Gustavo Luz fala sobre seus projetos na TV e no cinema
Entrevistamos o ator Gustavo Luz, que fez sua estreia no Festival do Rio com o filme independente “Ana”, interpretando o personagem Diego. Nascido no Rio de Janeiro e criado na Maré, Gustavo contou sua experiência em trabalhar com o diretor Marcus Faustini, seus trabalhos nas séries “Negociador” e na segunda temporada de “Segunda Chamada” e os desafios que precisou enfrentar com o seu primeiro longa.
Bruna Zordan | Você já conhecia o trabalho do diretor Marcus Faustini? Como surgiu o convite?
Gustavo Luz | O nome Marcus Faustini eu conheci no final da minha adolescência. Sempre participarei de projetos sociais na infância e na adolescência. Marcus, era uma das vozes de liderança para a juventude carioca quando comecei a amadurecer o desejo de ser ator. Pensava e trabalhava com jovens periféricos na ONG ‘Agência de Redes para Juventude’, e eu estava antenado nas pontes do momento para pessoas faveladas. Foi assim que tomei ciência do seu trabalho.
O tempo passou, consegui uma bolsa para estudar artes cênicas e logo depois de formado, um amigo em comum fez a ponte entre nós. Faustini tem espírito de liderança, você deseja estar junto e ser amigo quando conhece. Soube disso no teste.
B.Z. | Como foi a experiência em trabalhar com o diretor Marcus Faustini e em um filme totalmente independente?
G.L. | Foi íntimo e conduzido a partir de uma confiança que estávamos criando. O trabalho do ator é se expor. Mas fazer isso dá medo. A gente não mente, a gente fala uma verdade criada e pessoal. É um faz de conta sempre em busca de um tom verdadeiro, que passa por você. Exige coragem. Trabalhar com Faustini e de maneira independente foi uma mistura de amparo e incentivo para ocupar meu lugar de ator com excelência, comprometimento e integridade. O filme rodou tem 4 anos, foi um caminho extenso de dedicação até ele estrear. Independente e de pessoas comprometidas.
B.Z. | “Ana” foi o seu primeiro longa. Quais foram os desafios e os aprendizados que você enfrentou e adquiriu interpretando o personagem Diego?
G.L. | Eu fui um tanto Diego na adolescência. Era um adolescente com a necessidade de comunicar o turbilhão de emoções que somos, mas sem o repertório para isso. Meu desafio e aprendizado estava em criar o diálogo entre minha intimidade e a do personagem, dada pelo roteiro e direção. Acho que a cena, pra ser cena, tem que ter poesia. Esse é meu desafio, tirar do papel e fazer poesia.
Poesia, pra mim, é a digestão da alma.
B.Z. | Recentemente, você participou das séries “Negociador” e “Segunda Chamada”. No seu ponto de vista, qual foi a diferença e, claro, a experiência de trabalhar nessas séries e no cinema?
G.L. | Esses três personagens que interpretei estão nas ruas que circulo. Encontro e convivo com eles todos os dias. Diego, Palito e João Marcelo são diferentes em preferências e sonhos, mas participam do mesmo mundo e comungam de necessidades semelhantes. Eles se chocam, se atritam e são contraditórios, além de se acolherem (por vezes).
O que vejo como diferente entre um e outro é o tipo de abordagem que faço. Minha preocupação está mais no que preenche cada um. E cada um tem um caminho pra isso acontecer. Se estou seguro e pleno do que me preenche daquele personagem, fico melhor ligado na parte técnica por consequência. Minha atenção no set é uma atenção de ator, com suas limitações e particularidades. Mas ver no telão do cinema uma história se desenrolando é uma magia singular. Como espectador é diferente ver na TV e ver no telão.
B.Z. | A Priscila Lima, sua irmã no filme, e o Vinicius de Oliveira, que interpreta o seu cunhado, dividem cenas importantes com você? Como foi trabalhar com eles e a sinergia no set?
G.L. | Priscila é uma atriz estudiosa e dedicada. Ela tem coragem e se entrega no que está fazendo. Durante o processo a gente se construiu como irmãos mesmo. Foi prazeroso trabalhar com ela. E acho que em muitas escolhas nos assemelhamos na maneira de trabalhar.
O Vinicius foi uma outra surpresa muito agradável. Ele passou uma parte da sua infância no bairro que vivo (Maré) e expandiu barreiras através do cinema. Não nos encontramos nas redondezas por causa do cinema, mas o cinema fez a gente se encontrar. É um ator e amigo querido.
O trabalho é a junção de um elenco, direção, produção, técnica e outros profissionais que se envolveram realmente com a história. E pela história.
B.Z. | O que as pessoas podem esperar do filme e do personagem Diego?
G.L. | Ana Paula, a protagonista do filme, é uma jovem que recém perdeu a mãe e assumiu a casa e a provisão da casa. Em meio às dificuldades, essa relação é afetada pelas dores e as ausências de suas vidas. Ela começa a fazer terapia por incentivo das amigas, e Diego estuda teatro e está começando a se expressar através da arte drag. Diego é o jovem que sofre e enfrenta a homofobia direcionada a ele. Ele é um personagem perdido, violentado, mas não é e não se deixa ser oprimido.
Leia mais: Crítica de "Ana"
“Ana” é um filme nacional independente, dirigido por Marcus Faustini, que teve sua primeira exibição no Festival do Rio. O filme aborda a história de Ana, uma jovem que mora no subúrbio carioca e ganha a vida sendo passeadora de cachorros na Zona Sul do Rio. Porém, ao mesmo tempo, Ana precisa lutar e proteger o seu irmão Diego, que estuda teatro e começa a se expressar pela arte drag, de ataques homofóbicos. O longa é protagonizado por Priscila Lima, Gustavo Luz e Vinicius de Oliveira.
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