Minissérie traz ótimos protagonistas, trama intrigante, mas é apenas satisfatória
Que a Netflix se consagrou como a casa das minisséries de mistério que mais engajam e do gênero true crime, que mais atrai o público dos streamings, ninguém duvida.
O interessante é que, consciente ou não, estreou um produto que mescla de forma divertida esses dois conceitos e é exatamente “O Monstro Em Mim”, com dois atores de primeira brincando de gato e rato em oito episódios que passam voando e divertem até certo ponto.
Os atores Claire Danes, que dedicou por anos seu talento à série “Homeland”, e Mathew Rhys de “The Americans” emprestam carisma e competência de sobra nessa história de uma escritora em luto que se encontra com um milionário ambíguo e controlador — que vem a ser seu vizinho — no campo por conta de uma suspeita de assassinato que instiga a mídia e as pessoas a sua volta.
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Taí o combo que pode atrair as pessoas ao produto e a química entre os dois vale a pena!

Claire é uma das atrizes mais expressivas de sua geração e realmente entrega uma gama absurda de emoções, cheia de nuances, porém às vezes chega ao limite da super representação, mas nos mantém ligados em todos os passos da escritora Agatha “Aggie” Wiggs, autora de um único best seller em que disseca seu relacionamento perturbador com um pai ausente, abusivo e que está há algum tempo de luto por um trágico acidente envolvendo seu filho que lhe custou seu casamento com a doce Shelley (Natalie Morales).
Ela vive em uma mansão no campo que está cada vez mais decadente, com raízes adentrando os encanamentos e gerando um cheiro insuportável, além de dívidas cada vez maiores pelo bloqueio criativo que enfrenta e não a permite entregar sua próxima obra.
Já Mathew com seu Nile Jarvis é o típico milionário autossuficiente da construção imobiliária, arrogante, que não se furta de humilhar ninguém ao seu redor simplesmente por geralmente ser o mais esperto na sala. Seu personagem se muda para perto da escritora e bater de frente com o ceticismo e observações argutas de sua recém-vizinha, que é a única a não se curvar ao seu desejo de construir uma pista de corrida no campo e ser capaz de enfrentá-lo em debate verbal por mais de cinco minutos ou seja, tão afiada como ele.
Astuto, observador e manipulador, Nile vê em Aggie alguém com quem tem interesse em brincar de gato e rato enquanto tenta se resguardar de uma mancha causada pelo desaparecimento suspeito de sua bela esposa anterior, o que divide a opinião pública justamente quando ele está tentando fechar um negócio que pode definir seu legado e o da sua empresa com os mais altos custos financeiros e familiares.
O que podemos esperar de “O Monstro em Mim”
E está montado o palco onde os dois, a princípio estranhos, se veem cada vez mais como um espelho em determinados aspectos, mas no decorrer da trama as coisas vão ficando um pouco mais previsíveis e, claro, decodificadas pelos alguns clichês que até são esperados em uma trama como essa, mas parece que os realizadores fazem questão de que eles permaneçam: agente da lei perturbado por ver o milionário suspeito escapar das suas garras e se tornando alcoólatra/renegado? Temos!
Mulheres sendo tratadas como “loucas”, “delirantes” ou simples “acessórios”? Tá lá.
Parentes suspeitos, pais ausentes e/ou abusivos que possam “justificar” alguns deslizes de personagens? É só esperar.

Um combo programado, porém o produto tem sorte em contar com esses dois protagonistas que passam ilesos e conseguem superar o roteiro, às vezes esquemático e filmado com uma cinematografia apagada, que não vai além de um produto seriado e nem faz questão de se destacar nem apontar nada além do que vemos na tela, além da trilha sonora apenas pontual e protocolar.
Ou seja, apostaram tudo nos protagonistas e se deram bem, pois os coadjuvantes não vão muito além do que estão destinados a serem ou a fazerem, um desperdício do veterano Jonathan Banks (“Breaking Bad”) e até de Britanny Snow, que faz o que pode como sua atual esposa troféu que começa a perceber sua real condição no relacionamento.
Mas nada que prejudique a diversão e o embate que realmente interessa, que é entre os dois protagonistas com os melhores momentos e frases do show e que até os últimos minutos se desafiam no limite.
Mais uma interessante adição semanal ao vasto catálogo da Netflix que, a depender da procura pelo conteúdo do “quem matou” ou do simulacro de um conteúdo true crime, pode se tornar o próximo sucesso na plataforma e se tornar o mais novo sucesso na plataforma, pois intriga e diverte.
Imagem Destacada: Divulgação/Netflix

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