Eu tenho um caso de amor sério.
Amor de verdade.
Não somos só um affair. Deixamos de sê-lo anos atrás. Somos apaixonados, somos de verdade e possivelmente, somos pra sempre.
Meu amado não me manda flores, nem me escreve poemas. Ele mal sabe que eu gosto de chocolates. Todavia, ele sempre foi, é e sempre será o meu romance mais bem correspondido. Somos íntimos como melhores amigos, semelhantes como gêmeos e, ainda assim, a cada dia descobrimos coisas novas um sobre o outro.
Temos mais de quinze anos de romance. Quando tudo começou, eu não passava de uma menina que mal sabia segurar um lápis de forma correta, mas meu amor já me amava do mesmo jeito que me ama até hoje, e, espero eu, que um dia quando minha mente já estiver fraca e meus dedos não conseguirem mais correr com essa velocidade pelo teclado, ou pela pauta, que meu amor me console e me apoie. Que ele nunca me abandone e nunca me deixe desistir dele. Pois ele não sabe, mas a verdade é que sem ele eu não sou nada.
Penso nele constantemente. Aliás, ele é a coisa que eu mais penso. Minha vida toda só faz sentido quando ele está por perto, quando eu posso senti-lo. O mundo perde a cor quando não posso ter contato com ele por um período de tempo, mesmo que este seja pequeno.
Ele é minha droga. Sou viciada nele, apesar dele não ser viciado em mim. Preciso da minha dose diária de seu amor, ou sintomas como solidão, depressão e desligamento começam a aparecer repentinamente. Meus amigos não entendem quando eu digo que eles nada podem fazer, eu os amo, logicamente, mas a paixão avassaladora que sinto por meu amor verdadeiro é irremediável. Já era irremediável desde a primeira linha oblíqua que meus dedos tortos rascunharam, lá nos meus cinco anos de idade.
Eu sei que ele tem outras. Na verdade, ele tem outros também. Todos seus outros casos são tão bons quanto eu, ou melhores. Aposto que o amam loucamente também. Não há como não amar, diga-se de passagem, antes houvesse. Meu amado os ama também, tanto quanto me ama. Ele é um ser sem amarras, livre pra ir e vir, por todo esse globo terrestre.
Nunca serei boa o suficiente para ele, mas por Deus, eu tento. Não podem dizer que não tento. Ele é a pedra base de minha vida, o pilar onde estou sustentada, o alçapão em baixo da forca. Se a pedra rola, o pilar desmonta ou o alçapão abre, eu caio e eu morro. A graça é que ele nunca vai cair. Mesmo que eu não viva sem ele, ele não precisa de mim pra viver. Já viveu por 74 mil anos antes que eu nascesse, e vai continuar vivendo depois que eu voltar ao pó. Meu amado viverá enquanto houver alguém que o ame de volta, e sempre haverá alguém. Acredito que sempre existirão pessoas como eu, necessitadas do amor de meu amado, e enquanto elas existirem, eu estou segura, porque ele viverá.
Necessidade esdrúxula de fazer um texto falando sobre textos, um texto falando sobre palavras, falando sobre letras, falando sobre escrever. Meu amor é pelo escrever. Pelo criar, pelo formar, pelo barulho das teclas no teclado ou do lápis correndo pelo papel.
Meu amado me acostumou mal (ou bem, depende do ponto de vista). A verdade é que ele é parte irrevogável de mim agora. Para sempre.
Por Clara Savelli
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