Prisão Nos Andes | A Impunidade da Ditadura

Dirigido por Felipe Carmona, baseado em uma história real, “Prisão Nos Andes (Penal Cordillera)”, apresenta um drama baseado em fatos reais típico da américa latina (neste caso situado no Chile), que por décadas viveu sob desmandos de governos ditatoriais e violentos dos quais a maioria desses países tentou ou passou a limpo essa história.

Em países como Argentina e Chile, foram criados comitês e comissões da verdade, para punir de alguma forma os algozes de um período em que as liberdades foram tolhidas e reprimidas em forma de sequestros, torturas e mortes, sendo perpetradas em sua grande maioria pelos militares responsáveis pelos golpes de estado em cada uma dessas desafortunadas nações.

Nesse caso, cinco dos mais graduados e cruéis militares foram enviados para uma “prisão” na cordilheira dos andes, nos alpes andinos, mas na verdade ficavam em uma mansão, em que são servidos com o bom e do melhor por jovens militares, que, claro, são cooptados para tarefas e melindres desses senhores da guerra, que, não raro, se vangloriam do passado vergonhoso de crimes da ditadura sob o comando do golpista Augusto Pinochet.

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Autoritários e violentos, tratam os soldados da mansão como se fossem empregados, não raro impondo tarefas e para alguns castigos físicos, em desacordo com o responsável pelo local.

E os cinco atores que interpretam os generais são certeiros em acertar os níveis de vilania e desprezo pelas instituições que se espera de pessoas dessa natureza, em uma composição que ajuda a contar o que a história pede.

Após uma entrevista em que um desses cativos, deixa transparecer os privilégios de quem deveria estar preso, há uma revolta popular e a possibilidade da transferência dos ditadores, o que gera e escala uma série de conflitos com consequências violentas nesse cenário já volátil e insalubre.

É com grande destreza que o diretor e roteirista, Felipe Carmona, transforma essa história algumas vezes num cenário de filme de horror, tanto pelas imagens, quanto pelas falas de alguns dos ditadores que fazem questão de não se arrepender do que fizeram, além de se considerarem injustiçados como “servidores da pátria”, ou usando o realismo fantástico com mortos percorrendo a mansão, devaneios mentais e um carrinho por controle remoto, que em momentos inoportunos insiste em perturbar alguns dos residentes.

A fotografia varia do límpido nos dias que se seguem na rotina da mansão e se transforma de forma escura, nas noites que se antecedem aos piores acontecimentos de humilhação e abusos pela manhã.

O diretor não dá rostos às pessoas da Comissão da Verdade que cobram satisfação de uma situação absurda por si só, ou que seriam as pessoas mais relacionáveis desse outro lado do embate além claro, dos jovens que na mansão que deveria ser uma prisão, são tratados como se fossem soldados dos torturadores e por si só já têm seus medos e angústias exponenciadas por aquele ambiente opressivo.

Parece que essa escolha é calculada justamente para acentuar a desfaçatez daqueles militares. Daquelas pessoas que se acham acima da lei e são privilegiadas por um sistema que mesmo cobrando satisfações é incapaz de punir a contento os crimes contra a humanidade cometidos em uma região do mundo, que é pródiga em criar esses tipos de monstros, alguns existentes, persistentes até hoje em alguns países da nossa pobre América Latina e alguns que recentemente ousam querer se levantar e pedir a volta desse regime abjeto, depois de ter conseguido se libertar e vivendo décadas em uma jovem democracia.       

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Infelizmente, é um sinal dos tempos em que pessoas sem instrução ou com o mínimo de vontade de aprender sobre a história dos seus países insistem em perpetrar uma visão “romântica” da barbárie.

Talvez seja o destino de uma região vasta em riquezas naturais e incapaz de resolver suas desavenças históricas, pois faz questão de não ter memória das suas misérias.

Um filme que merece ser visto, pois mesmo que tenha um viés de denúncia e possa incomodar, faz parte da rotina de muitos países e pode se tornar um alerta do porvir se não houve o fomento da democracia.

_{Imagem Destacada: Divulgação/Retrato Filmes}

Prisão Nos Andes | A Impunidade da Ditadura

Sinopse

Em uma luxuosa prisão aos pés da Cordilheira dos Andes, cinco dos torturadores mais cruéis da ditadura de Pinochet estão cumprindo suas penas centenárias. O local conta com piscina, jardins e aviários, além de estarem sempre sendo vigiados por guardas que mais parecem seus empregados. Quando uma equipe de televisão entrevista Contreras, um dos presos, suas declarações têm um impacto inesperado. Temendo sua transferência para um presídio comum, os militares condenados farão o possível para permanecer no local, desencadeando uma onda de delírio e violência no meio dos Andes.

Prós

Tema pungente, importante, filmado e executado de forma sóbria

Atuações dos generais condizentes com os personagens abjetos que interpretam

Roteiro certeiro em apontar as mazelas da ditudura na américa latina

Contras

Não há ponto de respiro na descrição dos abusos perpretados e falta presença das pessoas da Comissão da Verdade para constratar com a situaçao de impunidade

4

Nota

Imagens