Lollapalooza 2024 | Titãs encerram o projeto Encontro com show impecável

Titãs Encontro: O Fim de Uma Epopeia

“Titãs Encontro”, turnê que reuniu os membros da formação clássica dos Titãs (exceto, claro, Marcelo Fromer, morto em 2001) foi sem dúvidas o melhor show nacional de 2023. Após uma série de quase 50 shows, encerraram a epopeia na noite de ontem (23) no Lollapalooza 2024 com honras de headliners, sendo o último show da noite, no Palco Samsung. Apesar de ser um show de festival, e não para seu público exclusivo, os paulistas tocaram em casa, com o cenário bastante favorável.

Pontualmente às 22h35 (horário marcado para o show) Arnaldo Antunes, Nando Reis, Sérgio Britto, Branco Mello, Tony Bellotto, Paulo Miklos e Charles Gavin entram no palco se posicionando em frente imenso telão de LED ao fundo, todo de branco, projetando a silhueta dos sete – imagem que virou ícone da turnê. Seguindo rigorosamente o roteiro do “Encontro”, “Diversão” abriu a noite, enfileirando os clássicos “Lugar Nenhum”, com o vocalista original Arnaldo, o primeiro integrante a deixar a banda, em 1992, e “Homem Primata”, a cargo do remanescente Sérgio.

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Curado do câncer e com liberação médica para cantar o show inteiro, Branco Mello assumiu o vocal em quatro músicas. Por conta das diversas cirurgias na garganta (incluindo uma mais recente que o permitia participar em apenas duas músicas), sua voz apresenta uma rouquidão acentuada, mas que não chega a comprometer demais, ainda mais com apoio dos backing dos colegas e o coro dos fãs. A primeira faixa com branco no vocal foi a pouco conhecida “Tô Cansado”.

Depois foi a vez de Nando Reis tomar o posto de frontman com “Igreja” e “Nome aos Bois”, música do álbum “Jesus Não Tem Dentes no País dos Banguelas” em que enumera nomes de ditadores e agora ganhou a inclusão do ex-presidente Jair Bolsonaro. Inclusive durante a turnê regular essa música vinha precedida da faixa-título do álbum, que foi suprimida no festival.

Após “O Pulso” e “Comida”, mais uma faixa rara cantada por Branco, “Não Sei Fazer Música”, única faixa de “Tudo ao Mesmo Tempo Agora”, de 1991, seguida de “Cabeça Dinossauro”, faixa-título do clássico de 1986, considerado o melhor álbum dos Titãs.

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Após exibição de vídeos de bastidores de quando Marcelo Fromer ainda era vivo, iniciou-se um set acústico, justamente para lembrar o Acústico MTV, bem-sucedido álbum gravado ao vivo em 1997, quando a banda completava quinze anos de vida. A primeira música do segmento, no entanto, não é do álbum, e sim de “A Melhor Banda de Todos os Tempos da Última Semana”, a faixa “Epitáfio”, que Sérgio Britto compôs junto com Marcelo. Nesse momento o vocalista e tecladista pediu para a plateia acendesse os celulares e foi prontamente atendido por uma constelação. Logo depois os dois maiores sucessos do “Acústico“, “Os Cegos do Castelo“, de Nando Reis, e “Pra Dizer Adeus“, música do disco “Televisão” que não fez sucesso na época mas ganhou as paradas de sucesso na versão anos 90.

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Como o intuito nesse momento do show também era homenagear o amigo falecido, Arnaldo Antunes, que ficou de fora das músicas que não gravou com a banda, volta ao palco com Alice Fromer, filha de Marcelo, e faz com ela um dueto em “Toda Cor”. Eles costumavam cantar juntos também “Não Vou Me Adaptar”, mas essa ficou de Glória.

A festa continuou com os clássicos “Família“, “Go Back“, o cover de “É Preciso Saber Viver“, em homenagem a Erasmo Carlos, “Flores“, que enfrentou problema técnico no microfone de Branco e precisou ser reiniciada, “Televisão“, “Porrada“, “Bichos Escrotos“, “Marvin” e se encerrando com “Sonífera Ilha“.

Paulo Miklos, que se encarregou de ser o mestre de cerimônias durante toda a turnê, confirmou o show do Lollapalooza como o último do “Encontro“, sob apelos dos fãs presentes para que se prorrogasse.

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A maior alegria para os fãs de primeira hora é ver não apenas a formação clássica junta, mas o entrosamento como se eles nunca tivessem se separado. As músicas sendo executadas pelas vozes originais, a dinâmica no palco como nos velhos tempos, até o posicionamento de cada um é o mesmo, as coreografias malucas de Arnaldo, Paulo tocando sax. E Liminha, amigo e produtor da banda, ocupa de forma eficiente a guitarra de base que era tocada por Marcelo.

Embora sem grandes surpresas no setlist (como algumas que apareceram em alguns shows recentes), os Titãs fizeram um show impecável justificando o posto de atração principal (raro entre bandas nacionais). Justo, uma vez que na noite de sábado nenhuma apresentação se equiparou aos heróis locais. Um encerramento com chave de ouro para o revival.

_{Imagem: Divulgação/Lollapalooza (Crédito: Flashbang/Camila Cara)}