O filme mais recente de Quentin Tarantino, “Os Oito Odiados”, exibido nos cinemas em Janeiro de 2016 é mais que um simples western, ele deixa claro que Tarantino não é apenas um diretor, roteirista e produtor, mas sim um gênero cinematográfico. O filme tem tudo que um clássico do diretor precisa ter e é por isso que se sobressai: tem uma narrativa não linear, é dividido em capítulos, é bastante violento, tem um elenco incrível, a trilha sonora é perfeita (inclusive ganhou um Oscar), diálogos que vidram qualquer um e um tema histórico envolvido.
Para quem ainda não viu a sinopse é a seguinte: a história se passa alguns anos depois do fim da Guerra de Secessão, e um grupo de desconhecidos é obrigado a passar a noite numa cabana isolada por causa de uma nevasca. John Ruth, personagem interpretado pelo talentoso Kurt Russel está transportando Daisy Domergue uma foragida perigosa que vale uma recompensa altíssima, ele começa a desconfiar que alguém do grupo está ali para libertá-la e pronto, aí começam as tensões.
O longa também conta com a participação de outros atores muito bons, inclusive uma marca de Tarantino: escalar um elenco sempre muitíssimo competente e com algumas figuras um pouco esquecidas. Nesse grupo temos Samuel L. Jackson que interpreta o Major Marquis Warren, militar negro que representa a vitória contra os escravagistas, Jennifer Jason Leigh, a procurada Daisy Domergue, Walton Goggins com o personagem Chris Mannix, a parte cômica do filme, Tim Roth que também trabalhou com o diretor em cães de aluguel interpretando Oswaldo Mobray, entre outros.
Os Oito Odiados tem trilha sonora de ninguém mais ninguém menos que Ennio Morricone, que não fazia trilhas para gênero de Faroeste há muitos anos. O compositor também trabalhou com Tarantino em “Bastardos Inglórios” e “Kill Bill Vol. 2”. A trilha sonora já dá desde o início a ideia de que algo muito ruim está para acontecer e foi o único Oscar faturado pelo filme.
Porém, “Os Oito Odiados” foi bastante criticado por ter uma narrativa muito parecida com “Cães de Aluguel” (primeiro filme do diretor) e também por ser muito longo (são quase 3 horas de filme) e pela violência. De fato essas críticas estão corretas, porém há defesa para elas. Nos EUA o filme foi exibido nas telonas com intervalo, pois além de ser muito longo o rolo de filme do projetor precisava ser trocado já que o filme originalmente não é digital e sim filmado em 70mm. E é muito parecido com “Cães de Aluguel” sim, só que de uma maneira extremamente mais madura e claro com suas particularidades, o tema central é o mesmo mas os personagens são muito diferentes, o drama deles e o ambiente também diferem. Sobre a violência, quem reclamou sabia que estava indo ao cinema para assistir um filme do Tarantino? Porque esse é o oitavo filme dele, já era para vocês terem se acostumado.
O filme foi feito para quem é fã, e isso é muito claro quando ele junta elementos muito característicos do diretor. Não é um dos melhores filmes dele, mas se sobressai porque tem a cara dele e ele fez o que faz de melhor. Além disso é uma trama que chama muita atenção para o roteiro, também escrito pelo próprio, é claro. É fácil perceber isso quando um filme um pouco claustrofóbico que se passa em praticamente um só ambiente te prende pela história e principalmente pelos diálogos.
Por Leticia Nunes
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