A psicologia por trás do sobrenatural
Quem assistir ao trailer do filme “Boneco do mal”, e/ou vê o pôster do mesmo, logo vai pensar que trata-se de um novo “Chuck”, contudo se for ao cinema vai perceber que existe muito mais pano para manga do que um simples filme com cunho sobrenatural.
Trata-se de uma história peculiar, diferente, com um toque conservador, capaz de criar uma aflição durante toda projeção. É importante dizer que o filme ganhou um título brasileiro errado, o original “The Boy” ( O Garoto) é muito mais ousado e pertinente a história.
O enredo gira em torno de uma mulher (Greta Evans) que vai para Inglaterra, tentando fugir de seu passado. Ao chegar no país ela acaba aceitando um emprego de babá para cuidar do filho de um casal um tanto quanto excêntrico. O local, completamente afastado, trata-se de uma antiga mansão, aos moldes de um pequeno castelo, onde não existe nenhuma tecnologia, a única comunicação com o mundo exterior é um antigo telefone. Quando é apresentada pela família a tal criança que deveria se encarregar percebe que trata-se de um boneco de porcelana, mas os pais estão convencidos que o mesmo é o filho deles. Precisando do dinheiro, e evitando contrariar a família, ela aceita o trabalho e recebe uma lista com regras para seguir. Quando os pais do garoto saem de viagem ela acaba fazendo tudo ao contrário e ignora completamente os preceitos, deixando o “boneco” de lado. Todavia, a partir daquele momento, coisas estranhas começam a acontecer no local.
Inclusive a própria descrição de uma simples sinopse faz do filme algo normal e/ou batido. Mas, garanto, a produção de “Boneco do mal” é superior a muitos outros filmes do gênero.
A começar pelo roteiro, escrito pela novata Stacey Menear, que consegue brincar com o sobrenatural de maneira leve e acaba causando certa tensão ao público. A narrativa é desconstruída através de diferentes camadas que são, aos poucos, apresentados através de algumas boas reviravoltas. O ponto negativo dentro do roteiro são alguns sustos óbvios que poderiam ter ficado de fora.
William Brent Bell (responsável pelo terror “A Filha do mal”), realiza um filme com paciência e faz com que o espectador também a tenha. Através de travelling’s (movimentos de câmara) passeia pela casa mostrando detalhes importantes para o desenrolar da história, ao mesmo tempo que trabalha planos mais próximos para revelar a expressão das personagens e, principalmente, o estranho/perfeito rosto do boneco.
Entretanto a fotografia de Daniel Pearl é a grande sacada do filme, a carta coringa que eleva com inteligência a realização de Bell a outro patamar ao se divertir com a iluminação, fazendo-a proporcionar mais vivacidade ao boneco imóvel.
A direção de arte e figurino são extremamente impecáveis, tornando-se também um ponto essencial para a verossimilhança e teor psicológico estabelecido no filme. A mesclagem de tons cinzas, com vermelho, marrom e preto, causam uma impressão mais antiquada as cenas e propõe um ar depressivo que propicia grande diferença.
Após anos vendo historias batidas de terror no cinema, preenchidas por clichês e outros exageros, “Boneco do mal” torna- se uma espécie de alegria, bastante significativa para o mercado, e ainda traz um final de certa forma surpreendente.
https://www.youtube.com/watch?v=8Xs1a_Dwsf4
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