Em relato sincero e bem-humorado, icônico guitarrista Ritchie Blackmore sobre amizade com o lendário baterista do
Led Zeppelin, Black Sabbath e Deep Purple formaram aquilo que muitos consideram a “santíssima trindade” do hard rock. No final dos anos 1960 e início dos 1970, essas três bandas abriram caminhos decisivos para o gênero e influenciaram incontáveis artistas que viriam depois.
Apesar de terem surgido quase ao mesmo tempo e de compartilharem palcos e circuitos semelhantes, cada grupo mantinha sua própria identidade. Ainda assim, era inevitável que seus membros se cruzassem em bares, festivais ou encontros informais. Robert Plant e John Bonham, por exemplo, vinham da mesma região da Inglaterra que os integrantes do Black Sabbath, e chegaram até a participar juntos de uma lendária jam session.
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O Deep Purple orbitava um pouco fora dessa convivência mais próxima, mas Ritchie Blackmore, guitarrista original da banda, desenvolveu amizade com Bonham. Em uma entrevista ao futuro jornalista da Classic Rock, Neil Jeffries, em 1995 (via Classic Rock), ele relembrou momentos marcantes ao lado do baterista do Zeppelin – e não deixou de revelar o que pensava sobre ele.
“Eu costumava ser muito amigo do Bonzo”, contou Blackmore. “Nós ficávamos bebendo no [famoso bar de rock’n’roll de Los Angeles] The Rainbow e ele estava ou muito animado e bêbado ou muito deprimido. Ele costumava me dizer: ‘Deve ser muito difícil ficar lá parado e tocar: ’der-der-derr, der-der, de-derr’ [Smoke On The Water].’ E eu respondia: ‘É, quase tão difícil quanto fazer: ‘duh-der duh-der dum’ [Whole Lotta Love]. Pelo menos a gente não copia ninguém!’”
A conversa, regada a provocações, não parava por aí:
“Então ele dizia: ‘Do que você está falando? Isso é besteira! Eu sei exatamente de onde você tirou esse “duh-der duh-der dum”; você pegou de [Hey Joe, de Hendrix], só colocou em outro ritmo.’ E ele continuava pensando: ‘E Immigrant Song foi [outra música de Hendrix] Little Miss Lover.’ Eu dizia: ‘Do que você está falando?’ E ele fazia: ‘Bom-bobba-didom ba-bom bobbadidom…’ Ele não estava feliz, mas foi ele quem começou.”
Entre discussões musicais e copos de bebida, havia também momentos curiosos de reconciliação imediata. Blackmore recorda:
“Depois fomos ao banheiro. Estávamos lá, mijando, e ele me perguntou: ‘Rich, você quis dizer mesmo tudo aquilo?’ Eu respondi: ‘Não, na verdade não, eu só estava rebatendo.’ E ele disse: ‘Ah. Eu também não quis dizer nada daquilo. Tem espaço no topo para todo mundo.’ Então continuamos mijando, descemos e voltamos a beber.”
No fundo, segundo Blackmore, Bonham parecia gostar desse tipo de embate:
“Mas ele adorava. Era o tipo de cara que gostava de confronto, e eu sempre dava o troco. Mas eu sempre me lembro quando ele disse que nós tínhamos pegado pedaços de outras pessoas, então eu contei de onde ele tinha tirado as coisas dele. Foi interessante ver a cabeça dele funcionando: ‘Pagey, seu bastardo. Agora eu sei!’”
Blackmore deixou o Deep Purple em 1975, retornou em 1984 e saiu definitivamente em 1993. Já Bonham faleceu em setembro de 1980, após uma maratona de consumo de álcool, encerrando de forma abrupta a trajetória de doze anos do Led Zeppelin.
Imagem Destacada: Divulgação/Ritchie Blackmore (via Instagram) e Led Zeppelin (cortesia da Rock and Roll Gallery, fotografia por Jeffrey Mayer)
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