A gerente de marketing da Intrínseca, Heloiza Daou recebeu a Woo! Magazine para uma conversa na Bienal do Livro. Confira!
Amanda Moura – Como é o processo de criação do estande? Há uma equipe especializada nisso?
Heloiza Daou – Temos um esquema já há algum tempo. A gente vem fazendo um estande, que se você olhar para o que foi feito anteriormente, ele tem essa mesma estrutura, parecida com o que ele é hoje. Mas, é claro que com o passar do tempo, a gente vai burilando e chegamos nesse ano com o estande dessa forma. É tudo um processo. Quem define essas coisas no estande sou eu junto com a equipe da Escada, nosso escritório de Arquitetura e Design.
Há dois anos, na Bienal do Livro aqui do Rio, a gente começou com as paredes interativas. Em seguida, a gente começou a fazer coisas que saíam das paredes, como a floresta Neil Gaiman. Além disso, também tivemos a Jenny Han, onde bolamos as luzinhas para fora. Então, começamos a fazer volume nas paredes. Fizemos isso também na Bienal do Livro de São Paulo, ano passado. Esse ano a gente vai desenhando junto, na verdade, eu falo o que quero destacar nas paredes, o que gostaria que tivesse. Daí eles dizem o que é possível ou não, porque sou meio maluca (risos)… Se algo não é possível, então o que é possível vai sendo criado em conjunto.
Para a Bienal do Livro desse ano, o conceito é de estruturas literárias. A gente não só vende livros aqui, mas ideia é que o estande seja feito de livros. Temos a coluna ali na frente, o chão de vidro com livros dentro. É como se eles não aguentassem mais ficar escondidos dentro do estande, indo para fora.
A. M. – Atualmente, a editora possui nomes de peso no catálogo como C. J. Tudor, Daniela Arbex, Miriam Leitão e Mark Manson. Como é a escolha dos autores?
H. D. – Temos um corpo editorial, dedicado ao nacional dentro da Intrínseca. Nós ainda não recebemos originais, mas nossa equipe do nacional pesquisa muito, olha e vê o que pode agregar ao catálogo. Não somente os nomes de peso como a Pachá, o Hélio Gáspari, além dos que você já citou, mas a equipe também pensa no que pode funcionar como projeto. Um livro nacional é filho da editora junto com o autor. Então o corpo editorial vai ativamente buscar esses autores novos. Sejam eles autores consagrados, para projetos especiais ou autores novos. A equipe vai olhando o que tem a cara da Intrínseca e também do que pode ser considerado como novo.
A. M. – Qual é parte mais difícil de se trabalhar com editoração de livros?
H. D. – Posso falar especificamente sobre marketing, que é minha responsabilidade dentro da editora. Dentro do marketing, o que eu acho mais difícil é a gente conseguir um lugar. Hoje com a internet, com os nichos tão determinados, e também com o volume de editoras e livros em catálogo e lançamentos, o mais difícil mesmo é fazer o nosso livrinho brilhar sob o sol. Fazer com que a pessoa olhe aquele lançamento com carinho. Porque ainda lançamos pouco, nosso catálogo tem 500 títulos ativos atualmente, o que é muito pouco perto de outras editoras. Lançamos 4 ou 5 livros por mês, porque acreditamos que todo livro possa ser um grande sucesso. Então o mais difícil dentro do marketing, acredito que seja fazer com que o público daquele livro o encontre e dê uma chance àquele livro. Porque a concorrência é muito grande.
A. M. – Qual conselho vocês dariam a quem está começando na carreira literária?
H. D. – Leia muito. Leia de tudo, sem preconceito. E acho também que não tem que ter medo de errar. Tem que escrever, escrever de novo, refazer, refazer de novo e ler mais um pouco. Nós temos a tendência de achar que as coisas estão prontas. E no fim das contas, está todo mundo em processo, mesmo os grandes autores nunca acham que está bom. Acho que é isso que precisamos aprender: olhar para esses grandes autores, para nomes consagrados e ver que eles não acham que o texto deles está bom o suficiente, que ainda precisa mexer. Isso ajuda muito quem está começando, que tem que ralar muito mesmo. Tem que batalhar, reescrever e ler demais.
A. M. – A chegada do formato digital e de outras tecnologias é um desafio para a Intrinseca?
H. D. – A gente já lança o livro na versão física e na versão digital ao mesmo tempo há alguns anos. Então, já temos isso bem incorporado na editora. Para nós, o e-book não é um problema, muito pelo contrário, é mais um formato para divulgar o conteúdo. Não importa se você vai adquiri-lo num tablet, num livro físico ou num áudio livro, que começamos a fazer agora. No final, o que interessa é o texto, então, expandir os formatos é uma maneira incrível desse mercado não apenas se reerguer, se renovar, como também ser repensado.
A. M. – Quais são os projetos da editora após a Bienal do Livro? Quais obras são os destaques?
H. D. – A Bienal do Livro para nós é o coração do ano, então usamos muito como vitrine, para mostrar o que a gente realmente quer deixar como destaque nesse segundo semestre. A gente tem “Um Lugar Bem Longe Daqui” que é um grande livro de ficção. Lançamos em julho, e faz muito tempo que o mercado não recebe um livro de ficção. Se você observar, os livros mais vendidos são todos meio iguais, parecidos. E agora estamos com esse livro, que conta a história de Kya, uma menina abandonada por todo mundo que é salva pelos livros e pela natureza. Pra quem gosta de ler, este livro está estupendo, fantástico.
Outro destaque é nosso “Cem”, destacado aqui na parte de dentro do estande. Esse é nosso grande presente de fim de ano! O livro é ilustrado, com poucas frases por página. Ele vai passando pela vida das pessoas com idades entre 0 e 100 anos. É muito emocionante e inclui um trabalho de pesquisa fantástico que os autores fizeram. O objetivo é entender esses núcleos, como a maioria das pessoas faz e realiza de acordo com a idade. Além de abrir o livro e ver o que está rolando na época da sua idade, o mais interessante é acompanhar o crescimento, o amadurecimento. É muito lindo. Acho que esses dois são os nossos grandes destaques.
*Esta entrevista teve a colaboração de Giulia Cordeiro.
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