Ao mesmo tempo que foi saudado como a salvação do Rock (aquela velha conversa que surge de tempos em tempos desde o final dos anos 70), o Greta Van Fleet também era acusado de ser um plágio desavergonhado do Led Zeppelin. Discussões não faltaram entre os que consideravam válido uma banda, mesmo sem originalidade apresentar para a nova geração os elementos que constituem o rock n’ roll tradicional, cuja perda da popularidade agora parece mesmo irreversível, e os que defendiam o fato de os rapazes obterem qualidade da forma mais fácil, emulando uma das maiores bandas de rock que já existiram.
Foi sob um misto de polêmica e hype que os rapazes debutaram no Lollapalooza, na edição 2019. Ali, mesmo sem serem os headliners, foram sem dúvidas uma das atrações mais esperadas.
Pulamos para 2024 e o GVF agora ficou incumbido da tarefa de fechar o festival, no domingo às 22h50 no Palco Samsung Galaxy, logo após o show de SZA. Passado todo o burburinho, era possível constatar uma presença sólida de fãs da banda (ao que tudo indica o fandom se encorpou de lá para cá, embora nada comparado ao público de Sam Smith naquele mesmo palco horas antes) e alguns curiosos da velha guarda querendo conferir de perto aqueles garotos que fazem um som à moda antiga.
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A banda americana é composta por três irmãos Josh Kiszka e Jake Kiszka (vocal e guitarra, respectivamente), além do irmão mais novo Sam Kiszka (baixo e teclado) e um amigo de infância Daniel Wagler (bateria). Segundo os próprios, o que os levou a tocar o hard rock clássico e bluseiro foram os discos dos pais. E afirmam que ouviam de tudo na discoteca dos pais, incluindo jazz e música erudita.
Pode até ser, mas que aos primeiros acordes de “Falling Sky”, música que abriu o show (em especial a bateria), fica nítido quem serviu de inspiração, é inegável. A faixa faz parte do último disco da banda, “Starcatcher”, lançado em 2023. Até se pode dizer que nem é tão idêntica ao Zepp assim, mas o que dizer de “Safari Song”, em que Josh incorpora todos os maneirismos de Robert Plant desde o berro à la “Whole Lotta Love” à entonação quando canta “Oh mamma when ya come on down”. Jake também não tem o menor receio de mimetizar Jimmy Page nos trejeitos com a guitarra e na indumentária. E nem economizou em firulas como tocar o instrumento na nuca. Até Sam deixa o baixo e recorre aos teclados em algumas músicas, como John Paul Jones fazia.
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A estrutura da apresentação se assemelha à dos shows do Led Zeppelin, com solo de bateria (desnecessário apontar a semelhança com os de John Bonham), introduções estendidas como as de “Meeting the Master” (com “Norwegian Wood” dos Beatles) e “Light My Love”, e CODAs estendidos, no caso, em “The Archer”, com snipet de “Lay Down (Candles in the Rain)”, de Melanie Safka. Nessa última o guitarrista desceu no pit para delírio dos fãs.
Foi um show curto, com apenas 11 músicas em uma hora e dez minutos. Iniciada às 22h50 conforme previsto, e encerrando à meia-noite em ponto, afinal, segunda-feira é dia de trabalho. O setlist dá algumas mostras do novo álbum (três músicas no total) e não deixou os sucessos de fora como “Black Smoke Rising”, “Heat Above”, “Highway Tune” e “When the Curtain Falls”, que encerrou a apresentação.
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O quarteto americano provou nesse desfecho roqueiro do Lollapalooza Brasil 2024 que, por mais que falte originalidade, sobra talento para realizar um show energético, que remete à época em que o grande chamariz estava na música e na atmosfera, e não em grandes efeitos e palcos mirabolantes. Parafraseando o título em português que o filme do Led Zeppelin “The Song Remains The Same” ganhou no Brasil, O Greta Van Fleet mostrou para a atual geração que “rock é rock mesmo”.
Imagem: Divulgação/Lollapalooza (Crédito: Flashbang/Camila Cara)
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