A Netflix lançou no começo do mês de Agosto, a série “Atypical”, uma comédia dramática criada por Robia Rashid. A trama gira em torno de Sam Gardner (Kier Gilchrist), que é autista e por recomendação de sua psicóloga Julia (Amy Okuda), decide arrumar uma namorada.
Antes de mais nada é necessário entender como funciona o Transtorno do Espectro Autista. Segundo o site “Autismo & Realidade”, o Transtorno do Espectro Autista ou TEA, é um distúrbio no desenvolvimento do cérebro que compromete a capacidade de comunicação e gera comportamentos repetitivos. Todavia, a maneira como esses distúrbios afetam as pessoas que sofrem do TEA, pode variar de um para outro. Essa condição é permanente.
Algumas pessoas nessa condição podem se destacar em outras habilidades, como uma capacidade de memória maior e também o interesse único em um assunto (esse é o caso de Sam, o protagonista da série.) Não há cura pro autismo, porém é necessário um acompanhamento psicológico, para que também ocorra um desenvolvimento de algumashabilidades sociais.
A série:
Além da busca por uma namorada, a trama mostra todas as outras situações que apesar de serem fáceis para as pessoas, são um pouco mais complicadas para Sam, como frequentar lugares cheios e barulhentos.
Também tem a visão de sua família (mãe, pai e irmã) que precisam lidar com a “dependência” de Sam e também suas próprias vidas. Em uma das cenas, Casey (Brigette Lundy-Paine), a irmã de Sam, tem a opção de estudar em outra escola, mas isso pesa quando pensa na questão do dinheiro do almoço de seu irmão, que costuma dar à ele.
Elsa (Jannifer Jason) e Doug (Michael Rapaport), os pais de Sam e Casey, são construídos sobre alguns tópicos muito comuns, como aceitação sobre a condição de seu filho, uma certa “vergonha” desse transtorno e também a vontade de libertação dessa dependência estabelecida entre os personagens.
A trama aborda também a grande questão da “normalidade”, bem como a “perfeição” sobre a qual as pessoas tentam se encaixar, muitas vezes colocando suas vontades e desejos em segundo plano para surprirem expectativas alheias.
Gilchrist é um ator com uma sensibilidade incrível. Atráves de sua boa atuação, ele realmente transmite as situações pelas quais seu personagem passa, de maneira convincente e emocionante. Tanto nas cenas em que contracena sozinho (em algumas vezes seus pensamentos ficam em evidência), bem como quando contracena com sua família, principalmente com a atriz Brigette Lundy-Paine, que interpreta Casey, sua irmã.
A grande mensagem é, contudo, a aceitação e respeito aos autistas, que é esquecida ou quase nunca comentada. Uma vez que quem sofre do espectro não escolheu nascer assim, sob qual argumento eles devem ser excluídos? Na série, Sam frequenta a escola como qualquer outro estudante, trabalha e sente desejos e necessidades de se relacionar (emocionalmente e sexualmente) com meninas. Ele é capaz de qualquer coisa, mas sofre exclusão por parte de seus colegas. A “vergonha”, apresentada na série, é cruel, capaz de magoar pela total incapacidade humana de lidar com o diferente, é velado, muitas vezes destilado de forma inconsciente, derivado de frustrações e um vazio de expectativas.
Vale mencionar que muitas vezes não existe um preparo por parte da escola, que acaba sendo o segundo lugar mais importante na vida de um adolescente, para lidar com alunos com algum tipo de peculiaridade, como autismo ou síndrome de down (o longa brasileiro “O Filho Eterno” aborda bem essa questão). Muitas vezes, sem esse suporte da escola, surgem situações de bullying, um preconceito com o diferente.
“Atypical” é um acerto da netflix, sensível, sincero, cômico quando tem que ser e criado na intenção de conscientizar – que funciona perfeitamente. Espera-se uma renovação em breve.
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