Com o remake de IT e com a volta do Pennywise – possivelmente o palhaço mais assustador da história do cinema – o tópico coulrofobia (fobia de palhaços) voltou a ser visto na internet. Criaturas que, em teoria, deveriam trazer felicidade e alegria, trazem pavor a muitas pessoas. Mas a questão é… Por quê?
Seres com fantasias e com comportamento fora do que é aceito socialmente já existem desde pelo menos o Egito antigo. Bobos da corte, por exemplo, são um bom exemplo de “palhaços” antigos, ou da construção do que conhecemos hoje em dia como tal. Aliás, o termo palhaço foi visto pela primeira vez nas peças de Shakespeare, lá em 1500, sendo o termo usado como descrição para seres tolos em suas obras. Já o palhaço como nós conhecemos, com a cara pintada e roupas extremamente coloridas e largas foi criado no século 19, e pouco mudou desde então. Mas tudo isso ainda não explica o motivo de eles serem perturbadores. É aí que a psicologia entra:
Seria algo cultural? Sim e não. Culturalmente falando, os palhaços ficaram oficialmente assustadores depois dos anos 1970, quando John Wayne Gacy foi descoberto. Gacy, além de trabalhar na área de construção e ser um ótimo vizinho e adorado por todos, também animava festinhas de crianças como Pogo, o palhaço. O grande problema nessa história é que Pogo também era um serial killer que matou pelo menos 33 pessoas em Chicago, enterrando seus corpos em seu porão. Essa história obviamente virou combustível para vários filmes de Hollywood e livros que viriam a seguir. E, assim que algo entra na cultura (mais particularmente no cinema) como assustador, vira assustador para uma boa parte das pessoas. Bons exemplos de filmes de terror com palhaços (além de IT) são “Palhaço Assassino” (1989) e “Palhaços Assassinos do Espaço Sideral” (1988).
Mas não pense que nosso medo é só condicionamento feito pelos filmes de Hollywood: psicologicamente falando, palhaços são assustadores naturalmente. Já percebeu como vários assassinos em filmes de terror usam máscaras? Se você parar para pensar, a pintura facial do palhaço é um tipo não deixa de ser uma máscara. A máscara traz um mistério, pois você não sabe como a pessoa está reagindo de verdade. No caso do palhaço, ele geralmente porta um sorriso, mas ele pode não estar sorrindo de verdade. Além disso, a máscara traz a ideia de identidade falsa; você pode ser quem você quiser. Máscara é um termo bastante simbólico e é muito usado em psicologia, especialmente quando falamos de distúrbios da personalidade. É fato: quando alguém finge ser algo que não é, está usando uma máscara, seja ela “invisível” ou não.
Indo além da questão facial, as cores brilhantes, as roupas largas, o cabelo colorido e desgrenhado, assim como os pés gigantes e o nariz vermelho trazem uma sensação natural de inquietação em nós. Instintivamente, tudo o que nos é estranho (no sentido de anormal) é um risco para a nossa vida, e palhaços são para lá de estranhos. É apenas humano ficarmos em um círculo social com pessoas que são parecidas conosco, e, quando aquele ser que não tem nada a ver aparece, nosso corpo reage, soando os alarmes internos, como que dizendo “essa pessoa não deveria estar aqui”. Além disso, qualquer um que já viu um palhaço na vida, sabe que eles possuem comportamentos inesperados, e que a qualquer momento eles podem te dar uma tortada na cara, contar uma piada sem graça, espirrar água em você ou… te matar? Não tem como saber. Conscientemente, podemos até achar o medo bobo, mas num nível inconsciente não sabemos o que esperar, e é isso que nos traz esse medo.
E é por isso que palhaços são perfeitos para filmes e contos de terror. Claramente, Stephen King sabia disso muito bem ao escrever uma de suas mais famosas obras, IT, que depois teve sua adaptação para o cinema. Afinal, Pennywise é apenas uma das muitas imagens que a verdadeira criatura que assombra Derry toma forma, lembrando que essa forma tem a ver com o medo já existente das crianças. Seria coincidência que ele aparece muito mais na história como o palhaço Pennywise do que como qualquer outra coisa? Podemos dizer que não.
Por Paula M.
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