No dia 6 de setembro, sexta-feira, estreia o espetáculo “Vereda da Salvação”, no Teatro Nair Bello, às 21 horas. A montagem é um estudo sobre a obra de Jorge Andrade com direção de Hugo Coelho, tendo no elenco os alunos formandos da Turma M6B da Escola de Atores Wolf Maya. A temporada segue até o dia 15 de setembro, sempre às sextas-feiras e sábados, às 21 horas, e domingos, às 19 horas.
A peça “Vereda da Salvação” foi escrita por Jorge Andrade no começo dos anos de 1960, sendo baseada nos trágicos acontecimentos ocorridos em 1955, no povoado de Catulé, no nordeste de Minas Gerais. No enredo, uma comunidade troca de religião, abandona a igreja “dos padres” e abraça a Igreja do Advento da Promessa. Abatidos pela miséria, pelo trabalho extenuante de sol a sol, não recompensado, buscam na fé religiosa uma redenção, um conforto, uma promessa de dias melhores, mesmo que esses dias estejam para além da vida terrena.
Segundo o diretor Hugo Coelho, o texto de Jorge Andrade tem muito a dizer sobre os dias de hoje. “A nossa montagem não é uma crítica à religião, muito menos uma reprovação a esta ou àquela religião, mas uma crítica contundente ao fanatismo. O fanático não distingue o outro, não consegue ter empatia, só é capaz de reconhecer a si mesmo, além de legitimar o uso da força para impor suas crenças”, comenta.
Hugo explica que esta obra foi uma escolha da turma M6B, abraçada por ele com a paixão que o texto merece. Denso, poético, trágico e pleno de brasilidade, “Vereda da Salvação” é ainda, sob muitos aspectos, um retrato do Brasil. “Somos um povo que transita entre o sagrado e o profano com a mesma desenvoltura. As festas religiosas e o carnaval convivem ou deveriam conviver em harmonia assim como todas as profissões de fé, sejam elas católicas, evangélicas, muçulmanas, orientais ou de matriz africana”, reflete o diretor. “Mas alguma coisa está mudando no nosso Brasil, a intolerância ganha espaço, o preconceito verticaliza seu discurso, o ódio ocupa o lugar do debate e da troca de ideias. Esses radicalismos, ao longo da história, levam inevitavelmente a um confronto onde não há vencedores. Oxalá que tenhamos discernimento e possamos aprender com este belo texto”, finaliza Hugo Coelho.
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