Peso no palco mostra que Bruce Dickinson é muito mais que ex-frontman do Maiden
Bruce Dickinson deixou o Iron Maiden em 1993 e partiu para a carreira solo lançando no ano seguinte o ótimo “Balls to Picasso”. Ele já havia mostrado seu potencial como compositor sem a ajuda de Steve Harris, baixista e líder do Maiden, em “Tattooed Millionaire”, de 1990. O vocalista voltou para sua clássica banda há 26 anos, e, embora realize turnês vitoriosas com seus companheiros desde então, inclusive com trabalhos de estúdio bastante elogiados. Mas Bruce ainda tinha composições que a seu ver não caberiam na Donzela de Ferro e seguiu com sua carreira solo paralelamente. Aliás, essa foi sua condição para retornar.
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O show do The Town 2025 mostrou que o artista está coberto de razão. É bastante parecido com o que rodou o Brasil entre abril e maio de 2024, mas em um formato mais enxuto. Trata-se da divulgação do álbum “Mandrake Project”, seu primeiro álbum solo em quase 20 anos. O disco conceitual acompanhou uma história em quadrinhos. Mas os trabalhos se iniciaram na Cidade da Música com uma antiga, “Accident of Birth”, do disco homônimo de 1997. Em seguida veio “Abduction”, do disco “Tyranny of Souls”, de 2005, quando já havia voltado para o Maiden, e na sequência “Laughing in the Hiding Bush”, do álbum de 1994 e “Road to Hell”, também de “Tyranny”.
Bruce é figura carimbada no Brasil devido a suas diversas vindas com Harris & Cia ou solo, e como o The Town é dos mesmos criadores do Rock in Rio, ele fez questão de lembrar dos 40 anos de Brasil que o inglês completou em 2025. “Hoje é especial, porque faz 40 anos da primeira vez que toquei aqui”.
Depois de “The Chemical Wedding”, faixa-título do álbum de 1998, apareceram as únicas do último álbum: “Ressurrection Man“, em que Bruce toca bongô, e “Rain on the Graves”. Antes dessa última ele brincou contando uma historinha para compôr o clima de terror. “E você vê um homem grande e alto com uma roupa preta e rabo e chifres e olhos ardentes vermelhos. E você diz: ‘Quem é esse bosta? É um político brasileiro?’. Não, não é tão ruim assim. É apenas o diabo”.
O momento mais aguardado do show era mesmo “Tears of the Dragon”, música de Balls to Picasso que só foi sucesso radiofônico no Brasil. Bruce até mencionou que ela não foi tocada no recente festival na França em que se apresentou. E o motivo é justamente esse, lá fora a música não aconteceu como aqui.
Mas ainda havia uma bela surpresinha para os fãs do Maiden. Voltado ao assunto Rock in Rio 1985, Bruce se lembrou de quando bateu com o cabo da guitarra no supercílio e terminou a apresentação sangrando, imagem que se tornou icônica para os fãs de metal brasileiros. Daí ele cantou Revelations, música em que se deu o acidente, acapella. Logo depois, acompanhado pela banda, executou “Flash of the Blade”, do álbum “Powerslave”, que ele nunca tocava ou com a banda ou em shows solo.
Lenda do metal, Bruce Dickinson pode ter sido uma escalação que destoa da temática punk da noite, mas não deixa de ter sido um acerto, principalmente se considerarmos que foi um dia dedicado ao rock pesado em geral. O britânico mostrou que não precisa do aparato do Iron Maiden para criar um show empolgante. A seu favor há o bom repertório, uma excelente banda, que recria com perfeição a música da Donzela, e, claro, a sua voz impecável e o fôlego de garoto do alto dos seus 67 anos de idade. E ele já garantiu que voltará em 2026 com a turnê de 50 anos do Maiden. Os fãs brasileiros já aguardam ansiosamente.
Imagem Destacada: Divulgação/The Town 2025 (Moriva/Wesley Allen)
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