Desde 9 de julho de 2017, a Rede Globo tem, em sua programação, mais uma tentativa de um programa musical aos domingos, chamado “PopStar”. Diferentemente do último inventado, “SuperStar”, que contava com bandas desconhecidas para serem julgadas por um júri pequeno de cantores fixos, o talent show global recente conta com artistas da casa que, tecnicamente, não possuem nenhuma ligação com a música. Contudo, a grande questão é: se alguns desses escolhidos para o elenco de participantes fazem parte de bandas e musicais, qual seria, de fato, a lógica do programa?
Contando mais uma vez com Fernanda Lima como apresentadora de um programa musical, e a companhia de Tiago Abravanel nos bastidores, o novo entretenimento da hora do almoço já teve 7 episódios no ar, nos quais os 14 participantes mostraram seu talento – ou não – para o canto. Segue a lista dos participantes, enquanto é fornecido um breve spoiler sobre cada um:
- Alex Escobar, o rostinho do esporte e, pelo visto, do samba.
Com o repertório monótono na área do samba, o careca mais querido e simpático do Brasil teve certas dificuldades em se manter em um bom lugar na tabela e, consequentemente, levando-o a repescagem. “Vou festejar” de Beth Carvalho e “Conselho” de Jorge Aragão foram cantadas pelo jornalista.
- André Frateschi, o roqueiro da profissão errada.
Tendendo mais para o rock, o ator demonstrou plena noção – e talento – do que fazia em suas performances. Como um profissional do canto, André está em turnê com a excepcional banda Legião Urbana, no lugar de Renato Russo. Honrando o seu posto privilegiado, “Tempo Perdido” foi uma de suas escolhas.
- Claudio Lins e o timbre idêntico do pai.
Mais de um CD no mercado, o filho de Ivan Lins resolve relembrar sua carreira no programa. Com músicas apenas dos grandes nomes e bem escolhidas para o seu timbre de voz, ele é bastante comparado com o pai pelo júri “técnico” – explicações ainda serão feitas. Caetano Veloso e seu próprio pai são prestigiados com as canções “Fora da ordem” e “Lembra de mim”, respectivamente.
- Eduardo Sterblitch, o humor que não se vai.
O humor, mesmo que inconsciente de Eduardo, prevaleceu na maioria de suas apresentações. Após muitos jurados terem apontado a falta de seriedade do ator em suas performances – não necessariamente com conotação negativa –, o humorista surpreendeu a todos quando apareceu concentrado e firme cantando “Pra sempre vou te amar” de Robinson Monteiro.
- Érico Brás, um gingado não reconhecido.
Mesmo com um carisma acima da média e um gingado contagiante, ele nunca atingiu um dos primeiros na lista. A plateia tanto de casa quanto a interativa, presente no estúdio, não dão notas altas o suficiente para o esforço do humorista. Dentre o reportório, ele demonstrou seu ritmo com o hit “Despacito” de Luis Fonsi, mas não foi considerada sua melhor apresentação.
- Fabiana Karla, um talento escondido.
Se existe um prêmio de revelação do ano no geral aqui no Brasil, sem dúvida alguma, Fabiana Karla levaria a estatueta para casa. Não só com axé e sertanejo, mas ela vai além e canta “Like a Prayer” da Madonna. Além do sorriso em todas as apresentações, a humorista não precisa nem tentar muito para fazer um espetáculo admirável e invejável.
- Lucio Mauro Filho, o 100% feliz.
Faça chuva, faça sol, Lucio Mauro Filho está feliz com sua brincadeira de todo domingo. Geralmente, no seu traje rock and roll, ele demonstra estar satisfeito com sua atuação ao longo do programa e que, acima de tudo, o importante é se divertir.
- Marcella Rica, a que gosta de ousar.
Com a crítica logo na primeira apresentação, a partir da segunda rodada, Marcella resolveu levar sempre seu estojo de sombras para o estúdio e detonar nas seguintes apresentações. Sendo um pouco over em grande parte delas, a atriz deu seu recado de protesto pelas músicas e está melhorando cada vez mais, segundo os jurados.
- Marcello Melo Jr, o dançarino pronto.
O ritmo corporal já havia sido comprovado no quadro “Danças dos famosos”, mas Marcello confirmou ainda mais nesse programa. Com uma voz menos potente, sua escolha musical foi mais voltada para o funk. Saindo, de vez em quando, do tom, um dos vocalistas do grupo “Melanina Carioca” deu seu suor em cada apresentação, sendo o único com coreografia e dançarinos por perto.
- Mariana Rios, a aspirante a cantora.
Na mente da grande parte dos adolescentes e jovens como Yasmin de “Malhação”, Mariana Rios sempre gostou de cantar e isso é nítido. Ela se esforça bastante e tem uma voz boa. Cantou internacional e até ousou modificar a melodia do hit sertanejo “Medo Bobo” das irmãs Maiara e Maraísa.
- Murilo Rosa, o que se divertiu.
Entrou disposto a fazer o seu melhor e fez. Foi romântico com a esposa na plateia inúmeras vezes e não se deixou abater com as críticas. Foi para repescagem, mas não tirou a melhor de lá. Para os fãs da novela “América” (2005), ele cantou sua música-tema – “Os Amantes” –, que ficou inesquecível na cabeça de todos com a voz de Daniel.
- Rafael Cortez, o humorista sério.
Voz marcante e engraçado sem precisar dizer uma única palavra, o jornalista ficou marcado como se tivesse fazendo quase que uma paródia de todas as músicas que cantou. Sem entender o motivo disso, resolveu seguir à risca como foi orientado, tentou ser sério e, depois, continuaram lamentando o seu jeito de apresentar. Digamos que ele não tenha gostado muito…
- Sabrina Parlatore, a lady da música.
Um achado para o jazz, Sabrina curte as melodias mais calminhas e sua voz consegue ser macia para os ouvidos dos telespectadores. De fato, tem um timbre muito bonito e aposta em músicas que o acentuem. “Don’t know why” de Norah Jones e “Preciso dizer que te amo” do eterno Cazuza foram duas de suas escolhas.
- Thiago Fragoso, o artista completo.
Além de marcar espaço no coração de todos os viciados em novelas de plantão, conseguiu se superar e soube animar o público com suas performances. Atingiu em todas as rodadas um dos primeiros lugares da lista, tendo a companhia de seu irmão como guitarrista para trilhar esse caminho marcante no programa.
As regras do programa, em si, são boas e sem grandes rodeios. Os artistas cantam e, simultaneamente, o conjunto de 10 jurados, nomeados especialistas, votam uma estrela ou não, de acordo com a performance. Caso gostem, eles batem o botão, oferecendo a estrela – no final, acaba sendo um ponto. Somada a pontuação do júri, há a média aritmética das notas dadas pela chamada “plateia interativa” e, com a troca de ser gravado para o “ao vivo”, o público de casa pode votar também. Contudo, o problema está na organização técnica do programa.
Primeiramente, a escolha do júri sendo técnico ou não. Chamados de especialistas, algumas figuras perdidas como Zeca Camargo, Nanda Costa e até mesmo Tiago Leifert – pasmem, pois ele só é o apresentador do The Voice –, não fazendo sentido com o nome dado. Seria uma espécie de mistura, em que artistas assim como os participantes possam oferecer suas opiniões ou houve uma substituição de última hora para algum cantor que cancelou?
A outra dúvida que fica no ar seria a de que, com a premissa sugerida, os artistas deveriam estar saindo da sua zona de conforto, quase como uma brincadeira, porém, transformada em espetáculo. Tudo bem, é uma ideia divertida, ainda mais porque deixa o povo de casa mais próximo de conhecer um pouco mais esses rostinhos globais. Contudo, o raciocínio para de funcionar por causa da injustiça que é ter Alex Escobar, que, obviamente, está ali como se tivesse em um karaokê em família, competindo com André Frateschi, o substituto de Renato Russo. Caso fosse apenas um tapa buraco dos domingos da Globo, seria ok. Mas, sendo uma competição, com um prêmio de alto valor envolvido, essa bagunça não é legal, produção.
“Popstar” é um programa divertido, boa escolha para deixar ao fundo do almoço em família, mas, com toda certeza, precisa de revisão para uma próxima possível temporada.
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