Adaptação de jogo do Playstation entrega aventura genérica
A questão sempre recorrente entre os fãs de videogame: quando Hollywood vai acertar em uma adaptação cinematográfica de um título que faz sucesso nos consoles. Tentativas não faltaram. E alguns acertos podem ser observados também, desde o lançamento do pavoroso filme do Super Mario. Foi ali que a indústria cinematográfica, que já faturava bastante com as adaptações de quadrinhos, acreditou que replicaria a fórmula com os games obtendo o mesmo sucesso. Não é tão fácil assim, e Hollywood descobriu a duras penas.
Uncharted: Fora do Mapa chega em um contexto em que até existem filmes satisfatórios que adaptam games. Porém são minoria. E, não, Uncharted – adaptação da franquia homônima de Playstation – não consta nessa lista seleta.
Na trama, Nathan Drake (Tom Holland), um jovem com habilidades de larápio, é recrutado pelo experiente caçador de tesouros Victor “Sully” Sullivan (Mark Wahlberg) para recuperar uma fortuna acumulada por Fernão de Magalhães e perdida há 500 anos pela Casa de Moncada.
O que começa como um trabalho de assalto para a dupla se torna uma corrida ao redor do mundo para alcançar o prêmio antes do implacável Santiago Moncada (Antonio Banderas), que acredita que ele e sua família são os herdeiros legítimos. Se Nate e Sully puderem decifrar as pistas e resolver um dos mistérios mais antigos do mundo, eles encontrarão US$ 5 bilhões em tesouros e talvez até encontrar o irmão de Nate, desaparecido há anos.
Eis o problema do qual Uncharted não consegue se desvencilhar: cinema não tem joystick. Coube a um time de quatro roteiristas transformar a história jogável em uma narrativa para ser acompanhada passivamente. A saída encontrada foi a de criar uma história de origem, com um Drake ainda na sua juventude, se iniciando como caçador de tesouro, justamente para implementar frescor e relevância ao produto.
Só que faltou estofo e uma narrativa cativante para fazer tanto o fã do game quanto o espectador médio embarcar de fato na ação. A direção de Ruben Fleischer pouco lembra a inventividade vista em Zumbilândia. Até mesmo seu Venom, apesar dos muitos problemas, tinha mais graça. Aqui temos um diretor burocrático, que parece não ter tido muito estímulo para uma condução visual mais criativa. Fica nítido que a mão do estúdio pesou.
Tom Holland carrega nos ombros a responsabilidade de dar vida a um jovem Nate Drake, e o faz com um certo empenho. Ocorre que o que foi delineado pelos roteiristas não o permitiram sair do lugar-comum. Mark Wahlberg como Sully, mesmo pouco inspirado na transcrição para o live action, consegue extrair uma certa graça com uma canastrice que acaba por ser cativante.
Se Uncharted: Fora do Mapa é o início de uma franquia, só a bilheteria pode garantir. Fica claro que as aventuras de Nate Drake no cinema podem continuar. Mas caso isso se confirme, é preciso de uma trama que compense a falta de interatividade do game com emoção. A fidelidade à matriz até pode ser observada no terço final. Mas até chegar lá somos submetidos a um produto genérico, com reviravoltas forçadas, lembrando-nos que ainda falta carinho dos estúdios na hora de se adaptar as aventuras extraídas dos consoles.
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