Daniel Herz ator, diretor e fundador da Cia de Atores de Laura dividiu conosco a sua experiência na direção do espetáculo @Rhynos, destaca o nível de superficialidade das relações pessoais provocados pelo uso excessivo da tecnologia e principalmente o amor e a paixão pelo teatro.
Herz vê o teatro como a grande possibilidade de resgate da interação pessoal, em oposição à influência dos streamings. Manifesta o desejo de que toda forma de teatro precisa ser incentivada, principalmente os coletivos artísticos.

Joana D’arc Souza: O que despertou sua paixão para dirigir “Rhynos”? Qual aspecto específico da peça o cativou?
Daniel Herz: A percepção da incrível atualidade do texto.
J.D.S – Com apenas duas apresentações, há planos para uma temporada mais extensa? O que influenciaria essa decisão?
D.H: Esse espetáculo consagra o término de um processo de treino do ano de 2023. Sendo assim, é bem difícil avançar para uma nova temporada. Mas é possível se houver uma mobilização do grupo.
J.D.S – A inserção do celular na adaptação é uma escolha intrigante. Pode compartilhar a inspiração por trás dessa decisão criativa?
D.H: Hoje em dia há um adoecimento de cada um de nós com a ilusão de que estamos facilmente conectados com o mundo. Isso se tornou um vício que superficializa as relações. A inspiração é perceber a crise de abstinência que cada um tem depois de quinze minutos sem olhar o celular.
J.D.S- Enquanto a peça original critica o fascismo, a montagem atual incorpora elementos relacionados à política e fake news. Qual mensagem atual a peça pretende transmitir através desses elementos?
D.H.: A ideia é a de que infelizmente a tecnologia em excesso está desumanizando cada um de nós.
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J.D.S – Considerando a influência da internet e streaming, como enxerga o cenário para novos atores no mercado teatral contemporâneo?
D.H: O teatro vai se tornar cada vez mais forte a isso tudo. Um contraponto a essa desumanização vai ser ir mais ao teatro. Estou otimista em relação ao teatro e o que os atores podem esperar da nossa profissão.
J.D.S – Desde a fundação da Cia Atores de Laura, como você percebe a evolução do mercado teatral ao longo dos anos?
D.H.: O mercado não valoriza o coletivo. Isso faz com que a existência de uma Companhia teatral seja um movimento contra a corrente do lucro e do mercado. A própria palavra mercado já é uma ironia por si só. A partir dessa percepção cada coletivo tem que se reinventar para manter o desejo de continuar existindo como grupo.
J.D.S – A Cia tem uma trajetória desde os encontros em Ipanema até a administração do Teatro Miguel Falabella por mais de 20 anos. Qual a importância do teatro para a região?
D.H: O teatro Miguel Falabella é um espaço maravilhoso. De uma certa forma, tivemos que flexibilizar o nosso olhar para poder chegar num repertório de peças que entram em cartaz para suprir a demanda desse público.
J.D.S- No atual cenário teatral, como avalia o impacto das leis de incentivo e seu papel na sustentabilidade das produções?
D.H: As leis de incentivo são fundamentais. O teatro não é uma atividade industrial. Tem que ser visto com essa singularidade. Mas acho também que atualizar o olhar do estado para democratizar as diferentes manifestações é fundamental. O teatro experimental tem que ser tão contemplado quanto o teatro comercial!
J.D.S- Com envolvimento em vários projetos simultâneos, como equilibra a criação em múltiplas frentes? Existe um processo específico que o guia?
D.H: Organização e paixão!
J.D.S – Ao longo de sua carreira como diretor, há algum projeto específico que almeja realizar? Como visualiza seu futuro criativo?
D.H: Rei Lear que me aguarde!
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