Lançado de antemão na première da Crunchyroll no palco Ultra, “Saikyou Onmyouji no Isekai Tenseiki” só chega nas telinhas japonesas em janeiro de 2023, porém, você já confere um gostinho no primeiro review do mundo (com spoilers) publicado sobre o anime, e só poderia ser na Woo!
A primeira parte do texto contém um recap do que ocorreu no primeiro episódio, ao que a segunda (porém também com spoilers) uma mini review e balanço da prospectiva aos próximos episódios.
“Ele é um fracassado”
Reconhecido como o mais poderoso exorcista de seu mundo, Haruyoshi se vê a beira da morte e precisa tomar uma última medida para manter seu legado presente: conjurar uma magia de reencarnação para reter suas memórias de vida passada.
A primeira cena do de “The Reincarnation of the Strongest Exorcist in Another World” condensa o que o espectador pode esperar de tom da apresentação da proposta: Haruyoshi, agora Seiki, é filho bastardo — e, portanto, não pode ser herdeiro — dos Lamperouge, um poderoso (e influente) clã num mundo em que humanos convivem com demônios.
Nessa cena, Seiki está dentro de um círculo mágico para um teste de aptidão magoica, mas nenhum dos elementos reage: como a mãe de Seiki não possuía magia, o protagonista não possui talento algum. É aí que seu segundo irmão, Grey (ou Gry, na legenda da Crunchyroll) mostra seus primeiros exemplos de crueldade, importunando-o, sem que pai ou irmão mas velho (Luft) façam algo a respeito.
Mas as coisas não são um caso perdido: Seiki treina em segredo o domínio de suas habilidades mediúnicas, pois, apesar de não poder usar magia, seu poder espiritual é aguçadíssimo; vemos o protagonista com sete anos, controlando folhas em segredo, quando o irmão chega e volta a perturbá-lo, insistindo em como é um fracassado e não pode ser herdeiro.
Sem que o irmão descubra, Seika chama corvos para atacá-lo; são seus Shikigami. Há um pequeno comentário de como esse lugar lembra a Europa de seu mundo anterior, o que oferece pistas sobre a origem desse protagonista.
Em outra cena chave, Seika espia Grey gritando com a empregada porque ela teria derrubado água em suas roupas, chamando-a de escrava, e logo intervém, o que é uma ótima desculpa para o espectador vê-lo sendo chamado de fracassado e o herói não se abalar porque “sabe o que é certo e conhece suas habilidades”.
Corta para cena de outra conversa com o restante dos Lamperouge, onde o núcleo familiar segue sem repelir as injustiças de Grey contra Seika: “que fácil a vida dos sem magia, nem precisam estudar” – introdução ao Instituto de Magia Londonea, que há de ser local importante ao longo da série – ao que Seika impõe, pela primeira vez na tela, contando seu desejo de estudar magia e ir pro treino daquele dia com os irmãos.
Com o aceite do pai, Grey acha um absurdo e segue importunando o caçula, com pouca intervenção dos demais. Grey é hábil com o fogo, e parte a pedra alvo em pedaços pequenos. Na vez de Seika, porém, vemos como o protagonista, mesmo não tendo magia, convenientemente é capaz de – através da magia espiritual – controlar os elementos locais (terra, fósforo, o que mais há) para criar ataques poderosos e elaborados, não sobrando nem poeira do alvo.
Feita essa demonstração de forças, o patriarca segue irredutível sobre enviá-lo à educação formal, pois Seika não possui poder mágico em seu corpo, contudo, afirma que contratará um tutor para o garoto.
Há um time skip de quatro anos — as coisas permanecem as mesmas. Grey fará seu primeiro ritual para trazer um de seus antigos espíritos de volta e decide começar por baixo, narrando sobre quantos espíritos poderosos selou no outro mundo.
A criatura da vez é uma garota pubescente de roupas de sacerdotisa e idade mental de dez anos. A garota então se transforma em uma lobinha e se esconde no cabelo de seu mestre.
Em outro dia, Grey mostra mais uma vez como gabaritar o código penal é seu passatempo quando por, sem intenção, a empregada derrama água sobre sua roupa, grita com ela, mas muda de tom, insinuando para que venha ao seu quarto naquela noite para resolver a questão. Seika aparece para protegê-la. O protagonista impede um soco e enfurece o irmão.
Agradecida, a jovem pede ajuda ao rapaz, dessa vez porque encontrou um bicho. Investigando mais a fundo, descobrimos pela fala de Seika se tratar de um Ayakashi. Poderes vai e vem e a criatura está curada.
Por ter percebido o espírito, Seika percebe que a donzela é uma médium – o perfil de pessoa que procurava para aprimorar suas habilidades mágicas (descobrimos esse plano precisamente nesta cena). Em razão disso, o protagonista invoca alguns espíritos fracos de fogo (hitodama) e começa a treiná-la.
Não há nesse primeiro episódio ainda uma explicação de como isso se dará, o assunto é tratado sem maior aprofundamento ou detalhes interessantes; são feitos alguns cortes. Assim, a cena já corta para o que há de ser o clímax desse capítulo de introdução.
Enquanto o trio de filhos Lamperouge conversam, Grey insistindo em como o outro não pode ser um herdeiro e todo o mesmo discurso que o telespectador já viu três vezes pelo menos até aí, duas empregadas aparecem falando que um grande monstro se aproxima.
Todos estão morrendo de medo, especialmente Grey, que foge acovardado. É uma salamandra gigante. A empregada está lá fora e Seika vai ao seu resgate, mas sua intervenção não é necessária, pois os hitodama de antes a protegem.
Seika então ataca a fera com um fogo roxo – pois, bem… é uma salamandra… – e a criatura cai no chão. “Completamente domado”. Todos estão chocados e vibram suas habilidades. Seika termina o episódio contando como tudo saiu como planejado, incluindo esse reconhecimento de poder naquele momento – e que naquela vida ele seria feliz.
Definitivamente um dos isekais já feitos
“The reincarnation of the strongest exorcist in another world” bem poderia ser estudado em aulas de cinema e roteiro, isto porque sua maior qualidade é condensar um apanhado do gênero Isekai e ser medíocre em tudo que se propõe.
O que é que move o protagonista? Embora tenha sido uma escolha sagaz – não necessariamente inteligente – ter deixado para o final e não linearmente um apontamento dessa pergunta, não há algo que compense a lacuna deixada por esse motivador: o mundo, apesar de ter magia por todo lado, não demonstra ter vida – talvez se você tiver doze anos e seu único contato com universos do tipo seja Harry Potter; ou seja, que não esteja tão saturado assim com Isekai – os inimigos não oferecem perigo real e o antagonista da vez é apenas patético, no sentido mais grego da palavra.
Há algo um princípio em contagem de história que diz que se uma arma é mostrada exposta na parede em uma cena, ela deve ser utilizada para matar alguém em outra – nada deve estar ali sem motivo, é a economia dramática.
Nesse sentido, o roteiro não parece se ajudar. Não dosa bem os momentos didáticos com descobertas espontâneas — o protagonista sabichão não é lá um bom parâmetro, no entanto – e isso atinge seu clímax com Grey, o irmão do protagonista.
Grey é a materialização da família de Cinderela: é caricato, egoísta, prepotente e só está aí para, de forma vergonhosa, fazer com que as pessoas sintam empatia pelo protagonista. Não há tragédia se não pelas consequências de suas próprias ações, e Grey está aí para com certeza mostrar que peixe morre pela boca — e como não há nada em si que não seja boçal, simples, não dá nem para se pensar em uma vingança moral interessante (mas ela virá mesmo assim).
É verdade que não se pode julgar uma série pelo primeiro episódio, entretanto, um bom primeiro episódio deve sintetizar e antecipar a energia que a audiência sentirá pelo resto da série; qual é a primeira impressão deixada, portanto, por um começo medíocre?
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