A Woomagazine esteve presente, em vésperas de eleições, à entrevista coletiva de apresentação da 42ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Renata de Almeida, diretora do evento, o secretário da Cultura de São Paulo, André Sturm e representantes dos principais patrocinadores falaram com a mais de duzentos jornalistas em um cinema na Rua Augusta. Renata citou as dificuldades em realizar a Mostra em um ano marcado pela crise econômica e a luta para que o público não saísse prejudicado pela redução da quantidade de produções em exibição. Realmente, são menos filmes em relação ao ano passado, porém, no meio dos mais de 300 confirmados, há algumas pérolas que fazem dessa Mostra uma das mais interessantes dos últimos anos.
Mesmo Renata negando, esse salto de qualidade é graças ao adiamento do festival de cinema do Rio de Janeiro, que, no passado, levou os filmes de mais apelo cinéfilo, deixando para São Paulo os poucos que não conseguia angariar. De 18 a 31 de outubro, o público poderá ver o ganhador da Palma de Ouro desse ano, o japonês “Assunto de Família” de Hirokazu Kore-Eda (que inclusive foi exibido depois da coletiva, por isso aguardem nossa crítica sobre ele), o problemático “The Man Who Killed Don Quixote” de Terry Gilliam, o escolhido para representar o Brasil na disputa por uma indicação ao Oscar “O Grande Circo Místico” de Cacá Diegues, o ganhador do Urso de Ouro em Berlim “Não Me Toque” de Adina Pintilie, o polêmico “A Casa que Jack Construiu”, filme maldito do já amaldiçoado Lars Von Trier. De Trier também há “Ondas do Destino”, “Europa” e “Elemento de um Crime”. Dos EUA será visto o político “Infiltrado na Klan” de Spike Lee e “A Favorita” (será o filme de abertura), que dizem ser o filme mais “normal” do diretor grego Yorgos Lanthimos. O ganhador do Leão de Ouro em Veneza “Roma” de Alfonso Cuarón servirá de encerramento dos trabalhos.Nas apresentações especiais os destaques são: “Central do Brasil”, restaurado devido seu aniversario de 20 anos e com a presença de Walter Salles e elenco, “O Bandido da Luz Vermelha” de Rogério Sganzerla, também restaurado, mas devido as suas cinco décadas de estreia e “Pixote – A Lei dos Mais Fracos” de Hector Babenco, que teve sua restauração executada pela Film Foundation de Martin Scorsese. Para finalizar as restaurações, há ainda a série alemã “Oito Horas Não São Um Dia” de Rainer Werner Fassbinder, que, junto com alguns outros, formará uma homenagem aos pensamentos de Karl Marx, apoiada pelo instituto Goethe. As tradicionais sessões no vão livre do Masp contarão com “As Canções “ de Eduardo Coutinho, “ Ópera Malandro” de Ruy Guerra, entre outros.
Duas novidades chamaram a atenção: uma delas é a primeira edição do mercado de ideias, que, em parceria com a Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo, a Spcine e o Cinema do Brasil, tem por objetivo concretizar negócios entre potenciais produtores e gente criativa de todas as áreas culturais, que possam ser agregadas ao audiovisual. A outra, mais voltada ao público, é o novo aplicativo da Mostra, que promete disponibilizar consultas de filmes e mesmo compra de ingressos e troca de Vouchers para credenciados. É preciso esperar mais alguns dias para saber se vai funcionar corretamente, já que não houve muitos detalhes sobre ele.
Para finalizar, a instalação em Realidade Virtual da artista norte-americana Laurie Anderson foi anunciada. Ela ocupará um novo anexo do Cinesesc e ficará disponível até depois do fim da Mostra. Anderson também assina o pôster dessa edição e virá ao Brasil para falar do seu trabalho, que é bastante inovador. Após tantas informações, basta esperar a programação completa e fazer a lista para a maratona. Faremos a cobertura do evento com foco nos principais títulos e compartilharemos aqui nossas impressões.
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