Representatividade racial e de gênero atualizam a história e provocam discussões
Renascer foi exibida originalmente entre março e novembro de 1993, ou seja, acabou de completar 30 anos. Quem tem pelo menos 35 anos hoje, certamente deve se lembrar de Buba, e do diabinho na garrafa com uma forte memória afetiva.
Bruno Luperi, autor do remake e neto de Benedito Rui Barbosa relatou para o Na Telinha do UOL ter uma memória afetiva forte com a obra:
“Renascer é a que mais me toca pessoalmente, porque eu tinha 5 anos e pude acompanhar. Vi meu avô escrever, atores e diretores indo em casa para reunião e depois, vi no ar”
Bruno Luperi
Personagens discutem representatividade
Remakes trazem consigo um resgate de memórias afetivas e momentos, somados a uma nostalgia que leva à comparação entre as versões. No caso de Renascer, algumas atualizações e escalações tem sido bastante discutidas pela internet: a dos protagonistas e a de Buba.
Maria Santa “Santinha”
Antes Patrícia França, agora é Duda Santos, uma jovem atriz negra. Ao que tudo indica, a escalação dessa atriz e de outros atores negros é uma escolha proposital por representatividade racial. Especialmente no caso de Patrícia França que também não é branca, é parda. Porém, 30 anos atrás, não havia discussões raciais como há hoje. E era tida como “morena”.
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Buba
Antes, Maria Luiza Mendonça era uma personagem hermafrodita: tinha os órgãos sexuais masculino e feminino e tinha expressão de gênero feminina: ou seja, se vestia como mulher. Atualmente esse termo caiu em desuso e foi substituído pelo intersexo.
Atualmente será uma mulher trans, interpretada por Gabriela Medeiros, também uma mulher trans. Ponto mais uma vez para a representatividade de gênero. Quando se fala de questões de gênero, ampliar a discussão é fundamental.
José Inocencio
Na segunda fase antes Antônio Fagundes, agora Marcos Palmeira, há quem defenda que Leonardo Vieira (intérprete de Jose Inocencio na primeira fase da versão original) deveria ser Inocencio agora e não Marcos Palmeira (na versão anterior era João Pedro o filho rejeitado). Por outro lado, deve ser uma experiência fascinante estar na mesma produção 30 anos depois e fazer o pai do seu próprio personagem na versão anterior. E, ao mesmo tempo ver um novo ator com o antigo personagem.
Tião Galinha
Antes Osmar Prado e agora Irandhir Santos. Foi um dos personagens mais populares da primeira versão! E também ficou na memória.
Catador de caranguejo com cenas no mangue, casado com Joaaaana (entonação com a qual chamava a mulher), interpretada por Teresa Seiblitz e agora Alice Carvalho. Andava com uma galinha a tira colo na expectativa de ter o seu próprio diabinho na garrafa, assim como José Inocêncio.
Remakes nos renascem
Independente de discussões sobre escalação, é incontestável que as atualizações precisam ser feitas e refletir as mudanças sociais ocorridas ao longo do tempo. Afinal as novelas mostram a sociedade e nos dão a oportunidade de refletir em família sobre temas cotidianos e com isso criam memórias.
Não à toa assistir uma novela exibida anos atrás nos faz lembrar de como era a sociedade e os itens de consumo. Neste particular os remakes possibilitam olhar novamente para a mesma história, porém de um lugar diferente onde podemos rever, refletir e renascer em nós mesmos.
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