O rock adolescente esta vivíssimo

Estreante no festival e no Brasil, Olivia Rodrigo fez um show digno de headliner na primeira noite do Lollapalooza 2025, Palco Budweiser. Em um dia marcado por muita confusão com interpéries e organização da line-up, essa foi a maneira de sarar todas as feridas em uma performance histórica.

Favorita indisputável fez show à altura do público apaixonado que esperou 5 anos por sua vinda

O show, ou a maratona, de Olivia começara muitas horas antes da californiana subir ao palco: assim que os portões se abriram às onze da manhã, uma multidão com camisetas, bandanas, maquiagem temática, e bandeiras se aglomerou em frente ao Palco Budweiser – alguns até vocalmente descontentes por perderem o show do Jão, no palco ao lado; porém não dispostos a largarem um ponto privilegiado pra ver a sua diva de perto (mesmo que diante da chuva).

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Como era de se esperar, Rodrigo entrou alguns minutos depois no palco, mas fazendo valer a pena a longa espera, começando em alto astral com uma trinca do seu segundo álbum de estúdio: “obsessed”, “ballad of a homeschooled girl”, e o lead single “vampire”, já dava para ver que, destarte o menor sucesso comercial do álbum (comparado ao primeiro, que é um total fora da curva), os fãs cantavam com o mesmo vigor cada faixa e trecho.

Ela também provocava: “Ouvi dizer que o Brasil tem a maior plateia do mundo, é verdade? Vocês tem que me mostrar isso essa noite”, mas também se deixava provocar — em contexto, ao longo do show por vezes se ouvia o coro “Olivia, eu te amo!”, ao que ela eventualmente respondeu: “Para, gente, vocês estão sendo muito fofos. Eu tô menstruada, vocês vão me fazer chorar, tá?”.

A melhor resposta, contudo, seria não verbal. Durante a quarta música, “drivers license”, seu primeiro hit global, e que chegou a calá-la com um sorriso no rosto diante do alto volume da plateia. Esse fenômeno se repetiu outras vezes, mas programadas, com a californiana pedindo gritos e recebendo berros de se estourar tímpanos, durante suas faixas mais puxadas ao rock.

Há uma certa recusa, quando não soberba em disfarce por parte da crítica com artistas como Olivia: se não se diz com todas as letras diminuindo o conteúdo, há uma frequente adjetivização de forma como artistas jovens, como angústia adolescente (sobretudo feminina) é retratada com desdém, algo passageiro e histérico — como é que se pode reclamar de um público jovem em um festival como o Lollapalooza? Não por acaso, não foi difícil ouvir comentários elogiosos em tom condescendente na sala de imprensa; ainda temos que melhorar muito.

O saldo é muito positivo. O show é bem coreografado, Olivia sabe entreter o público com um carisma de “diva acessível voz e violão” — que vem sobrepondo zeitgeist anterior do pop desde o final da última década — e só tem evoluído desde o início da carreira, quando era criticada pelo desempenho vocal em performances ao vivo. Se tivéssemos que botar algum defeito? A baqueta que escapou da mão desse quem vos escreve.

O novo sempre vem!

Confira a setlist do show de Olivia Rodrigo

Tal como havíamos feito uma prévia com base em sua setlist do Lolla Chile e Argentina, a cantora se manteve ao repertório ensaiado, com talvez uma surpresa: assim como em Curitiba, ela não performou a faixa “Don’t Speak”, cover do No Doubt.

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• 1. obsessed
• 2. ballad of a homeschooled girl
• 3. vampire
• 4. drivers license
• 5. traitor
• 6. bad idea right?
• 7. love is embarassing
• 8. pretty isn’t pretty
• 9. happier
• 10. lacy
• 11. enough for you
• 12. so american
  [Apresentação da banda]
• 13. jealousy, jealousy
• 14. favorite crime
• 15. teenage dream
• 16. deja vu
  [bis; interlude com “Ring of Fire”]
• 17. brutal
• 18. all-american bitch
• 19. good 4 u
• 20. get him back!
  [Em gravação: intrumental de “Can’t Catch Me Now]

_{Imagem: Reprodução/Lollapalloza (Via Instagram:/Crédito: Matías Salinas Hernández)}