A partir de 3 de maio, a Cia Estúdio Lusco-Fusco, de São Paulo, vai apresentar seu aclamado espetáculo ‘Ilhada em mim – Sylvia Plath’, no Teatro Poeira, no Rio. Protagonizado por Djin Sganzerla, com direção e concepção cênica de André Guerreiro Lopes e dramaturgia de Gabriela Mellão, a montagem desperta sensações no espectador ao investigar as angústias existenciais da poeta americana em um cenário onde objetos e atores afundam na água. É a primeira temporada carioca.
Os últimos meses de vida da poeta Sylvia Plath, antes de cometer suicídio aos 30 anos, são um enigma. Recém-separada do poeta Ted Hughes, com quem teve dois filhos e viveu uma intensa história de amor, Sylvia vive simultaneamente o extremo desespero e a liberação de uma energia criativa sem precedentes. Uma identidade poética única se forma neste período. E não é com o objetivo de decifrar este enigma, mas de experimentá-lo que a Cia embarcou nessa história. O espetáculo, que já foi apresentado em cidades como São Paulo, Santos, Recife, Belo Horizonte, Tiradentes e Londrina, faz agora sua primeira temporada no Rio de Janeiro, após duas concorridas apresentações na cidade durante o Festival Cena Brasil Internacional em 2015. E, para a alegria dos cariocas, partir de 20 de junho, o grupo também apresentará no Rio o seu mais recente espetáculo, ‘Tchekhov é um Cogumelo’ no Centro Cultural Banco do Brasil.
Desenvolvido a partir da vida e obra de Sylvia Plath, o espetáculo foi sucesso de crítica e público em São Paulo, onde foi indicado ao Prêmio APCA de Melhor Direção (Associação Paulista de Críticos de Arte). No palco, a premiada atriz Djin Sganzerla vive Sylvia Plath e André Guerreiro Lopes, o poeta Ted Hughes, em um espaço cênico de forte simbologia visual: o cenário, concebido pelo diretor, é composto por um espelho d’água, onde o mobiliário e os atores vão aos poucos submergindo. Objetos congelados relacionados à vida de Sylvia – como livros, sapatos e um telefone – vão degelando lentamente durante a apresentação. O elemento água é a metáfora articuladora de toda a encenação, em diálogo simbólico com os estados mentais da personagem.
“Ilhada em Mim revela-se um belo momento do teatro, onde a poesia sobe à cena para contar um pouco sobre Sylvia Plath, por meio da memorável interpretação de Djin Sganzerla e da sensível e poética direção de André Guerreiro Lopes”. José Cetra Filho, Júri do Prêmio APCA, no livro “O Teatro Paulistano de 1964 a 2014”.
Para o diretor e ator André Guerreiro Lopes, a força poética e revolucionária da poeta, seus tormentos internos, o conflito com as convenções sociais dos anos 50 e a relação de amor obsessivo com o poeta Ted Hughes são abordados na peça em um registro que se distancia do realismo e da linearidade. “Mais do que narrar a vida de Sylvia Plath, busquei transpor poeticamente para o palco seu universo único, paradoxal, vanguardista, cheio de contrastes e extremos, criando um poema cênico. Todos os elementos trabalham de forma integrada – a atuação, a simbologia visual, os sons, a luz, as palavras e o movimento preciso dos atores – criando um ambiente de imersão sensorial em que a imaginação e sensibilidade do espectador são convidadas a participar do jogo.”, descreve.
A montagem pretende ser fiel a poética de Sylvia com sua ferocidade e ironia. “Incorporo na encenação elementos da sua obra, como o surrealismo tenso, a energia condensada e ironia feroz. Há um mistério entorno da persona artística de Sylvia que o espetáculo não pretende solucionar, mas compartilhar. Utilizamos todos os elementos possíveis para criar uma atmosfera de suspensão e perigo em cena”, completa André.
“Representar Sylvia Plath no palco é uma mistura de muito prazer com desafio. Passo por muitos estados físicos e emocionais na peça, acho que parte da riqueza da montagem também está nisso, o público se depara com a complexidade humana desta mulher. Nesta montagem, Sylvia é uma brasa de vulcão que anda sobre as águas… Carregando o mar em sua alma, com olhar infinito. Uma mulher decidida, frágil, intensa, que pode ser infantil, capaz de escrever uma obra absolutamente genial três meses antes de sua morte, o livro Ariel” relata a atriz Djin Sganzerla
Os figurinos assinados pelo estilista Fause Haten também vão se desintegrando conforme o espetáculo avança. “Pensei em uma Sylvia Plath que aparece, se constrói e desconstrói aos olhos da plateia. Ela é revelada, revela-se, vai se despindo e escorre pelo palco. Perde as cores e se veste de todas as cores”, define o estilista.
A trilha original do espetáculo é especialmente composta pelo premiado músico Gregory Slivar, colaborador da Cia. Estúdio Lusco-fusco em diversos trabalhos.
“De um lado movimentos de pressão e descompressão corporal e explosões verbais curtas na apaixonada interpretação de Djin Sganzerla. Do outro, os lentos deslocamentos do marido que, como ator, o mesmo Lopes executa com um ar entre o distante e o sonhador. Essa dança misteriosa sobre espaços molhados é a metáfora da relação sem saída entre dois expoentes da poesia contemporânea de língua inglesa. Não há explicações realistas para um acontecimento que despertou paixão, fúria, equívocos e acusações”. Jefferson Del Rios, em crítica publicada no jornal O Estado de São Paulo.
O espetáculo segue em cartaz até o dia 10 de Junho e você não pode perder.
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