A história de amor e separação entre uma menina e um passarinho, que há dois anos rendeu uma indicação ao Prêmio Jabuti à escritora Adriana Falcão pelo livro infanto-juvenil A Gaiola, ganha os palcos no espetáculo musical homônimo, assinado pela diretora Duda Maia. O espetáculo acaba de estrear em São Paulo e fica em cartaz até dia 28 de janeiro.
No palco, os personagens de Carol Futuro e Pablo Áscoli iniciam uma história de amor quando o passarinho cai, ferido, na varanda da casa da menina. Na trama, a menina se dedica a cuidar do passarinho e, à medida que vão convivendo, se apegam um ao outro até se apaixonarem.
Um delicado mundo de “Pode Ser”
O espetáculo aborda temas delicados como amor, convivência, diferenças, relacionamento, separação e reinvenção.
De forma lúdica, vemos o desenvolver do relacionamento entre a garota e o passarinho sob a ótica sensível de Adriana Falcão e Duda Maia. São apenas dois atores em cena, cenário e figurino simples, uma bela luz e trilha sonora e pronto: a mágica está feita! O texto poético de Adriana, é cheio de simbologias e traz questionamentos complexos de forma leve e bem humorada. Duda aposta no corpo dos atores para apresentar as situações inusitadas do texto e falar mais do que as palavras poderiam dizer. Sua direção faz com que a assimilação dos temas propostos seja fácil e divertida.
É uma direção inteligente e de grandes acertos que consegue extrair dos atores todas as ferramentas necessárias para os personagens. O desenho de luz de Renato Machado é um personagem a parte. Extremamente funcional para a trama, ela consegue ilustrar os sentimentos do casal. Renato é sensível ao perceber a sutileza de cada cena e a delicadeza dos personagens. Como num toque de mágica ressalta os mais belos momentos. A direção musical e trilha sonora de Ricco Viana é belíssima e os atores Carol Futuro e Pablo Áscoli formam um par harmônico, tecnicamente preciso e de sentimentos à flor da pele. É um espetáculo para todas as idades. Seja você adulto ou criança, não perca!

Bate Papo
Eu conversei um pouco com a atriz Carol Futuro sobre o projeto. Confira abaixo:
Como surgiu a ideia de montar a peça baseada no livro A Gaiola da Adriana Falcão?
O texto foi escolhido pela Duda, depois que eu e o Pablo a intimamos para nos dirigir em um espetáculo. Queríamos muito trabalhar juntos, pois somos amigos de longa data, e fazia tempo que não dividíamos o palco. E como admiramos imensamente o trabalho da Duda, e somos, os três, grandes amigos, esse desejo de fazer algo juntos já estava se tornando uma obsessão. (Risos)
Você e Duda já haviam trabalhado juntas antes?
Eu já havia trabalhado com a Duda no início da minha carreira, ela como coreógrafa e diretora de movimento do espetáculo infantil premiado, “Tuhu, o menino Villa-Lobos”, da Karen Acioli, e do espetáculo infantil “Contos e Cantigas Populares”, com roteiro de Marcelo Morato e Ana Paula Botelho, direção musical de Agnes Moço e direção de movimento da Duda.
A Duda, num bate-papo comigo sobre o espetáculo AUÊ, havia afirmado que “definitivamente não era uma diretora de dramaturgias prontas e fechadas” e que precisava ter liberdade para tirar texto, substituir e até mesmo encomendar novos textos. Como foi o processo de preparação e ensaios para o espetáculo?
O Processo de preparação foi bem puxado, intenso, incrível. O sonho de qualquer ator! Uma direção que dá ao ator a oportunidade de explorar suas possibilidade de movimento, de criar e elaborar seu corpo e voz no espaço, e, generosamente, acolhe os frutos deste trabalho, que Duda semeia em nossos corpos durante os ensaios, é um deleite. Ainda ter a adaptação do texto, a trilha sonora, o cenário, tudo surgindo e sendo criado em função do que estava sendo criado nos ensaios… Não imagino um processo mais incrível.
O espetáculo traz uma proposta diferente do que vemos no teatro voltado para o público infanto-juvenil. Fale um pouco dessa experiência com esse público.
Não subestimar a inteligência das crianças é o primeiro passo para se produzir um bom teatro infantil. Honestidade e respeito à inteligência e imaginação dos pequenos… Acredito que seja um bom começo para dialogar com esse público, que é extremante exigente e sincero.
Como tem sido a reação do público a mensagem e ao jogo cênico que a peça propõe?
Muito positivo. Perceber o quanto os pais acham que as crianças não estão entendendo e, ao conversarmos com elas, receber os relatos impressionantes, e até mesmo pontos de vista e reflexões que nem nós mesmos havíamos pensado durante o processo… É uma satisfação perceber o quanto nosso espetáculo reverbera nos pequenos e nos adultos.
Você é mãe. Essa experiência mudou a sua ótica em relação ao teatro feito para a criança e os adolescentes?
Tive a honra e a oportunidade de fazer muitos espetáculos infantis de qualidade. Minha ótica não mudou, apenas ficou mais clara de que os pequenos merecem respeito, são muito inteligentes, e não devem ter a sua inteligência subestimada.
Outros detalhes sobre a peça estão disponíveis em nossa agenda.
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Por Thiago Pach
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