Ayaka é o quarto anime da première da Crunchyroll em seu painel na CCXP22, Palco Ultra. O anime estreia em algum momento de 2023 e os criadores mandaram uma mensagem de agradecimento ao Brasil pelo carinho. Confira em primeira mão a primeira crítica do mundo sobre a animação.
Esta crítica está dividida em duas partes: a primeira com um recap do episódio, e a segunda com uma pequena review com prospectivas para sua sequência.
Vou mostrar minhas emoções
Pânico. A população de uma pequena ilhazinha foge; o vulcão local tingiu o céu de vermelho. Dois irmãos tentam escapar da destruição, mas não podem ignorar que seus parentes e amigos ficaram para trás.
A cena corta para o olho do furacão: um homem de meia idade com roupas de sacerdote sorri de escanteio – “vou faz meu último trabalho”. Longe dali, o grupo lamenta a ausência do “mestre”. Um jovem carrega outra em seus braços – ambos temem pela vida do dito mestre.
Mas este é o passado.
Anos se passam e agora estamos numa moderna metrópole. O protagonista reclama de mais uma vez sonhar que está sendo tragado pelo mar, quando alguém puxa sua mão. O rapaz recebeu uma carta, da qual ainda não sabemos o teor.
É dia de sua formatura – o cair das cerejeiras anuncia o fim da primavera. Yanafi, como é chamado, conversa com sua professora, que está muito preocupada, pois agora ele sairá do orfanato e pretende voltar a sua terra natal.
A infância do garoto, apesar de não ter sofrido maus tratos, foi solitária, e Yanafi demonstra certa indiferença diante disso. Seu pai morreu quando tinha apenas cinco anos.
Os estudantes se aglomeram agitados. Quando o protagonista vai averiguar isso, vê um jovem alto, de cabelo verde e tomando goró – o qual insiste ser seu irmão mais velho.
“Acho que você me confundiu com alguém.”
“Você não é meu Yukito?”
“Já disse que você está enganado!”
Contrariando as próprias expectativas, Yanafi não se afoga; ao invés disso emerge como que magicamente. O outro rapaz não está bem impressionado, na verdade, caminha sobre as águas e, então, o leva para um barco. Sagawa Jingi é seu nome, diz o barqueiro. – “Ele é um vilão famoso na ilha“. Jingi diz que o genitor do rapaz foi como um pai para ele, além disso, questiona se o velho Inou não avisou que ele era o amigo de seu pai que viria buscá-lo.
Muito embora não tenha bem memórias daquele lugar, o garoto é recebido com flores por duas pessoas: o prefeito de Ayaka (Inou Sanji) e a dona de casa (Akamiya Momoko) de onde ele morava quando menor. Enquanto vão de carro por uma paisagem de interior idílica, uma criatura gotinha de água simpática passa pela tela, deixando Yanafi desconfiado.
Na sua nova residência, os mais velhos explicam como as coisas se sucederam até aquele ponto: ninguém conhece a mãe de Yanafi. Como filho do grande mestre, o garoto devia ter poderes incríveis de nascença. Além disso, o prefeito explica que sua vinda tem relação com um último pedido desse pai, tão envolto em mistérios. Irritado, o protagonista deixa a cena.
Jingi vai atrás dele cobrar satisfações: é verdade que o empurrou da ponte, mas isso não dava motivo para ser rude com os demais. Aquele bichinho de água de mais cedo aparece e o mais velho explica que são inofensivos, chamam-se Mitakas e ali existem em abundância. Voltando ao assunto, Yanagi começa um pequeno flashback explicando porque é como é.
Quando menor, Yanagi, enquanto brincava, ficou irritado com um colega e envolveu-o numa redoma de água, afogando-o. Não sabia bem como, mas havia feito aquilo. Mesmo que os demais adultos não desconfiassem, Yanagi sabia que não poderia levar uma vida normal, deveria se afastar dos demais e… Jingi está dormindo. — “Ah, já acabou a história?”.
De cabeça fresca, Jingi reitera espirituosamente que isso não é desculpa para ser um amargurado sem noção. O Mitaka de antes cai no laguinho, como se estivesse doente. De lá sai um monstro que ergue uma torrente vertical e tenta sequestrar o protagonista; esse sim é mal e chama-se Aramitama.
Em uma sequência de luta divertida (“Haha, respeite seu senpai” / “Sim, me trate de mestre”), que aqui será abreviada, Jingi exibe o controle de suas habilidades e mostra para Yanagi que para sua preocupação, basta treinar para conhecer seus poderes.
“Não vem com esse papo chato de não se envolver com as pessoas!”
Yanagi vê o irmão mais velho, radiante, e lembra finalmente de sua infância, com um momento equivalente. O episódio termina com o mais novo sorrindo:
“Vou mostrar minhas emoções” — aplicando em seguida uma voadora no irmão.
A última cena mostra um grupo de pessoas com vestes cerimoniais. O líder, referido como “Sensei“, serenamente comenta que “ele” voltou — em referência óbvia ao protagonista.
Uma estreia refrescante
“Ayaka: A Story of Bonds and Wounds” é a melhor das quatro estreias da CCXP da première da Crunchyroll; não que a concorrência não tornasse o trabalho fácil, mas é mesmo uma animação original com seu toque de carinho ali contido e que vai tomando seu espaço — o anime cresce contigo.
Consciente do próprio roteiro, Jingi é ao mesmo tempo um mentor para Yanafi e a voz do público: pois vê o ridículo — no bom sentido — do discurso feito repetido pelo irmão de qualquer obra shounen com protagonista outsider. Ayaka não subestima sua inteligência e apresenta as coisas em doses homeopáticas, uma falha comum em fantasias.
Ainda há muito o que se explorar, e a direção, ao menos neste primeiro episódio, garantiu a imersão nesse paraíso isolado. Ayaka é um não-lugar, um lugar imaginário que existe nos nossos inconscientes e que explora as ansiedades e desejos nos pequenos prazeres. Para um começo, não seria nada mal ficar de olho neste anime que estreia oficialmente em algum ponto incerto de 2023 — o jeito é se ligar na Crunchyroll e seu calendário de lançamentos.
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