“Um homem conta suas histórias tantas vezes, que se mistura a elas. E elas, sobrevivem a ele.”
A frase do filme Peixe Grande e Suas Histórias Maravilhosas é a delicada homenagem a Domingos Montagner, que foi um ator que se arriscou naquilo que mais gostava: atuar. Ator, palhaço e, por vezes, se precisasse, músico e um pouco mais de tudo aquilo que pudesse se tornar. Sua carreira na TV é mais recente, começou em 2008, e foi protagonista em suas últimas novelas, mas no Teatro… Ah, ali ele tinha quase 30 anos contando suas histórias, que agora vão sobreviver a ele.
Seus espetáculos, recheados de elementos circenses e musicais, atraiam e divertiam o público, que se deliciava com sua entrega em cena, sua humildade e a parceria com Fernando Sampaio, que vinha de longa data e com quem tinha a companhia La Mínima desde 1999. Juntos fizeram grandes trabalhos como “O Médico e o Monstro”, de Robert Louis Stevenson, com adaptação de Mário Viana, Mistero Buffo, de Dario Fo, entre outros espetáculos.
Seus personagens na TV poucas vezes o representava, já que ele era quase sempre o herói rústico, mas na verdade parecia ser boa pessoa e doce. Ele estava dando vida ao Santo, o herói de Velho Chico, homem duro, justo e correto, que luta pelo que acredita. Antes disso, foi Miguel, um navegador que descobria ter sete filhos, também durão. Mas, no fundo, Domingos era mais do que isso, é não há dúvidas do ator que ele era.
Hoje, o Domingos Montagner nos diz adeus, mas o Santo dos Anjos (Velho Chico), João Miguel (Sete Vidas), o Mundo (Jóia Rara), seus clowns, entre tantos outros personagens que tanta alegria trouxeram, esses já são imortais.
E, por isso eu não digo Adeus. Mas, sim, Até Breve, Domingos, e muito obrigada.
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