A discussão mais forte que tomou conta do famoso Festival de Cannes deste ano foi uma profunda análise entre o Cinema como se é conhecido e os portais de streaming, que cada vez ganham mais espaço junto ao público. O barulho desse tipo de portal é tanto que até mesmo o conceituado diretor espanhol Pedro Almodóvar mostrou-se desconcertado.
Mas, vamos começar falando sobre a origem dos dois. O Cinema, que é conhecido como a 7ª arte, despontou no final do século XIX, com aparatos imensos, filmes mudos, em preto e branco e que comumente não ultrapassavam mais de uma hora de duração. Cada evolução até chegar aos dias de hoje foi uma transformação e um dado significativo. Sincronizar vídeos, fotos, músicas e falas foram tarefas dificílimas e se hoje não se vive sem, até a primeira guerra mundial poucas produções tinham feito isso.
Com a popularização desta arte, o apelo que os filmes promoviam com a platéia que o assistiam, tudo foi crescendo de maneira surpreendente e mostrando-se um valioso negócio. Conforme foi-se investindo, também foi-se lucrando. Em cada década despontava algum tipo de filme e novas tecnologias para testá-los. Algumas novidades foram adotadas pelo público, outras ficaram pelo caminho. A grande verdade é que durante muito tempo só havia uma forma de que um público conhecesse um filme: no cinema.
Porém, essa premissa não é mais única. Há mais de 3 décadas vários filmes vêm sendo gravados e estreados na TV, mas no geral eram filmes fracos e que não encontravam espaço para estrear no Cinema. Só que de alguns anos para cá, está ocorrendo uma migração. Serviços de streamings têm cada vez mais ganhando audiência e com isso, patrocinadores. A pensar seriamente, serviços como Netflix são mais baratos e trazem um retorno quase que instantâneo: está acessível a todos os assinantes que podem assistir no conforto de seus lares quantas vezes quiserem. Aliás, um ponto positivo é esse: quanto mais assistem, melhor; e não há um gasto muito grande com ingressos, por exemplo.
Antigamente, o tipo de serviço que empresas como Netflix oferecia era um agregado: os filmes passavam no cinema e algum tempo depois já estava disponível para quem não assistiu em alguma grande sala. Era lucrativo de todos os modos e não atropelava nenhuma plataforma de exibição. Entretanto, de uns tempos para cá Netflix deixou de ser uma reprodutora para transformar-se em produtora: ela passou a ter uma linha de produção própria. Começou com séries, que estão mudando a forma como elas são transmitidas, produzidas e comercializadas, e agora chegam aos longas também.
E é justamente esse argumento que está causando tantas controversas e foi o discutido por Almódovar. Um filme que não estreou no cinema, que não passou por todo o período que passa uma produção que foi feita para lá, merece a atenção de um longa que estreou em um festival feito para premiar obras da 7ª arte? E a pergunta mais singela de todas: estaria a Netflix lançando uma nova modalidade que ultrapassaria o cinema e a maneira como longas são feitos? Estaria o cinema fadado a morte?
Só o tempo poderá dizer. Não há manual de receitas ou tutorial que explique. Há sim invenções humanas que morreram depois que um objeto mais evoluído foi lançado, mas da mesma forma que o Teatro nunca deixou de existir mesmo com a Tv e o Cinema, todos os portais podem continuar vivendo, apenas necessitam evoluir conforme o público. Almódovar foi um pouco restritivo ao negar a força de serviços de streaming junto ao público, mas ele é um diretor a moda antiga, então é entendível ser mais fechado a esse tipo de evolução.
Enquanto ainda estamos no meio, existe 7 bilhões de pessoas no mundo. Há sim público para todo o tipo de arte, se ajeitar as coisas da maneira correta e o futuro será responsável por dizer qual dessas duas plataformas vão sobreviver.
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