Das multidões dos auditórios aos solitários painéis online durante a pandemia.
Lá em 2014, a América Latina recebeu algo até então inédito em seu território: uma Comic Con. Claro que antes, no Brasil e em outros países vizinhos, havia eventos voltados aos fãs da cultura pop, mas nada que se comparasse à grandeza da Comic Con Experience, ou apenas CCXP, como ficou amplamente conhecida pelo público. Esse “Experience” do nome, inclusive, é para externar o propósito de seus realizadores – os fundadores do Omelete – que frequentaram por anos a famosa Comic Con San Diego e queriam trazer as suas fantásticas experiências para os fãs brasileiros, tão carentes de algo do tipo.
O primeiro ano foi um sucesso com 97.000 pessoas presentes para ver as ainda tímidas atrações internacionais. Nomes como os de Richard Armitage, Sean Astin, Edgar Vivar e Jason Momoa deram as caras por aqui. No ano seguinte, a CCXP cresceu e atingiu 130 mil pessoas, que se amontoaram para ver Frank Miller, Krysten Ritter, Evangeline Lilly, entre outros. Em 2016, houve um ligeiro crescimento de público para 180 mil, e a presença de Vin Diesel e Ruby Rose. Já em 2017, foram 227 mil visitantes, tornando-se a maior Comic Con do mundo em critério de público, repetindo o feito em 2018 com mais de 262 mil pessoas. Nesses dois últimos anos, astros e estrelas de Hollywood começaram a aparecer em peso. Will Smith, Alicia Vikander, Simon Pegg, Joel Edgerton, Danai Gurira, Nikolaj Coster-Waldau, Alice Braga, Tom Holland, Brie Larson, Sophie Turner, Jessica Chastain, Sandra Bullock, Michael B. Jordan e Andy Serkis foram alguns deles.
Foi em 2019, contudo, que a CCXP quebrou todos os recordes. Em um espaço físico ampliado, recebeu 280 mil pessoas em seus quatro dias. Além disso, para citar apenas os painéis da Marvel, de “Star Wars: Episódio IX – A Ascensão Skywalker” e de “Mulher Maravilha 1984”, reuniu gente do calibre de Kevin Feige, J. J. Abrams, Daisy Ridley, John Boyega, Oscar Isaac, Gal Gadot e Patty Jenkins. A frase ‘Vai Ser Épico!” passou então para a edição de 2020, onde se esperavam mais visitantes e mais atrações internacionais, mas infelizmente o planeta se viu mergulhado em uma crise causada pela pandemia do coronavírus. Com eventos do mesmo tipo sendo cancelados durante o ano, a realização da CCXP 2020 ficou em suspensão até o anúncio da CCXP Worlds, que foi pensada para acontecer totalmente online.
O público parece ter comprado a ideia, já que está sobrecarregando o site onde são exibidos os painéis. A procura foi massiva porque houve muito o que se ver nos dois primeiros dias da Worlds, sexta e sábado, e há mais a ser exibido no último dia, o domingo. O sucesso parece ser certo – é preciso aguardar a divulgação posterior dos números – para um evento que está acontecendo satisfatoriamente dentro de suas inúmeras limitações – inclusive técnicas. Além disso, a edição de 2020 será sempre lembrada por sua boa intenção e por ter acontecido durante a maior pandemia da história. Contudo, a vontade de que ela logo termine e que a CCXP 2021 física chegue é enorme.
Não se pode censurar quem quer algo presencial, já que é impossível sentir, através da tela do computador ou do celular, a paixão das pessoas pelas suas obras, artistas ou personagens preferidos. As caixas de som do PC ou os fones de ouvido também não são capazes de emular os gritos de milhares de fãs com os anúncios surpresas no auditório principal. Bate saudade até das enormes filas para acessar um painel ou um estande quando o conforto do sofá começa a adormecer o corpo. Afinal, a recompensa por estar ali parado, às vezes por horas, vem quando se faz novos amigos ou quando aquele cosplay fantástico passa ao lado. A multidão, a correria e o cansaço são difíceis de enfrentar, mas a sensação de pertencimento ao final é compensadora e impossível de emular digitalmente.
Por fim, é preciso louvar a iniciativa dos realizadores de levar às pessoas entretenimento e cultura de qualidade em um momento tão sombrio como o atual. A CCXP sempre foi e sempre será épica, independentemente de seu formato, mas a verdadeira emoção só é sentida quando os corpos (vacinados) estão em comunhão.
Imagem: Divulgação/CCXP/Omelete Company
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