Se a pessoa já viu um filme em que há um transplante de rosto, ou uma fuga de prisioneiros que escapam usando um avião, ou até mesmo um grupo de terroristas que tomam a ilha de alcatraz onde um ex-agente britânico – desarmado – junto com um cientista do FBI (que nunca esteve em campo) acabam tendo que salvar o dia. Significa que a pessoa está vendo um filme de um dos atores mais caricatos de todos os tempos, Nicolas Cage.
Nicolas Kim Coppola, nasceu em 7 de janeiro de 1964 e é sobrinho do famoso diretor Francis Ford Coppola, porém ele mudou o nome artístico para Nicolas Cage, já que tinha vontade de fazer sucesso por conta de seu próprio talento. Começou atuando em filmes independentes nos anos 1980, como “Picardias Estudantis“, “O Selvagem da Motocicleta” e “Valley Girl“. Todas essas obras deram visibilidade para ele, mas o reconhecimento realmente chegou quando ele estrelou a comédia “Arizona Nunca Mais“, na qual ele fazia o marido de um casal que não consegue ter filhos e acaba raptando uma criança. Esse filme já mostrava o talento do ator para o exagero em todos os sentidos, seja no visual do seu personagem ou nas cenas de catarse e confusão que o protagonista acabou desempenhando.
Nos anos de 1990, ele foi de vez para as comédias e fez “Lua de Mel a Três“, “Atraídos pelo Destino“, entre outras. Até que em 1995, ele protagonizou “Despedida em Las Vegas”, o famoso papel que lhe rendeu o Oscar. Nesse filme, ele interpretava um dramaturgo alcoólatra que acabava se relacionando com uma prostituta. Esse drama que caiu no gosto da crítica, fez com que Cage fosse visto como um dos maiores atores da década, alguém que era visceral e se entregava para seus personagens, quase como uma Daniel Day-Lewis. Bem, pelo menos era esse o pensamento das pessoas na época.
Todavia alguma coisa aconteceu depois desse Oscar e Cage decidiu se aventurar em mais um gênero diferente, que iria lhe render papeis muito mais exagerados. O cinema de ação, poderia ser algum desejo antigo, ou até a busca por novos horizontes que o desafiassem, mas a certeza é que a carreira dele deu um giro de 360 graus. Nessa época, ele fez os filmes “A Rocha”, “Con Air” e “A Outra Face“, um seguido do outro. Todos com personagens cheios de bordões, vários trejeitos e roteiros tão exagerados quanto o próprio ator. Esses blockbusters acabaram fazendo sucesso no cinema e com o passar do tempo se tornaram “figuras repetidas” nos canais de filmes da televisão, mesmo que hoje em dia tenham ganhado um status de “filmes b”, seja por conta do Nicolas Cage, seja por conta de suas histórias que não tinham quase compromisso nenhum com a realidade.
Diversidade e intensidade, essas eram as duas palavras que definiam o trabalho do sobrinho do Coppola nos anos 1990, que nessa época era adorado pelos críticos e também pelos diretores, já que foi nessa época que ele trabalhou com grandes nomes como Brian de Palma em “Olhos de Serpente” ou até o Martin Scorcese em “Vivendo no Limite“. Mas quando chegaram os anos 2000 a carreira de Cage encontrou seu maior obstáculo, as dívidas. Além de pegar papeis excêntricos, parece que o artista estava vivendo um estilo de vida pitoresco e bem caro, já que ele se afundou financeiramente, principalmente com o imposto de renda americano. Isso fez com que começasse um novo capítulo em sua jornada, aonde ele pegava qualquer papel como se não houvesse amanhã – independente da qualidade do roteiro. “O Sacrifício“, “Fúria Sobre Rodas“, “Perigo em Bangkok“, “Caça às Bruxas” e “Reféns” são alguns desses vários exemplos, em que você não vai conseguir achar qualquer coisa boa no roteiro e na direção dos filmes e só vai conseguir talvez assisti-los se quiser rir do Nicolas Cage e suas expressões. A única vez na sua carreira nessa década em que ele não fez um filme que qualquer pessoa consiga achar ruim, foi o “Senhor das Armas“. No drama, com traços de documentário, ele faz um traficante de armas que explica para audiência como funciona o comércio de armas de fogo ao redor do planeta e como ele pode afetar a política mundial.
Também foi nessa década que o ator fez o papel que mais lhe divertiu e deu satisfação de realizar “Motoqueiro Fantasma“, o herói era uma das paixões dele desde a infância, fora o fato que ele sempre quis fazer um filme baseado em histórias em quadrinhos, já que admite que é um nerd convicto e que já teve uma coleção milionária de HQs raras. As duas pérolas em que ele encarnou o motoqueiro realmente não são nada boas, mas resultaram em curiosidades e interessantes notícias sobre os sets de filmagem dos filmes. Em que falavam que Cage tinha entrado no método para sentir o personagem e que carregava imagens voodoo e egípcias nos bolsos, que o conferiam energias misteriosas para que ele entendesse e emergisse no motoqueiro da forma em que era necessário.
Nos anos seguintes, Nicolas Cage fez filmes de aventura da Disney como o “Aprendiz de Feiticeiro” e a franquia “A Lenda do Tesouro Perdido“. Essa parceria com o estúdio fez um relativo sucesso, mas não conseguiu trazer de volta o status de grande astro que ele teve em outras épocas, e até hoje ele ainda está nos brindando com filmes trash em que o espectador muitas vezes não consegue decidir se ama ou odeia, exemplo disso é o filme “Eu, Deus e Bin Laden” onde até o personagem de Cage consegue tirar sarro dos papéis que ele já interpretou.
Se a carreira dessa figura hollywoodiana pode ser resumida de alguma forma, seria como uma “montanha russa”, cheia de gritos, caretas, bizarrices e momentos estranhos. Nicolas Cage hoje em dia pode até ser referência de filmes ruins e papeis caricatos, mas deve ser lembrado que por muito tempo foi visto como uma grande promessa do cinema e era sinônimo de blockbuster ou sucesso de crítica se estivesse envolvido em um filme. Talvez, o mais preciso de se comentar é que ele é um ator que se leva muito a sério, mesmo quando mais ninguém consegue fazer isso.
Por Fernando Targino
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