Jane Austen foi uma escritora britânica que viveu em uma sociedade marcada por guerras, revolução industrial e crescimento da economia, porém, como mulher, era relegada a superfície da comunidade em que estava inserida.
Ainda que os romances escritos por ela pareçam ser levianos, o fato de escrevê-los já dá profundidade a eles. Uma escritora em uma época em que mulheres eram criadas apenas para casar e se tornar um adorno de seus maridos é algo memorável. Jane contava o que via de sua sociedade. Muito se criticou em sua obra o fato dela não falar sobre guerras, revoluções e outros importantes assuntos que eram efervescentes em sua época. Só que como mulher, Jane não os viveu. Ela escrevia sobre coisas das quais conhecia.
Seus livros eram sobre mulheres, sobre suas dúvidas, seus dramas e seus amores. Austen podia não falar sobre assuntos profundos relacionados a época, mas houve em todas suas obras questionamentos que muitos anos depois seriam feitos com frequência. Ela colocou em cheque o papel feminino na sociedade patriarcal. Fez indagações que na época não cabiam em lugar algum, posicionou a mulher no ciclo social e enfrentou a tese de que não havia espaço para ela.
Mesmo nunca tendo assinado um livro com seu nome, ela foi reconhecida como autora deles, seja por sua indiscreta família, que gostava de dizer que ela os escrevia mesmo, seja por assumir quando era perguntada. Suas personagens eram pessoas fortes, atuantes e destemidas. Em Orgulho e Preconceito, talvez a obra mais famosa de Jane, sua mocinha, Elizabeth, era contestadora e inteligente. Através dela, a autora levantou pontos de debates fortes contra a sociedade patriarcal na qual estava inserida. Lizzie, como a personagem era mais frequentemente chamada, negou dois pedidos de casamento quando eles poderiam representar a estabilidade econômica para ela. Negou-os porque não queria ter um casamento arranjado por contrato ou, pior, por situação financeira. Ela não queria ser uma esposa prêmio. Mesmo enquanto se apaixonava pelo Sr. Darcy, o mocinho do livro, ela se impôs como mulher, como ser humano, que merecia ser amada, respeitada e ouvida como seria qualquer homem.
Em outros livros, questionou o fato de quem sempre escrever ter sido homens, então eles sempre contaram suas histórias de seu ponto de vista, por isso não haviam muitas mulheres com pontos positivos em grandes obras de nenhum autor. Austen escreveu sobre personagens engraçadas, mesquinhas, românticas, espertas, curiosas. Ela lhes deu nomes, características, histórias, vontades, amores e desamores. Principalmente, Austen lhes deu voz. E ainda que seja imensamente criticada por falar de dúvidas humanas e não de Napoleão, como queria muitos críticos atuais ou não, Jane tem uma profundidade pouco encontrada em livros antigos. Ela podia não ter dado tanta ênfase as guerras, mas criticou, questionou e debateu o machismo e o desdenho que mulheres sofriam.
Obviamente, não dá para classificar Jane Austen como uma escritora feminista. Ela não sabia sobre o movimento, que só foi criado algum tempo depois de sua morte prematura, ela morreu com 40 e poucos anos, mas é sim um grande feito para a literatura. Ao reconhecer-se como autora dos livros, Jane assumia não ter vergonha, não ter medo de retaliações nem do preconceito que suas obras poderiam causar. E ao assumir que escrevia, ela também se identificava, também se colocava em um patamar que deveria ser respeitado por todos e imitado por outras mulheres: o de profissional que merecia respeito e elogios por sua carreira.
Hoje, suas histórias são reproduzidas no Teatro, na TV e no cinema. Jane Austen foi um grande marco para literatura como escritora e para o mundo como mulher de fibra e coragem.
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