“Eu não tenho tempo” Ouvi essa frase esses dias. Porém, notei que a mesma veio junto de um tom de orgulho, então parei para me perguntar: Por que raios alguém teria orgulho de estar sem tempo? Logo, infelizmente, percebi que também já caí nessa roubada. Digo roubada, pois isso não deveria ser motivo de orgulho. Por que comemorar o fato de não ter tempo pra namorada? Pros amigos? Pra família? Não ter tempo é tão bom assim?
Voltando para casa de ônibus depois da faculdade, fiquei pensando em todas essas perguntas. Sim, atuei em uma das mais velhas cenas clichês existentes entre as pessoas de humanas: Fiquei com a cabeça encostada no vidro, olhando os prédios passarem enquanto pensava. O mais irônico é que faço Sistemas de Informação (risos). Me peguei pensando em todas as vezes que os trabalhos escolares foram feitos de madrugada, as vezes que desmarquei encontro com amigos para fazer algo do serviço, ou deixei de ir ao cinema, pois tinha que resolver “problemas” da empresa. E em todos os casos eu ficava orgulhoso. MAS QUE DROGA! Falei, obviamente não tão alto, mas deveria.
O sistema, no geral, nos ensinou que quanto mais atarefado nós formos, mais sucesso, dinheiro e felicidade teremos. TUDO UMA BABOSEIRA! Mas que acreditamos fielmente. E um dos motivos pelos quais mais acreditamos são os malditos motivadores de palco. SIM, MOTIVADORES! Grandes nomes do empreendedorismo (não citarei nenhum, mas conheço vários) que fazem palestras, lançam livros, gravam podcasts… E sempre o que mais falam é: Acreditem em seus sonhos que tudo dará certo! Trabalhe duro que tudo dará certo! Passei vários dias em claro trabalhando nisso, mas quando olho pra trás, tudo valeu a pena. B-E-S-T-E-I-R-A. Todas frases soltas, logicamente causam impacto, mas não dizem absolutamente nada. NADA! O que é acreditar no seu sonho? Como a tal pessoa acreditou nesse sonho? Precisamos mesmo sempre trabalhar duro para crescer dentro do sistema? NÃO. Não precisamos. Podemos apenas fazer nosso serviço da forma como sempre fazemos, como aprendemos, como iremos ensinar para outrem. Sem pressão para sempre fazer mais, produzir mais, empreender mais… ARGh!
Enfim, essa crônica foi um desabafo e tanto. Além disso, essa viagem da faculdade até minha casa me rendeu boas coisas. Rendeu-me uma boa dose de pensamentos críticos e reflexivos dos quais eu posso me arrepender depois, mas que na hora, ali, naquele momento, valeram a pena. Principalmente por eu ter aquela meia hora para fazê-los. Por fim, ainda pensei mais um pouco na frase: Eu não tenho tempo. Na verdade, ela nem faz sentido, nós temos todo o tempo do mundo, mas a pergunta certa é: Estou usando meu tempo da forma correta? Quero olhar para trás e me lembrar como foi estressante chegar onde cheguei, ou como foi gostoso aquele sorvete com os amigos? Fica a dúvida no ar.
Por Will Bongiolo
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