A cidade maravilhosa é cheia de opções culturais de muita qualidade e para animar todo tipo de público. As possibilidades variam entre caros espetáculos até performances e números independentes. É um verdadeiro cardápio (requintado) para amantes da arte. O circuito, no entanto, tende a ser concentrado em determinadas regiões, fazendo destas atividades “artigos de luxo” durante muitos anos.
Surge então, nos anos 90, um equipamento cultural que promete redemocratizar o acesso à cultura na cidade – ou ao menos minimizar certos hiatos. As então chamadas “Lonas Culturais” tinham a proposta de trazer para os bairros da zona oeste do Rio não só espetáculos e shows, mas uma possibilidade de qualificação artística para a população local, sendo um importante instrumento para empoderamento e ampliação da autoestima dos moradores.
O meu contato com arte (que até hoje fala alto por aqui) teve seus primeiros passinhos dentro deste espaço… E por isso, essa matéria vem carregada de memórias afetivas , sobretudo, de gratidão pelas boas oportunidades ofertadas. Afinal de contas, naquela época para fazer um curso de teatro e morar no subúrbio você precisaria de muita bala na agulha e algumas baldeações. Por outro lado, diversos alunos dos meus saudosos 90’s (amigos de oficinas), hoje seguem carreira como atores, diretores, performers e bailarinos. Uma galera com alma de artista que só precisava de um sementinha que, por sorte ou destino, foi plantada nesses espaços lúdicos de troca e aprendizado.
A aproximação destas atividades a preços populares permitiu que de um lado artistas renomados da música e do teatro levassem seus trabalhos para os 4 cantos da cidade, enfim, atingindo o grande público; e do outro, fortaleceu o trabalho de artistas em início de carreira, sendo uma vitrine , inclusive, do que se produzia na própria região. E por um terceiro lado (pois, como já diria o Skank: “tudo tem 3 lados”), permitiu que uma geração de jovens suburbanos pudessem ver seus ídolos de muito perto a alguns quarteirões de casa. Bangu, Realengo, Jacarepaguá, Anchieta, Guadalupe, Santa Cruz… Bairros outrora fora do circuito cultural, passam então a figurar a cena, dividindo o protagonismo entre grandes nomes e novos artistas. E também novos artistas que viraram grandes (lembro como se fosse ontem do primeiro show da Pitty – Baiana arretada que não canta axé? Pode isso, produção?!), e o subúrbio vivendo de perto esse burburinho cultural.
Projetos diversos surgiram nesta atmosfera criativa. Dos desdobramentos de oficinas de arte (como grupos de teatro que, para além da lona verde e branca, levavam seus trabalhos à teatros e escolas públicas), aos espetáculos fixos que se apropriaram do espaço com maestria – como é o caso do Conversa Fiada, que fazia de toda quarta-feira o dia mais esperado da semana: falando a linguagem suburbana do início ao fim, a noite trazia música, poesia , teatro e muita comédia (com a dupla dinâmica Marco Palito e Bonequinho Vil, única atração fixa).
Após anos de pouco investimento, contudo, esses lugares tão lúdicos foram se tornando sucateados e aos poucos deixando de desempenhar seu papel social. Mas, como, as vezes, coisas bacanas acontecem, as Lonas Culturais foram revitalizadas: agora azuis e brancas e chamadas de “Areninhas Cariocas”, aos poucos voltam a receber espetáculos e shows, desenvolvendo (de novo, e que bom!) seu papel sócio-cultural.
E pra quem é do subúrbio e quer ficar por dentro da programação das areninhas, fique de olho nas redes sociais daquela mais próxima de você, e seja feliz!
Matéria escrita com a colaboração “historico-afetiva” de Erica Fonteneles.
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Hoje, as Areninhas cariocas estão retornando aos poucos. O conversa fiada de Bangu voltou agora é estão fazendo vários eventos nas Areninhas.
Obrigada pela parte que me toca.
E pra comemorar a gente deveria ir assistir ao Bonequinho Vil qualquer quarta dessas.