Há exatos 30 anos, em 4 de fevereiro de 1995, os Rolling Stones se apresentavam em um Maracanã lotado com direito a transmissão na Rede Globo. Era o derradeiro show da etapa brasileira da turnê Voodoo Lounge, que divulgava o álbum homônimo de 1994.
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Os Stones eram, dos grandes nomes da música pop, o que faltava se apresentar por aqui. Já tinham vindo o Queen em 1981, em São Paulo, que depois voltou no Rock In Rio de 85, o Kiss em 1983, Paul McCartney em 90, Michael Jackson e Madonna em 93, mas só mesmo em 95 que as pedras rolaram na Terra Brasilis. A banda viria 20 anos antes, em 1975, mas por conta de temor pela segurança dos integrantes e dos equipamentos, a turnê foi cancelada – lembrando que na época o Brasil era mato, pelo menos era o que acreditavam os gringos.
A Voodoo Lounge foi abarcada pelo finado festival Hollywood Rock, que acontecia anualmente (a partir de 1993, até 1992 era bienal) em São Paulo e no Rio. Mas a marca acabou ficando eclipsada diante do ineditismo e do gigantismo do primeiro show dos Stones no Brasil.
O primeiro show aconteceu no Estádio do Pacaembu, em São Paulo, em 27 de janeiro de 1995, debaixo de chuva torrencial, pior do que a que caiu no show de Porto Alegre de 2016. A princípio seriam duas datas no Morumbi, mas uma interdição no estádio a menos de duas semanas, por conta de fissuras nas cadeiras da arquibancada fez com que houvesse a mudança de local. Daí, com um local menor, São Paulo recebeu um show a mais no dia 30 de janeiro, além dos já programados para 27 e 28, e foram mantidos os dias 2 e 4 de fevereiro no Rio.
A segurança era reforçada. Os músicos costumam alterar o itinerário entre o hotel e o local dos shows, e andar escoltados por viaturas da polícia e carros da segurança particular. “Todos os dias, eles lembram o que aconteceu a John Lennon”, disse o chefe de segurança Maxwell Smith ao jornal O Globo, em 5 de fevereiro.
O palco da turnê Voodoo Lounge era uma estrutura monumental. Desenhado por Mark Fisher, papa do design de palcos de turnês que também trabalhara com U2 e Pink Floyd, tinha 72 metros de largura, 26 de profundidade e 32 de altura (o equivalente a um prédio de 11 andares) e um telão Jumbotron de alta definição (para a época, é claro) com 12 metros de altura. Para montá-lo, foram necessários 150 técnicos estrangeiros e 200 operários brasileiros, que se revezaram ao longo de cinco dias.
Na parte de trás do palco, o backstage se constituía de 30 salas — só a de ginástica, usada exclusivamente por Mick Jagger, tinha 30 metros de comprimento por 3 de largura. Eram 11 camarins, todos com ar-condicionado, geladeira e aparelhos de som e TV. Entre outras exigências, os Stones pediram uma mesa de sinuca, outra de pingue-pongue e cinco modelos de videogame de última geração. Para beber, de suco de maçã a vinho francês, passando por vodca, cerveja e tequila.
Obedecendo a configuração do festival da Souza Cruz, os Stones eram precedidos, nesta ordem, por Barão Vermelho, Rita Lee e Spin Doctors.
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O show transmitido pela Globo não se diferenciava no setlist do que fora apresentado na turnê até ali. Abria com Not Fade Away, cover de Buddy Holly que a banda gravou em seus primórdios, seguida da clássica Tumbling Dice, do álbum Exile On Main St e de You Got Me Rocking, a primeira do álbum Voodoo Lounge a constar no repertório. Nessa tour, o hit absoluto Satisfaction, que costuma sempre fechar as apresentações dos Stones, apareceu relativamente cedo, foi a sétima música. Quando Mick Jagger se dirigiu ao público dizendo “bem-vindos à Voodoo Lounge” era a senha para acreditarmos que o sonho era real. Cinco anos depois de um ex-Beatles, estávamos vendo os Rolling Stones diante de nossos olhos no mesmo Estádio Mário Filho (nome civil).
O palco, que se assemelhava a uma usina pós-apocalíptica, era um show à parte. Anunciava a entrada da banda com uma serpente de metal de 30 metros de altura na lateral à direita cuspindo fogo. Em Sympathy For the Devil, quando Jagger surge vestido de mestre vodu, e uma iluminação vermelha, que se tornou tradição na canção, bonecos infláveis gigantescos surgiam no palco – Elvis Presley, Nossa Senhora, um padre, um gnomo, um relógio e uma cabeça de bode. Em Street Fighting Man eles começavam a se movimentar, com Elvis tocando violão. Ao final da última música, Jumping Jack Flash, queima de fogos de artifício. Não havia dúvidas que tínhamos assistido mesmo ao “show do milênio” como a propaganda alardeava.
Curiosidades:
Charlie is my darling
Charlie Watts era o único que já tinha vindo ao Brasil para fazer shows (Mick Jagger e Keith Richards apenas a turismo). Ele tinha vindo a passeio em 1976, inclusive assistiu a um Fla-Flu e veio em 92 com a sua banda de jazz, pra 2 shows no Rio de Janeiro, 3 em São Paulo e 1 em Curitiba. Haveriam mais dois shows em São Paulo, mas foram cancelados assim como o que aconteceria em Belo Horizonte e o de Porto Alegre datas. Parece que os cancelamentos foram por falta de público. Talvez por ser o único Stone a se apresentar para os brasileiros, ele foi o músico mais aplaudido nos cinco shows, ficando visivelmente emocionado.
Do lado do gol mil
No Maracanã, Keith perguntou de que lado do campo o Pelé marcou seu milésimo gol. Quando soube que tinha sido do lado em que o palco foi montado, o guitarrista ficou emocionado.
Treta
Jagger e Richards estavam brigados na época. Não se falavam no hotel nem nos bastidores e no palco também praticamente não interagiam.
Precursora de Luciana Gimenez?
De acordo com matéria publicada em 30 de janeiro de 1995, a modelo Valéria Bretanha, que encarnava a Miss Brasil 2000 no show de Rita Lee, na música que leva esse título, conseguiu a um passe livre para o camarim de Mick Jagger, aparentemente, após o último show da banda em São Paulo.
Ela teria ficado ali por 15 minutos, recebeu no rosto dois beijinhos do vocalista dos Stones e os dois conversaram em espanhol, sozinhos, mas de portas abertas.
“Ele é muito simpático e muito sexy. Nunca o expulsaria da minha cama. Ele poderia entrar quantas vezes quisesse. Seria o único que teria passe livre”, disse ela. Reza a lenda que ela teria sido o motivo de a nossa rainha do rock ter ganhado as honras de show de abertura no lugar de Spin Doctor no segundo show no Maracanã, e não as vaias e algumas garrafas de plástico atiradas no palco durante a apresentação da banda americana no dia 2.
Na vinda seguinte da banda, três anos depois, Jagger se encantaria por outra beleza brasileira, a modelo e apresentadora Luciana Gimenez, e o final todo mundo sabe…
Imagem: Reprodução (Crédito: Marcia Foletto / Agência O Globo)
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