquanto muitos ainda estavam chegando ao local. Para anunciar a chegada do Green Day o som ecoou uma gravação de “Bohemian Rhapsody“, do Queen, e “Blitzkrieg Bop“, dos Ramones, e ainda contou com um “coelho” para animar o público. Com a experiência de quase 30 anos de estrada, a banda mostrou mais uma vez que sabe o que está fazendo e ao longo de quase duas horas e meia de show conseguiu fazer o público urrar de empolgação. E o mix de pessoas presentes mostrou que a banda continua prestigiada pelo público, mesmo que ela não tenha a mesma explosão mundial, como em “American Idiot” (2004).
Mas não foi essa música que abriu o espetáculo. Com um show de luzes, explosões e muitas chamas, a performance começou ao som de “Know Your Enemy“. Nela, tivemos ainda a presença de um fã que foi convidado para subir ao palco. E, a partir daí, foi hit atrás de hit, com grande parte sendo cantada com todas as forças. À frente da banda, Billie Joe Armstrong conquista o público com muita facilidade. Ele percorre todo o palco e faz a galera cantar e entoar muitos “hey-hos“. Esse é um grande ponto para a banda, além de muitos anos de estrada, eles cantam sua setlist, animando os presentes. Eles juntam a potência do rock ao entretenimento do espetáculo, ajudados pelos calorosos brasileiros.
Billie aproveitou muitos momentos para levantar algumas questões. Depois de “Demorou muito, sete anos! Vamos nos divertir e enlouquecer.” ele solta “Chega de negatividade, de coisas ruim. Chega de Facebook e Instagram. Estamos aqui para nos divertir, enlouquecer. Estamos todos juntos essa noite. Todos os punks, todos os bizarros, pois somos uma família!“. E não seria um show do Green Day se não houvesse um discurso político. Até porque a identidade punk veio exatamente como um movimento social e musical político de contracultura. As músicas que abordavam tal tema foram as mais entoadas. “Hollyday” foi introduzida após um discurso de Billie contra o racismo, o fascismo, o sexismo e, principalmente, contra Donald Trump.
No decorrer do show, outros dois fãs foram chamados para subir ao palco. O primeiro fã substituiu Billie nos vocais. Na segunda ocasião, foi uma fã que aproveitou para abraçar os ídolos, tocou os acordes da música na guitarra de Billie e ainda saiu do palco com a mesma de presente. Aproximando-se do final do show, a banda resolve fazer outra “graça”. Com uma pausa maior, eles voltam ao palco fantasiados, com destaque para o baterista Tré Cool, com uma fantasia que lembrava passistas de escolas de samba. Com esse clima, eles deram um tom carnavalesco, a la New Orleans. No meio de “King For a Life” rolou um sax faraônico tocando “Garota de Ipanema“. Também nessa parte tivemos ainda um pot-pourri que misturou quatro músicas e entre elas “Satisfaction“, dos Rolling Stones, e “Hey Jude“, dos Beatles.
Com direito a dois “bis“, o show chegou ao fim com “Good Ridence“. Foram só 25 músicas, sem contar o pot-pourri, passando por quase todos os álbuns da banda. Nesse show de trajetória, o que levamos na memória foi um show relativamentre simples, apesar dos muitos fogos soltos no ar, mas de energia abundante. Nesse curioso caso, a banda mostra que já pode ser considerada uma classic rock. Sua estranheza, para alguns, é um ótimo gatilho de extravasamento, sem perder seu teor político. Com muita simpatia e “obrigados” tivemos um show fantástico!
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