Um olhar literário sobre 2023: Momentos que marcaram páginas e vidas
O ano de 2023 revelou-se um capítulo rico e diversificado na história da literatura brasileira. Entre lançamentos audaciosos e eventos marcantes, as palavras ganharam vida de maneira única, capturando a essência de uma época em constante transformação. Hoje, vamos falar sobre cinco acontecimentos que ecoaram nas letras do país, desde releituras impactantes até reconhecimentos históricos, evidenciando que a literatura, em suas diversas formas, continua a ser um reflexo fiel da sociedade.
Conceição Evaristo lança releitura de “A hora da estrela” na Flip 2023
Após 46 anos do lançamento da obra “A hora da estrela”, de Clarice Lispector, Conceição Evaristo decide reinventar a personagem Macabéa em seu novo livro “Macabéia: Flor de Mulungu” (Editora Oficina Raquel), ilustrado por Luciana Nabuco e lançado na Feira Literária Internacional de Paraty, um dos principais eventos literários do ano.
A proposta de releitura surge a partir do constante silenciamento da personagem principal no livro de Clarice, aspecto que foi subvertido por Evaristo a fim de transformá-la em uma personagem dinâmica e geradora de vida, adicionando, também, o tema da origem e ancestralidade na narrativa, assuntos recorrentes nas obras da autora.
Conceição Evaristo, autora de “Ponciá Vicêncio”, “Olhos d’água”, “Canção de ninar menino grande”, entre outros, em 2023 se tornou membro da Academia Brasileira de Cultura e ganhadora do Troféu de Intelectual do Ano do Prêmio Juca Pato.
Ailton Krenak é o primeiro indígena a ingressar na Academia Brasileira de Letras
Com 23 votos, o professor, filósofo, escritor, ativista e ambientalista Ailton Krenak foi o primeiro indígena eleito membro da Academia Brasileira de Letras, ocupando a cadeira número 5.
Ailton trabalha ativamente em prol dos direitos indígenas e do meio ambiente desde a adolescência, tendo participado da criação da União das Nações Indígenas, contribuído na elaboração da Constituição de 1988, e fundado a organização não governamental Núcleo de Cultura Indígena, sempre com o objetivo de preservar e fortalecer a presença indígena no território.
Krenak já lançou diversos livros como “Ideias para adiar o fim do mundo”, “O amanhã não está à venda” e “Futuro ancestral”, que valorizam a oralidade e as tradições de seu povo. Suas obras foram traduzidas em mais de 13 países, e atualmente é um dos brasileiros mais influentes no exterior.
Pagu é homenageada na Flip 2023
Neste ano, a Feira Literária de Paraty homenageou a escritora e jornalista Patrícia Rehder Galvão, conhecida como Pagu, um dos principais nomes da liberdade de expressão no país.
Autora de “Parque Industrial”, considerado o primeiro romance proletário publicado, Pagu era atuante nos movimentos modernistas, feministas e comunistas, sendo hoje abraçada como símbolo por diversos grupos sociais que enaltecem seu trabalho contra a desigualdade, facismo e misoginia.
Patrícia morreu em 1962, aos 52 anos, sem reconhecimento pelas suas obras, mas hoje é lembrada como parte fundamental da literatura nacional.
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Prêmio Jabuti e Câmara Brasileira do Livro realizam “Encontros com Autores”
De setembro a dezembro de 2023, o Prêmio Jabuti e a Câmara Brasileira do Livro realizaram a série “Encontro com Autores”, que consiste em conversas informais entre autores contemporâneos e mediadores sobre obras e temáticas relevantes para eles. A iniciativa contou com diversos nomes de peso, como Itamar Vieira Junior, Aline Bei, Jeferson Tenório, Sueli Carneiro, entre outros.
Os encontros foram realizados no Theatro Municipal de São Paulo a fim de diversificar a programação do local; as atividades foram de graça e os assentos ocupados por ordem de chegada.
Maurício de Sousa perde eleição para vaga na Academia Brasileira de Letras
No dia 27 de abril, Maurício de Sousa, 87 anos, disputou a cadeira deixada por Cleonice Berardinelli após seu falecimento em janeiro. Considerado o maior quadrinista do Brasil, a inscrição de Maurício gerou grande repercussão e expectativa para alguns escritores, como Paulo Coelho, e o público geral.
Porém, apesar das histórias de Maurício de Sousa terem estado presentes nas casas de milhões de brasileiros durante 60 anos, sendo, inclusive, a primeira leitura de muitos, o autor de Turma da Mônica perdeu a vaga para o filólogo Ricardo Cavaliere.
Essa reviravolta gerou um intenso debate sobre o papel e o reconhecimento das histórias em quadrinhos na literatura nacional, visto que é uma forma de escrita amplamente produzida e consumida no Brasil e vem aumentando cada vez mais seu alcance e variedade com o passar dos anos.
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