Estreou na Netflix sem muito alarde nem propaganda, o filme “Rebel Ridge” (2024), trazendo ação com uma pitada de consciência social que surpreende em sua proposta e pode agradar aos fãs daqueles filmes de exército de um homem só, tão populares nos anos 80 e 90.
Mas claro que atualizações são feitas e se naqueles anos áureos do cinema brucutu, tudo e todos explodiam, aqui a premissa é um pouco mais concisa e faz pensar em uma trama que pede um pouco mais dos seus neurônios antes dos seus olhos pedirem pancadaria.
Que aliás é bem coreografada e inteligível, diferente daqueles cortes rápidos em que mal se vê os atores (ou dublês) se movimentarem, antes do golpe atingir qualquer um dos adversários.
E que adversários!
Leia mais: O Casal Perfeito | Mais um Novelão da Netflix
A história começa quando um homem está andando de bicicleta que parece cara e de alta performance em uma rodovia, quando de repente súbita e estupidamente, é atropelado por uma viatura policial.
Ao invés de ser ajudado, é rapidamente tratado como suspeito pelos policiais e tem seu dinheiro apreendido com uma justificativa legal, mas muito duvidosa, perpetrada por preconceito. Ou não?
O mistério sobre a quantia encontrada, seu destino e necessidade, vai se revelando à partir do desenrolar da história, que conta a história desse homem vítima do sistema, mas longe de ser indefeso, pois é um ex-militar altamente treinado e motivado que após uma, duas, ou três vezes provocado, entrará em ação de uma forma que causará profundo arrependimento aos seus inimigos.
Escrito, dirigido e montado por Jeremy Saulnier, o filme traz o pesadelo que um cidadão comum pode passar, o inferno da burocracia legal e jurídica de um sistema que é criado para se apropriar dos bens de uma forma que a recuperação é quase impossível.
A não ser que você seja Terry Richmond, interpretado com perícia, contenção e precisão absurda por Aaron Pierre, um gigante calmo e ao mesmo tempo ameaçador que com seu calculismo promove a vingança que o(a)s expectadores esperam em filmes como esse.
Mas tudo com uma forma e substância invejável, em que todos os aspectos do filme, são controlados com perícia impar pelo criador e diretor.
São tantos detalhes que às vezes parece que se trata de uma história baseado em casos reais, tirando a adrenalina e ação claro.
O calvário do protagonista e da carismática e combativa personagem de AnnaSophia Robb, a única pessoa que se atreve a ajudá-lo contra a corrupção daquela pequena cidade fictícia que é fotografada como se fosse um lugar abandonado no interior dos Estados Unidos, é destrinchado no que parece ter a precisão de um roteirista/cineasta estudioso das situações que o abuso de poder e a violência de policias pode causar a qualquer cidadão ou cidadã.
Ponto para Netflix, que garimpou essa pedra preciosa dentre os inúmeros filmes de ação genéricos e super produções vazias que são despejados semanalmente e aos montes em todos os streamings durante o ano.
Claro que não se trata de uma história original ou revolucionária, a trama lembra a do primeiro (e melhor) “Rambo, Programado para Matar” (1982), como também tem uma pitada de “Matador de Aluguel”, 1989 (o bom), protagonizado pelo saudoso Patrick Swayze, quando apresenta o “dono” da cidade, interpretado em tom ameaçador por Don Johnson (“Miami Vice”, a série) e para citar uma boa referência recente, a série “Reacher” da Amazon Prime, principalmente por se tratar de uma espécie de andarilho e do protagonista ser um militar.
Leia também: Hellboy e o Homem Torto | Não é Terror, Mas é Terrível
A mistura de ação, consciência social, abnegação e heroísmo nesse filme se mostrou uma mistura quase perfeita de diversão que olhem só, pode fazer pensar mesmo se tratando de uma adição de catálogo.
Que surpresa agradável e recomendável da Netflix.
Imagem Destacada: Divulgação/Netflix Brasil
Quer estar por dentro do que acontece no mundo do entretenimento? Então, faça parte do nosso CANAL OFICIAL DO WHATSAPP e receba novidades todos os dias.