Não é de hoje que o Cinema do Brasil é desdenhado. Muita gente – erroneamente – diz que os filmes brasileiros não têm qualidade, que o cinema nacional não funciona, que os profissionais não são bons, mesmo que ele esteja crescendo a olho nu. Se separarmos o joio do trigo, se separarmos a Xuxa da Fernanda Montenegro, veremos que há muita coisa boa, só não prestamos atenção.
Aqui não estarão os melhores filmes baseados na opinião de grandes críticos, festivais de cinema ou coisas do tipo. Estarão filmes que sim receberam muitos elogios, mas também fizeram a diferença por algum motivo. Uma pena, mas não estão todos porque ao contrário do que dizem as más-línguas, o Cinema Nacional tem muita coisa boa sim!
- Central do Brasil:
O excelente Central do Brasil é uma obra-prima. Traz o que temos de melhor: Fernanda Montenegro dispensa comentários e apresentações. O texto é sensível, delicado e emocionante. O roteiro trata de algo tangível, que poderia acontecer com qualquer um ou até mesmo com nós mesmos. A história do menino que perde a mãe e fica com uma desconhecida é capaz de derreter um Iceberg, sem dúvidas. E o cuidado que a produção teve merece todo o tipo de bom reconhecimento. É um filme sem medo de ser um clássico.
- O Auto da Compadecida:
Nós temos uma discrepância de algo muito sério em relação a comédia: a maior parte do cinema nacional é feita dela. Os filmes que o público brasileiro mais assiste é o de humor. E tem muita coisa abaixo das perspectivas. Porém, há coisas maravilhosas nessa área também. O Auto da Compadecida, baseado na obra do genial e talentoso Ariano Suassuna, é, provavelmente, meu favorito. Reúne atores excelentes: Fernanda Montenegro, Selton Mello, Matheus Nachtergaele, Denise Fraga, Lima Duarte, Rogério Cardoso e grande elenco. A história mostra de forma bem-humorada como dois nordestinos vão ganhando a vida apenas com o que possuem (a inteligência e o jeitinho), mostra a fome, a miséria, a fé, e todo o tipo de sentimentos humanos são citados com a maestria que só Suassuna parece ter sido capaz até hoje de usar.
- O Bicho de Sete Cabeças:
Esse é um filme difícil. Ele utiliza de toda a força histriônica que Rodrigo Santoro tem para poder ser grande, mas não dependeu só do ator. O roteiro é bem construído e, ainda que não foi um filme com direção e fotografia impecáveis, é uma grande obra. A história do pai e seu filho que passam pela transição de gerações e acaba culminando em um resultado catastrófico quando o homem mais velho prende o mais jovem em um manicômio é triste, pesada e difícil. Esse é um filme intenso, que fala diretamente com o que e quem somos e o que somos capazes de fazer.
- Vidas Secas:
Outro filme que fala sobre a difícil vida do retirante nordestino. Baseado na obra de Graciliano Ramos, mostra a luta de seus personagens para viver, atravessando o sertão atrás de água, atrás de uma vida melhor. Filmado em 1963, o longa foi amplamente elogiado em festivais nacionais e internacionais, sendo inclusive indicado à Palma de Ouro, o equivalente ao Oscar de Melhor Filme francês dado durante o Festival Internacional de Cannes, um dos mais respeitados e conceituados festivais de cinema do mundo.
- Hoje Eu Quero Voltar Sozinho:
Baseado no curta amplamente elogiado Eu Não Quero Voltar Sozinho, o longa ampliou o universo de Leonardo, protagonista de ambos os projetos. O filme não é uma extensão do curta, apesar de manter os personagens, o que é algo realmente bom. Conhecer melhor Leo, sua melhor amiga, Giovanna, e seu interesse amoroso, Gabriel, e seus dramas e dificuldades torna filme de fácil compreensão e que causa muita empatia. É óbvio que o fato de Leo ser cego é algo que o diferencia de seus amigos e todos os outros garotos de sua idade (e a superproteção de seus pais, a zoação de seus colegas de classe, e outras dificuldades que o mesmo encontra aparece no filme), mas ele passa pelas mesmas dúvidas e incertezas que todo mundo passa. É um filme sutil, que não está na mesma margem dos grandes clássicos, mas faz um bom trabalho tanto com o público adulto quanto com o juvenil.
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