Baseada em história em quadrinhos clássica da Argentina, “O Eternauta” é sucesso mundial
Desde que foi lançada e reeditada através das décadas a história em quadrinhos “O Eternauta” é uma unanimidade em termos de criatividade e se trata do maior clássico argentino da nona arte.
Na sua época com metáforas referente à ditadura, a obra criada por Héctor Oesterheld e ilustrações de Francisco Solano, publicada pela primeira vez entre 1957 e 1959, conta a história de Juan Salvo (Ricardo Darin), um homem comum que parte para o resgate de sua filha quando uma nevasca mortal assola a Argentina e transforma o clima em um estado glacial, ameaçando a sobrevivência de todos ao menor contato.
Após anos de tentativas para uma adaptação de forma adequada em forma de séries ou longa metragens, finalmente foi dado o sinal verde para produção desse verdadeiro patrimônio cultural argentino que tem repercutido entre os fãs de quadrinhos e que, com a distribuição de uma gigante do streaming como a Netflix, o alcance se multiplicou com grande sucesso nas audiências mundiais entre todos os públicos.
LEIA MAIS
O Eternauta | 3 Curiosidades Sobre a Série Argentina na Netflix
Do Cinema à TV, As Mães da Ficção Que Nos Ajudaram a Entender as da Vida Real
Como se trata de uma adaptação é importante frisar que há algumas diferenças, como por exemplo a idade do protagonista Juan Salvo, que na hq é um homem relativamente jovem, tem por volta dos 30 anos, porém a série ganha o reforço do grande astro e prata da casa argentina Ricardo Darin, que está com 68 anos, e um histórico militar que o faz se integrar à trama como um habilidoso combatente.
A casa em que os amigos utilizam como um porto seguro é dele; não de um amigo, e a metáfora mais pungente é sobre a ditadura, mas na série se faz presente a tensão mais relativa ao período da pandemia do Covid 19 e os períodos de isolamento pelos quais a maioria das pessoas enfrentou e que ajuda com a identificação das cenas mais tensas, envolvendo ações e as decisões humanas em situações adversas, como em uma invasão alienígena em larga escala.

Nesse caso avaliando a minisérie, é nítido o esforço da produção para alcançar o escopo de tão grande empreitada, com cenas impressionantes de detritos, várias pessoas mortas nas ruas inertes e cobertas de neve, os cenários ora práticos, ora com efeitos que constroem uma obra de impacto apocalíptico que reverbera nas pessoas que a assistem, porém com alguns pequenos desvios quando aparecem os alienígenas de formas insetóides (que lembram baratas ou besouros) com movimentos nitidamente robóticos.
Mas o grande trunfo é o material humano predominantemente argentino, desde o cuidado com o roteiro, as interpretações naturais e carismáticas de todo o elenco demonstrando emoções e tensões totalmente humanas que tornam essa obra, que embora tenha uma premissa comum em termos de invasão espacial, uma trama com os pés no chão, que nos faz se importar com cada um que faz parte do núcleo principal além de Darin (excelente), temos César Troncoso como o acumulador e ranzinza Alfredo Favalli, que rivaliza em competência, carisma e talento com o protagonista, assim como a bondade pulsante nas atitudes da personagem de Carla Peterson e na imprevisibilidade das ações do Omar de Ariel Staltari.
É uma minisérie que, pelo menos nesses primeiros seis episódios, não presa tanto pelo espetáculo e sim pela experiência humana, no que é muito bem sucedida mesmo lidando com clichês mas destacando as ações do coletivo ao invés da imagem de um único salvador, se desviando da metáfora motriz da sua obra de origem (o período da ditadura argentina), migrando para um mal mais contemporâneo (isolamento humano causado por uma pandemia ou algo divisivo entre as pessoas) e que termina em um gancho que levará a uma segunda temporada já garantida pela Netflix.
E ao julgar pela hq, terá muito mais referências às viagens no tempo que o protagonista enfrentará para ajudar a humanidade e tentar sobrepujar o mal dessa invasão alienígena, pois por enquanto só foram mostradas alguns vislumbre em dejà-vu que só Juan Salvo teve e fará jus ao nome da obra.
Estamos diante de mais um acerto da Netflix que vem de outros sucessos mundiais como “Round 6”, “Bebê Rena” e “Adolescência”, de diferentes nacionalidades que compõem um mosaico de diversidade que faz muito bem ao áudio visual, permitindo que povos de outras culturas se vejam representados.
COMPRE AQUI
Apple iPhone 13 (512 GB)
AirPods 4 com Cancelamento Ativo de Ruído
Esse é o papel da arte e, se houver uma forma de popularizar, mesmo que seja por uma plataforma de streaming, a visão de outros países sobre uma miríade de assuntos, já faz esse veículo valer a pena pelo investimento de tempo e dinheiro.
Imagem Destacada: Divulgação/Netflix (via TMDB)

Quer estar por dentro do que acontece no mundo do entretenimento? Então, faça parte do nosso CANAL OFICIAL DO WHATSAPP e receba novidades todos os dias.
Sem comentários! Seja o primeiro.