Apesar de ser uma única obra, “American Crime Story” diferencia bastante sua primeira temporada da segunda. A inicial conta a história do julgamento do ex-jogador O.J.Simpson e seu envolvimento no assassinato da ex-mulher. Já na continuação, mas com uma nova narrativa, é sobre o assassinato do estilista Gianni Versace. Com o caso de O.J sendo brilhantemente desenvolvido tanto pelos atores, como por Ryan Murphy e companhia, a espera pela segunda temporada era grande. Muitos queriam um nível tão alto de brilhantismo como o que foi conquistado no caso de Cuba Gooding Jr (principal) e os demais. Porém, na opinião da mídia estadunidense, que idolatrou a primeira parte, houve algumas críticas mais duras quanto ao desenvolvimento da atual.
Revistas e jornais importantes, como The Wall Street Journal e Time, focaram em contemplar a atuação do vilão, interpretado por Darren Cris, e a estética no geral. Junto as opiniões positivas, também estão a da Variety e do New York Post. Ambos acreditam no crescimento e no brilhantismo igualmente fornecido por Murphy nesta temporada. As pontuações negativas vieram de poucos, por exemplo, do Orlando Sentinel, em que destaca um esforço excessivo dos produtores quanto ao projeto.
Infelizmente, se fosse somente o caso de algumas críticas vindas dos meios de comunicação, cabia ao telespectador optar pela voz que mais lhe agrada e mais lhe representa. Contudo, ao que tudo indica, Donatella Versace, a irmã do “objeto de estudo”, não gostou de como foi representada.
Interpretada pela versão platinada de Penélope Cruz, a dona da marca aponta a obra como de ficção. Após um intenso bate-boca com Murphy sobre a originalidade da série, o já conhecido por diversos trabalhos de sucesso confirmou que sua versão é baseada em um livro de confiança, assim como a temporada anterior. Ainda continua [Murphy], afirmando que não acha justa a exposição do roteiro com ela, nem ninguém de fora do projeto.Pois bem. Com somente dois episódios disponíveis até agora, é possível, nitidamente, perceber a diferença entre o conto de O.J para o de Versace. Além da temática ser completamente distinta, tendo a primeira com o enfoque em o julgamento e as conversas entre os advogados, a linha de raciocínio desta foi mostrar como tudo, supostamente, aconteceu.
Por mais que a Donatella real insista em não se considerar representada, Penélope está dentro da caricatura merecida. Há um certo exagero no sotaque, mas, ao resto, a performance da espanhola não causa nenhuma conclusão sobre o caráter da figura pública exposta. Somente, mostra uma irmã sentimental, que vivia para o irmão mais novo e que teve muitos problemas em lidar com sua morte.
Quanto ao próprio Versace, Édgar Ramírez fica tão parecido com o original que até disfarça quem está por trás de toda aquela maquiagem. Como um típico italiano e estilista, Ramírez desenha com cuidado a personalidade do ícone fashionista.
Já Darren Cris, mesmo que desempenhe o assassino, rouba a cena e nos faz esquecer de Blaine Anderson, em “Glee”. Não é mais um espaço para mostrar a voz e, sim, todo o talento que transborda do jovem de 30 anos. Embora já tenha demonstrado o quanto é esforçado a priori, nesta obra, parece que o amadurecimento surgiu e fez com que todos se encantassem e ficassem hipnotizados com seu modo de andar e de contar mentiras compulsivamente.
Murphy, por sua vez, está em um ótimo momento, pós quase três anos de sua obra mais reconhecida. Tentou e conquistou espaço no mundo do entretenimento com vários shows menores, mas que tiveram sua fama. Além de “American Horror Story” e “Scream Queens”, o também jornalista está no ar com a mais nova “911” e, agora, testando nossas opiniões em mais um ano de ACS. Só de colocar Rick Martin como o relacionamento duradouro de Versace, Murphy merece muitos aplausos pela criatividade e ousadia.
Com a intensidade de uma ópera, a versão do homicídio de Versace mostra uma obra madura e pronta para combater tabus. Tendo como o carro de frente a homossexualidade do homenageado, Murphy expõe o mundo que muitos ainda tentam reprimir. Como já foi mencionado, é, inteiramente, oposto aos dez capítulos passados, mas, com certeza, dará o recado tão impecável quanto da tentativa anterior.
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