Ascensão e queda: os animes que redefiniram o gênero, mas o destruíram no processo
Sabe aquele anime que deu um novo gás ao seu gênero, mas sua influência foi tão grande que fica aquele gosto amargo de que tudo que veio após ele é uma tentativa, fracassada, de replicar o sucesso da obra de referência? Essa é uma sensação muito particular, mas vamos tentar destrinchar ao longo desse artigo: conheça quatro animes que estragaram o próprio gênero.
Vale o disclaimer: esse artigo se vale em sensos comuns na comunidade otaku, para além da mera opinião pessoal do autor. Além disso, partindo da premissa da discussão, ser um anime que “estragou” o seu gênero não quer dizer que ele é ruim, talvez muito pelo contrário!
Puella Magi Madoka Magica
Não dá mais para se pensar em mahou shoujo sem falar do fenômeno que foi “Puella Magi Madoka Magica” em 2011. Original para formato TV que que rendeu spin-offs em mangá, light novel, jogos, além de um inestimável impacto na cultura pop e remoldando para sempre a forma de pensarmos garotas mágicas.
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Em uma visão mais cínica, Madoka criou um nicho em um gênero relativamente nichado, e que encontrou o título certo na hora correta para trazer novos ventos — no entanto, um de seus mais importantes expoentes modernos, a franquia “PreCure”, não se viu tão impactada, por exemplo, e animes do estilo continuam fazendo sucesso dentre suas limitações.
A razão para Madoka estar aqui é a prevalência de títulos duvidosos que tentam explorar o lado mais dark de garotas mágica, sem que isso não soe uma tentavia ruim de fanfiction — estamos falando de “Mahou Shoujo Tokushusen Asuka”, “Mahou Shoujo Site”, e outros tantos títulos que saíram nessa última década. Não seria justo chamá-las de cópias, tal como “Naruto” e “Boku no Hero Academia” não são uma cópia de “Dragon Ball”, mas falta tempero e experimentação.
Sword Art Online
Amem ou odeiem-no, “Sword Art Online” é um dos animes mais influentes da década passada. Atualmente em 5º no lugar no MyAnimeList por popularidade, SAO pode não ter sido o primeiro de seu tipo, porém é o nome que despontou e revelou não apenas o interesse do público em histórias do tipo, mas um nicho inteiro.
E que nicho: basta ver os números. O “gênero” isekai nesses quinze anos após início de sua publicação como light novel desenvolveu autoconsciência de seus tropos e convenções, moldando a identidade visual e o discurso na indústria de animes da última década. É por isso que com títulos mais aclamados como “Re:Zero”, mas também outros bem menos adorados (como o “isekai da geladeira”),
Sword Art Online é o pináculo da definição de “primadonna, vida e queda”: com a culpa da popularização de um dos subgêneros mais criticados e superexplorados da história da animação não recaindo em seus predecessores como “.hack//Sign”, Sword Art Online fez florescer um jardim natimorto — mas que tinha muito potencial para além dos protagonistas self-insert de projeção pessoal dos leitores.
Neon Genesis Evangelion
Há os mais puristas que torcem o nariz para o que foi lançado depois do clássico “Gundam”, ou aqueles que rejeitam uma tradição de protagonistas garotos frágeis e “chorões” — o que, convenhamos, é impertinentemente uma forma ignorar a trajetória dos shounen após os anos 80 — mas o motivo de chamarmos “Evangelion” para cá é porque de alguma forma, no imaginário coletivo, o gênero mecha parece ter decaído desde então.
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Essa impressão parece estar ligada com. Mecha sempre foi um subgênero extremamente nichado, mas com adoradores muito fiéis. Há tempos pode não surgir um título que estoure a bolha como Evangelion — que não inventou a roda ao trazer temas como depressão e relacionamentos interpessoais para a mesa.
Ao colocar de propósito Evangelion na lista, é também uma reflexão de que essas próprias premissas partem de noções muito subjetivas e que as vezes são disseminadas em massa como verdades absolutas. Desde 1995, títulos como “Code Geass” (2006), “Tengen Toppa Gurren Lagann” (2008), “Promare” (2019), e “86” (2021) mantém viva a paixão por robôs gigantes. Aliás, será que podemos chamar “Shingeki no Kyojin” de mecha?
Sailor Moon
Estamos falando de garotas mágica de novo; lá vamos nós.
O motivo, na verdade, é bem simples: “Sailor Moon” é um pouco vítima de sua febre. Embora não seja necessariamente atingido por isso, o anime moldou toda uma expectativa do que é e como deve ser uma história de garotas mágicas — e o que é posterior fica para a xepa.
Em apologia aos seus sucessores, tal como comentado no item anterior, não se pode ignorar o contexto do próprio gênero — Sailor Moon possui apelo nostálgico para mais de uma geração, o que não há de acontecer com outros títulos posteriores, voltados, tal como SM, à meninas jovens. Fazer sucesso tem suas consequências.
Imagem Destacada: Divulgação/Crunchyroll
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